NESTA EDIÇÃO. Emissões do transporte marítimo foram 5% maiores em 2024, com navios desviando rotas e acelerando para cumprir prazos.
Frota global segue predominantemente abastecida por combustíveis fósseis.
As emissões de gases de efeito estufa do transporte marítimo aumentaram 5% em 2024, em meio a desvios de rota, escalas em portos ignoradas e viagens mais longas, mostra relatório da agência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (Unctad).
Com apenas 8% da frota mundial equipada para usar combustíveis alternativos, o frete marítimo precisou queimar mais derivados de petróleo no ano passado.
Antecipando as discussões marcadas para outubro na Organização Marítima Internacional (IMO, em inglês), o relatório afirma que sinais regulatórios claros, renovação da frota e nova infraestrutura de combustível são vitais para reduzir as emissões.
O setor também é desafiado pela desaceleração do comércio e aumento dos custos.
Após uma expansão firme no ano passado, a expectativa é que os volumes de comércio marítimo aumentem apenas 0,5% em 2025, o ritmo mais lento em anos.
A previsão considera fatores como tensões geopolíticas, novas barreiras comerciais e pressões climáticas que estão remodelando as rotas de transporte — com aumento nos custos.
“O resultado é mais desvios, escalas em portos ignoradas, viagens mais longas e, por fim, custos mais altos”, diz o relatório (.pdf).
Rotas mais longas também significam aumento no consumo de combustíveis fósseis, o que ajuda a explicar a escalada das emissões.
Mais rápido, mais emissões
O aumento na velocidade das embarcações também contribuiu para lançar mais CO2 na atmosfera.
De acordo com a Unctad, as velocidades médias dos navios porta-contêineres aumentaram, especialmente nos de maiores portes, já que, com desvios de rotas, eles precisam navegar mais rápido para manter os horários de serviço.
A mesma tendência foi observada nos transportadores de GNL, devido a congestionamentos em importantes corredores marítimos.
Já no primeiro semestre de 2025, a agência da ONU espera uma redução nas emissões, refletindo algumas melhorias operacionais, a chegada de navios prontos a operar com combustíveis alternativos, além de uma redução na velocidade.
“No início de 2025, as velocidades diminuíram em todos os segmentos da frota, com navios mais jovens e eficientes operando a velocidades ligeiramente mais rápidas em comparação com unidades mais antigas”, aponta.
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