NESTA EDIÇÃO. Instituições financeiras avaliam que taxonomia sustentável melhora a leitura de risco e ajuda a planejar investimentos no Brasil.
Aprovado no final de agosto, instrumento será de adesão voluntária, mas expectativa é dar mais clareza aos investimentos rotulados como sustentáveis.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Em 2024, os investimentos globais em tecnologias verdes atingiram um recorde de US$ 2,1 trilhões, de acordo com a BloombergNEF, mas a maior parte concentrada na China (US$ 818 bilhões), que aumentou em 20% os aportes em relação a 2023.
O Brasil ficou com uma pequena parcela desse montante: US$ 37 bilhões, atrás da Índia (US$ 47 bilhões) e do Reino Unido (US$ 65 bilhões) e muito distante da União Europeia (US$ 375 bilhões) e Estados Unidos (US$ 338 bilhões).
Sede da COP30 este ano, o Brasil quer se posicionar como um polo de soluções climáticas e tem lançado uma série de iniciativas para atrair o capital privado e estrangeiro.
Entre as mais recentes está a taxonomia sustentável (TSB), aprovada no final de agosto e em fase de revisão dos cadernos. A intenção é dar mais transparência e segurança aos investidores, evitando o greenwashing.
Para executivas do setor financeiro consultadas pela agência eixos, a iniciativa chega em um momento oportuno e ajuda a planejar e mitigar riscos de investimentos futuros.
“O desenvolvimento da taxonomia sustentável possui um papel chave em impulsionar os investimentos verdes no Brasil, principalmente por facilitar o acesso a mercados globais e padronizar critérios de elegibilidade, dando maior clareza sobre o que é considerado um investimento verde no país”, analisa Marcella Ungaretti, chefe de pesquisa ESG da XP.
Ela também aponta que a TSB pode ajudar a aumentar a atratividade para investidores, melhorando a credibilidade dos ativos brasileiros, já que estabelece critérios técnicos para reduzir os riscos reputacionais e de transação.
Relatório da XP com as perspectivas para o 2° semestre de 2025 destaca transição energética e mercados de carbono entre os temas em que a aplicação estratégica de capital e o engajamento ativo dos investidores podem ser particularmente oportunos.
Olhar para o futuro
Mesmo diante de recuos de grandes bancos em metas climáticas e sociais, seguindo a onda anti-ESG do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, especialistas enxergam que o Brasil deve seguir fortalecendo a agenda, porque ela traz vantagens econômicas.
“Temos o know-how e podemos falar de sustentabilidade pela própria natureza do país, com soluções baseadas na natureza”, comenta Petrina Santos, gerente executiva de Relações Institucionais e Governamentais e ESG da Volkswagen Financial Services.
Ela entende que a taxonomia ajuda a mapear e compreender para onde o crédito está indo, mitigando riscos e olhando para o futuro.
“Eu posso ter essa análise agora de carteira e começar até a provisionar como eu estarei daqui a cinco anos, ou o que eu vou querer investir daqui a dez anos, olhando para o que vai ser a necessidade”.
É uma forma de conectar a carteira de investimentos com o que está acontecendo no mundo, aponta.
Para Fabiana Costa, chefe de Sustentabilidade do Bradesco, o próximo passo importante para a TSB será consolidar sua aplicação para dar confiança ao mercado de que os recursos estão chegando, de fato, aos setores que podem acelerar a transição.
Segundo a executiva, a maior dificuldade hoje não é a falta de capital, mas sim criar as condições para que ele seja direcionado de forma eficiente e transparente. Leia a matéria completa
Cobrimos por aqui
Curtas
48 milhões de CBIOs. O Ministério de Minas e Energia (MME) abriu, nesta quinta-feira (11/9), a consulta pública sobre as metas anuais de descarbonização do RenovaBio. A proposta prevê que distribuidoras de combustíveis tenham que adquirir 48,09 milhões de CBIOs em 2026 para compensar as vendas de combustíveis fósseis.
Carbon majors. Estudo publicado pela revista Nature (.pdf) calcula que as emissões de gases estufa por grandes petroleiras e produtoras de cimento contribuíram diretamente para ao menos 213 ondas de calor extremo pelo mundo entre 2000 e 2023. Metade do aumento da intensidade de todas as ondas de calor neste século também pode ser atribuída às emissões de 180 companhias.
US$ 2 bi para Petrobras. A estatal informou que captou US$ 2 bilhões com a venda de títulos no exterior, uma operação de reforço de caixa. No comunicado, a Petrobras enfatiza que a procura dos investidores estrangeiros pelos títulos da companhia foi 3,4 vezes superior à oferta, com quase 190 ordens de investidores da América do Norte, Europa, Ásia e América Latina. (Agência Brasil)
Clima extremo. A Petrobras lançou um edital para investimento de R$ 21 milhões em projetos socioambientais nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. O foco é em ações de mitigação, adaptação ambiental e aumento da resiliência das cidades e comunidades vulneráveis. As inscrições vão até 27 de outubro.
Crédito de carbono eólico. O Parque Eólico Monte Verde, da EDP, foi certificado pelo Global Carbon Council para a emissão de créditos de carbono. Localizado nos municípios de Pedro Avelino e Lajes (RN), o empreendimento tem 319 MW instalados e capacidade de evitar a emissão de cerca de 533 mil toneladas de CO2 por ano.
Ecoponto. A Light inaugurou, na quarta-feira (10/9), o décimo ponto de coleta do Light Recicla. Clientes podem trocar papel, vidro, plástico, metal e óleo de cozinha por descontos na conta de energia ou apoiar instituições sociais. O novo ecoponto fica no Espaço Ciência Viva, na Tijuca, e funcionará sempre às quartas, sextas-feiras e aos sábados.