diálogos da transição

Tarifaço de Trump deve encarecer eólica onshore

México, Canadá e China respondem por 41% da importação de equipamentos da indústria eólica nos EUA

NESTA EDIÇÃO. Tarifas comerciais devem aumentar os custos para a indústria eólica nos Estados Unidos, aponta Woodmac.
 
Alvos da política protecionista de Trump, México, Canadá e China são principais fornecedores de equipamentos.
 
E ainda: Marina Silva defende renováveis; Lula diz que COP30 não é empecilho para explorar petróleo na Foz do Amazonas.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

As tarifas de Donald Trump de 25% sobre importações do México e Canadá e mais 10% sobre importações chinesas podem aumentar os custos das turbinas eólicas onshore nos EUA em 7% e os custos gerais do projeto em 5%, calcula a Wood Mackenzie, colocando projetos em risco.
 
O relatório Guerra comercial atinge energia eólica onshore dos EUA observa que a atual configuração da cadeia de suprimentos do país norte-americano é fortemente dependente de importações, particularmente para componentes como lâminas, sistemas de transmissão e sistemas elétricos.
 
“Em 2023, as importações de equipamentos relacionados à energia eólica para os EUA foram avaliadas em US$ 1,7 bilhão, com 41% vindo do México, Canadá e China”, diz a análise.
 
A combinação de novas tarifas comerciais e maiores restrições de importação podem significar alguns passos para trás na expansão renovável do país, à medida em que aumentarão custos e ameaçarão a viabilidade dos projetos, levando à desaceleração do setor.
 
É mais um golpe para o setor que entrou na mira do republicano durante a campanha à presidência e tão logo retornou à Casa Branca. Um dos primeiros atos de Trump como presidente dos EUA foi suspender novas licenças para eólica onshore e offshore.
 
Entre as justificativas para a decisão estaria a necessidade de “promover uma economia energética capaz de atender à crescente demanda do país por energia confiável”, segundo o presidente dos EUA – leia-se garantir mercado para combustíveis fósseis
 
De volta às tarifas, a Woodmac calcula um aumento de 4% do custo nivelado de energia (LCOE) no curto prazo. No cenário de tarifas universais de 25%, o LCOE aumentará em 7%.
 
“Os atores da cadeia de suprimentos estão esperando a poeira baixar, explorando suas opções”, comenta Endri Lico, Analista Principal da Woodmac.
 
“Prevemos que os fabricantes de energia eólica adotarão uma mistura de medidas para mitigar o impacto das tarifas, incluindo redirecionar e reestruturar suas cadeias de suprimentos e linhas de montagem, fortalecer a localização nos EUA e aumentar seus preços”, completa.



Após o presidente Lula (PT) abraçar, esta semana, a campanha para exploração de petróleo na Foz do Amazonas, no Amapá, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), defendeu, nesta sexta-feira (14/2), que o Brasil invista na transição energética

Ao lado de Lula, ela evitou menção direta à nova fronteira exploratória, mas elogiou o trabalho do Ibama no combate ao desmatamento – o órgão ambiental foi alvo de críticas pelo presidente esta semana.

“O Brasil pode ser o endereço dos melhores investimentos, porque tem energia limpa e tem que continuar investindo na descarbonização da sua matriz energética, inclusive com hidrogênio verde. Não apenas para exportar, mas usar essa energia limpa para transformar nossa matéria-prima em riqueza e produtos materiais”, declarou a ministra.

Lula, por outro lado, está apegado à ideia desenvolvimentista com recursos do petróleo, e disse esta semana que o fato de o Brasil estar sediando a principal cúpula sobre mudanças climáticas não deve ser motivo para deixar de explorar petróleo no Amapá.

Assim como Trump nos EUA, o petista sinaliza estar disposto a extrair o máximo de petróleo, independente dos apelos para deixá-lo nas profundezas.


8% do PIB para net zero. O dirigente do Banco Central Europeu e presidente do BC da Alemanha, Joachim Nagel, afirmou na quinta (13/2) que os países da União Europeia precisam investir mais de 1,2 bilhão de euros, anualmente, no período entre 2021 até 2030 para atingir a meta de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em pelo menos 55% até 2030.
 
Clima extremo. Em um intervalo de 21 dias, o consumo instantâneo de energia bateu três recordes no Sistema Interligado Nacional (SIN). A nova marca é de 103.754 MW, registrada às 14h42 de quarta (12/2). O pico histórico de consumo foi atingido pelo segundo dia seguido. Na terça-feira (11), o sistema teve um momento onde foi necessário o fornecimento de 103.335 MW.
 
Consumidores contra carvão. A Frente Nacional dos Consumidores de Energia (FNCE) reagiu, nesta sexta-feira (14/2), à possibilidade de recontratação da usina termelétrica de Candiota. Para a entidade, é necessário encerrar a geração a carvão em território nacional. Um novo contrato para o empreendimento localizado no Rio Grande do Sul é uma reivindicação de políticos gaúchos.
 
R$ 170 milhões em GD. A Helexia Brasil anunciou nesta sexta (14/2) a captação de R$ 170 milhões por meio da emissão de debêntures para financiar a implantação de 21 projetos de geração distribuída no Amazonas, Tocantins, Ceará, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Pernambuco e Rio Grande do Norte. Os empreendimentos totalizam 56 MWp de capacidade.
 
Biometano e biofertilizantes. O grupo Energisa vai investir R$ 6,2 bilhões em 2025, com foco nos segmentos de distribuição e transmissão, além das áreas de gás natural, biometano e biofertilizantes. As distribuidoras de energia receberão 88% dos aportes, o que representa R$ 5,5 bilhões em investimentos. 
 
Taxonomia sustentável. O coordenador do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Roberto Kishinami, defendeu que sistemas agrivoltaicos tenham espaço na Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB). Durante audiência sobre o tema, Kishinami criticou a metodologia atual por priorizar o uso de terras não produtivas para a instalação de painéis solares.
 
Desmatadores. O uso do solo para a pecuária, a silvicultura para carvão e as plantações de soja foram as atividades econômicas que mais contribuíram para a devastação da Mata Atlântica durante a década passada e custaram ao bioma o equivalente a 200 mil campos de futebol de 2010 a 2020. A maioria das ocorrências se deu em pequenas áreas de grandes propriedades privadas e com indícios de ilegalidade, mostra levantamento do Inpe. (Agência Brasil)

Europa caminha para regras mais flexíveis para o hidrogênio Pressões para flexibilizar critérios de certificação e incluir o hidrogênio de baixo carbono em subsídios governamentais ganham força, escreve Gabriel Chiappini
 
Avanço da transição energética esbarra em desafios regulatórios Expansão de renováveis, geração distribuída e hidrogênio verde esbarra em lacunas regulatórias, escreve Luiz Vianna
 
Segurança e potência: o armazenamento como pilar da resiliência elétrica Falta de usinas hidrelétricas reversíveis no Brasil ameaça estabilidade do setor elétrico diante da crescente geração renovável intermitente, escreve Daniel Steffens

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética