diálogos da transição

Risco climático mobiliza bancos centrais

Reguladores reunidos no Bank for International Settlements concordaram em intensificar esforços para compreender riscos financeiros associados ao clima

Prédio do Banco Central em Brasília (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)
Prédio do Banco Central em Brasília (Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Bancos centrais concordaram em intensificar os esforços para entender melhor os riscos financeiros representados pelas mudanças climáticas.

Em meio a uma escalada nos prejuízos relacionados ao aquecimento do planeta, organizações preparam publicação de estrutura voluntária de divulgação de riscos.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Entre 2014 e 2023, eventos relacionados ao clima como enchentes, incêndios e secas severas causaram prejuízos de US$ 2 trilhões à economia global – e eles estão ficando mais intensos e mais caros, segundo um relatório da Câmara Internacional do Comércio (ICC, em inglês).
 
Estimativas do Fórum Econômico Mundial indicam que o custo dos estragos climáticos pode ficar entre US$ 1,7 trilhão e US$ 3,1 trilhão por ano até 2050, caso o mundo não consiga reduzir as emissões de gases de efeito estufa e limitar o aquecimento do planeta.
 
Essas cifras não estão passando despercebidas do setor financeiro. Em um comunicado divulgado na segunda (12/5), os reguladores bancários reunidos no Bank for International Settlements (BIS) concordaram em intensificar os esforços para entender melhor os riscos financeiros representados pelas mudanças climáticas.
 
O acordo ocorre apesar da resistência dos Estados Unidos e é um sinal importante diante da necessidade de viabilizar cerca de US$ 1,3 trilhão anuais para países de renda média e baixa fazerem sua transição.
 
A precificação dos riscos associados aos impactos da mudança climática pode ser um subsídio a mais para tomadas de decisão sobre financiamento de atividades econômicas que contribuem para a crise. E redirecionar os fluxos.



O BIS reúne 63 bancos centrais, inclusive o do Brasil. O grupo não tem autoridade para impor ações, mas os padrões que são definidos nesses fóruns influenciam a formulação de regras nacionais.
 
Além de concordarem em priorizar análises mais aprofundadas sobre as implicações de risco financeiro de eventos climáticos extremos, o comitê planeja publicar uma estrutura de divulgação voluntária neste sentido. A proposta entrou em consulta pública em novembro de 2023.
 
A discussão ocorreu em meio à avaliação do status da implementação das reformas pendentes de Basileia III, finalizadas  em  2017. O acordo internacional visa fortalecer a regulação, supervisão e gestão de riscos dos bancos.
 
Segundo o comunicado do BIS, cerca de 70% das jurisdições membros já implementaram, ou implementarão em breve, as normas. Para as organizações, a série de choques nos mercados financeiros nos últimos anos revelou a urgência de um arcabouço regulatório global mais prudente.

Em abril, pesquisadores da Dartmouth College (EUA) publicaram um artigo na revista Nature onde calculam que o calor extremo causado pelas emissões de 111 empresas de combustíveis fósseis custou cerca de US$ 28 trilhões entre 1991 e 2020.
 
Cerca de um terço do custo total foi atribuído a cinco empresas, que podem estar associadas a mais de US$ 9 trilhões em danos climáticos, de acordo com o estudo. (CBS)
 
Usando 1.000 simulações de computador diferentes, os pesquisadores estimam que cada 1% de gás de efeito estufa lançado na atmosfera desde 1990 causou US$ 502 bilhões em danos apenas com o calor – sem contar furacões, secas e inundações.


Foz do Amazonas. A Petrobras informou ao Ibama na segunda (12/5) ter concluído um simulado operacional “interno” e voltou a cobrar do órgão ambiental que marque as próximas etapas para, ao cabo, obter a licença ambiental para perfuração nos blocos em águas profundas da Foz do Amazonas. Ela cobra uma resposta até 15 de maio.
 
Gás e energia nos acordos com Rússia e China. Em missões oficiais à Rússia e à China, o governo federal assinou uma série de acordos comerciais em setores estratégicos, com ênfase em energia, mobilidade, tecnologia e agronegócio. Até o momento, o governo estima que os projetos têm potencial para mobilizar R$ 27 bilhões. Veja a lista
 
Etanol para a China. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, assinou nesta terça-feira (13/5) um memorando de entendimento com a Administração Nacional de Energia da China (NEA) para abrir o mercado chinês ao etanol brasileiro. O acordo visa ampliar as exportações para China, atualmente em fase de adoção do E10, e reforçar a cooperação na descarbonização do setor de transportes.
 
Economia circular. A indústria de biocombustíveis é a segunda que mais adota medidas circulares no Brasil, com 82% das empresas implementando ações, segundo sondagem da Confederação Nacional da Indústria (CNI). O setor fica apenas atrás de calçados, onde 86% das empresas integram ações de economia circular.
 
Plano para descarbonizar transportes. Uma coalizão formada por 50 associações empresariais entregou nesta segunda (12/5) ao governo federal um plano com 90 propostas para reduzir em até 70% as emissões setoriais de gases de efeito estufa até 2050. A estimativa é de que as medidas possam atrair R$ 600 bilhões em investimentos para o país.
 
Eletrificando. A venda de veículos leves eletrificados no primeiro quadrimestre de 2025 foi 6,6% maior do que no mesmo período do ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Até abril deste ano, foram 54,6 mil emplacamentos ante 51,2 mil no mesmo período de 2024. Já em relação a 2023, quando foram vendidas 19,5 mil unidades, o crescimento é de 180%.
 
Vale gás. Representantes das revendas de gás já estiveram em reunião com a Casa Civil e na ocasião deram garantia ao Planalto que os revendedores de GLP autorizados pela ANP, estão aptos e prontos para fazerem as entregas dos botijões de gás aos beneficiários. São 59 mil revendedores autorizados que dão cobertura logística em todo o território nacional.
 
Shell Iniciativa Jovem está com inscrições abertas para o último ciclo da edição de 2025. O programa oferece capacitações técnicas, mentorias, consultorias especializadas e suporte em áreas como vendas, marketing e ESG. Jovens empreendedores interessados podem se inscrever gratuitamente até 1 de junho.

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética