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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 25/05/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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A bp aposta que soluções climáticas baseadas na natureza, combinadas a investimentos em novas energias, serão fundamentais para acelerar metas de descarbonização.
Diante do desafio de neutralizar as emissões de gases de efeito estufa, a multinacional de energia vê nas florestas não apenas uma alternativa, mas parte de um conjunto de soluções que vão além da simples migração de investimentos para tornar o portfólio de ativos mais verde.
Objetivo da bp é ser uma empresa neutra em carbono no máximo até 2050.
“O ano de 2020 foi um período de reestruturação sem precedentes para bp. Ela entendeu que não chegaria a lugar nenhum só com as suas metas de redução de emissões. Essa é uma meta que tem que ser coletiva”, afirma Celso Fiori, gerente sênior de Advocacy da companhia, nesta entrevista à epbr.
Mais: Floresta+ Carbono: valorizando a floresta em pé, por Natascha Trennepohl
“Essa meta se desdobra na neutralidade em carbono de escopo um, dois e três. Temos uma meta de zerar as emissões operacionais da bp e também das operações de quem, por exemplo, fornece energia para bp. Isso cobriria os escopos 1 e 2. E outra meta é neutralizar as emissões associadas aos produtos fósseis que a bp produz”, detalha.
A expectativa é reduzir as emissões de CO2 em 415 milhões de toneladas, sendo 55 Mt referentes aos escopos 1 e 2, e outras 360 Mt de CO2 do óleo e gás produzido pela companhia.
O executivo conta como a companhia espera entregar essa meta, e fala sobre o alinhamento das estratégias globais de dercarbonização aos investimentos no Brasil e as expectativas em relação ao mercado de carbono.
Assista na íntegra a entrevista com Celso Fiori, gerente sênior de Advocacy da bp, no canal da epbr.
A seguir, os principais pontos.
O que leva uma empresa de petróleo a se interessar por florestas? O que uma empresa com os desafios da bp para transição energética busca nesses modelos de soluções baseadas na natureza?
Não há como o mundo e a bp chegarem à neutralidade de carbono em 2050 sem passar por soluções climáticas naturais. Elas são necessárias.
A atividade humana, por si só, é emissora de gases de efeito estufa e existe um volume residual, que mesmo com a transformação da matriz energética toda em renovável vai continuar a existir.
É necessário ter soluções climáticas naturais, créditos de carbono e preservação florestal para que a gente atinja a neutralidade em carbono.
Existe um estudo [que mostra que] até 37% das emissões podem ser neutralizadas por soluções climáticas naturais até 2030 para que a gente esteja na rota de atingir a ambição de Paris.
A bp acredita nisso e entende que existem muitos benefícios associados ao controle das emissões.
O mais interessante é que isso tudo vai acontecer sem necessidade de subsídio, a princípio.
O crédito de carbono serve para isso. Ao invés de criar um subsídio, como se fazia muito no passado, vai permitir que o reconhecimento dessa externalidade ambiental de uma nova tecnologia limpa, por exemplo, receba um aporte que faça com que ela ganhe escala.
Quando a gente atingir essa meta para o mundo, esses gastos não serão mais necessários.
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Como o Brasil está posicionado para receber esses investimentos?
Eu não consigo pensar em um outro país que tenha uma oportunidade tão grande de desenvolver projetos de redução de emissões oriundas do desmatamento e da degradação florestal.
É um país estratégico entre alguns poucos que vai, naturalmente, ser foco de investimentos e de prospecção de oportunidades nos próximos anos.
Como a bp tem avaliado as políticas brasileiras para um mercado de carbono?
[As discussões] estão acontecendo de uma forma um pouco fragmentada, mas elas precisam ser integradas.
Tivemos recentemente a criação do programa Floresta+, depois o Floresta+ carbono. É um sinal de que o governo de fato vê que existe uma oportunidade crítica no Brasil para atração de recursos para monetizar a preservação ambiental, de uma forma desvinculada a subsídios e à necessidade de investimentos por doação.
Acho que esse próprio sistema é virtuoso.
Porque existe uma coisa no sistema REDD+ que se chama vazamento.
Se você pegar recurso e colocar medidas de comando e controle para impedir o desmatamento de uma determinada região, mas não atacar as motivações desse desmatamento, ele vai sair daqui e vai para outro lugar.
Você não cumpriu o que você gostaria de cumprir.
Essas políticas associadas aos créditos de carbono são importantes para fazer ser economicamente viável e preferível recuperar uma floresta e evitar o desmatamento.
Mas acho que a gente ainda precisa entender um pouquinho melhor como vai ser a conexão desse mercado de créditos com mercados internacionais.
Grandes empresas como a bp, por exemplo, estão prestando contas para organismos internacionais e precisam de standards internacionais.
Com sorte isso vai ser uma das conquistas que a gente vai ver na COP26, com o governo promovendo esse diálogo de linkar o Brasil e todo seu potencial com os mercados internacionais de uma forma justa e equitativa.
Quando se fala em aderência a práticas internacionais, há também uma preocupação na aderência entre os diferentes programas que estão sendo desenvolvidos? A ausência dessa integração pode ser um gargalo para o crescimento desses mercados?
É exatamente isso. Hoje já existem alguns padrões internacionais que atuam e já são reconhecidos.
A gente percebe outros surgindo a todo momento.
Eu acho que não tem necessariamente que ter um limite de padrões, desde que eles sigam princípios básicos de reconhecimento das externalidades e das adicionalidades do mercado de créditos de carbono, o impacto socioeconômico, ambiental, a biodiversidade.
Isso tudo garante que o recurso vai chegar onde deve chegar e promover a mudança que deve promover.
A gente tem que garantir que esses standards tenham um mínimo de equivalência para que eles possam conversar entre eles, porque isso vai facilitar que o crédito de carbono flua no ambiente de negócios de uma forma confiável.
Não precisa ser [um padrão] internacional. Pode ser um padrão nacional que esteja conectado com padrões internacionais.
Curtas
O Brasil transmitiu aos EUA a presidência da Plataforma para o Biofuturo — principal fórum internacional sobre bioenergia — nesta segunda (24). A plataforma é uma coalizão internacional, lançada em 2016, durante a COP22, para acelerar pesquisa e investimento na bioeconomia como estratégia de descarbonização. epbr
A Baker Hughes no Brasil abriu 15 vagas exclusivamente para mulheres fora do mercado formal de trabalho há mais de dois anos. As oportunidades são para engenheira de cimentação, analista de logística e especialista de perfis, no Rio de Janeiro e em São Paulo. epbr
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) um pedido de impeachment contra o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, apresentado por parlamentares. Os deputados decidiram enviar a solicitação diretamente ao STF, depois de Salles ser alvo de uma operação, na semana passada. Valor
Levantamento feito pela Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura mostra que o setor privado está utilizando dados sobre desmatamento no momento de investir. Pesquisa revela que 90% dos executivos já utilizam dados de desmatamento para tomar decisões em seus negócios. Broadcast
O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou na segunda (24) que vai dobrar os gastos federais em prevenção e adaptação a eventos climáticos severos. Serão destinados US$ 1 bilhão este ano aos governos estaduais, locais e tribais para evitar danos de enchentes, furacões, incêndios florestais e outros desastres naturais. Bloomberg
Líderes da União Europeia discutem esta semana como calcular as metas nacionais de redução de emissões fora do mercado de carbono do bloco, durante uma cúpula que começou na segunda em Bruxelas. Com os preços das emissões atingindo recordes, eles também debaterão a extensão do comércio de carbono para aquecimento e transporte. Bloomberg
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