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Projeto na Câmara abre caminho para mineração no fundo do mar

Comissão aprova projeto de lei com diretrizes que abrem caminho para mineração no mar profundo

Projeto na Câmara abre caminho para mineração no fundo do mar (Foto: Renato Araujo/Câmara dos Deputados)
Deputado federal Gabriel Mota (Republicanos/RR). Foto: Renato Araujo/Câmara dos Deputados

NESTA EDIÇÃO. Comissão aprova substitutivo que expande regras de mineração ao mar profundo, abrindo espaço regulatório para atividade controversa.

Enquanto isso, primeiro país a aprovar uma lei para permitir a atividade em suas águas, Noruega recua e interrompe planos até 2029.


A corrida ao fundo do mar em busca de minerais críticos para transição energética e economia digital — cuja discussão ganhou fôlego nos últimos anos no cenário internacional — está começando a atrair a atenção do Congresso brasileiro.
 
Na quarta (3/12) a Comissão de Minas e Energia (CME) da Câmara dos Deputados aprovou o substitutivo do deputado Gabriel Mota (Republicanos/RR) ao projeto de lei 50/2025, sobre as atividades de prospecção e exploração de recursos minerais nos fundos oceânicos.
 
O relator mudou o escopo da proposta original de Alberto Fraga (PL/DF) para permitir que as diretrizes do código brasileiro de mineração possam ser estendidas à atividade no leito marinho nacional.
 
A proposta original tinha apenas um artigo: determinava que a Política Nacional do Meio Ambiente adotasse abordagem cautelar especial à mineração no mar, “considerando as atuais limitações da regulação internacional e do conhecimento científico sobre o tema”.
 
Em um sentido inverso, o texto que passou na CME e será analisado pelas comissões de Meio Ambiente e Constituição e Justiça retira o artigo e define em que condições a extração mineral submarina pode ocorrer  — abrindo caminhos para uma atividade controversa. Veja o substitutivo (.pdf)
 
Isso porque, no cenário internacional, a ausência de um código mineral é justamente o que está travando o avanço de empreendimentos minerários sobre ecossistemas marinhos de uso comum, isto é, áreas que não pertencem a um país específico e são reguladas pela Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, em inglês).
 
Se avançar, a regulação brasileira, claro, só cobrirá as águas sob responsabilidade nacional. Mas a discussão na ISA é um exemplo da delicadeza do tema. E as recentes mudanças no licenciamento ambiental brasileiro, um alerta.



Primeiro país do mundo a abrir seus mares para a mineração em águas profundas em escala comercial por meio de uma lei aprovada em janeiro de 2024 (BBC), a Noruega está recuando do projeto.
 
O país nórdico pretendia abrir 280 mil quilômetros quadrados em áreas nos mares da Groenlândia, Noruega e Barents para que empresas solicitassem licenças, após um estudo identificar uma quantidade “substancial” de cobre e metais de terras raras.
 
Mas a pressão ambiental falou mais alto que os potenciais 38 milhões de toneladas de cobre sob a superfície.
 
Também na quarta (3), o recém-eleito governo norueguês descartou as licenças de mineração em águas profundas no Ártico até pelo menos o final de 2029, após negociações com os partidos verdes da oposição. 
 
Está previsto, ainda, um corte no financiamento público para o mapeamento mineral submarino.
 
A mudança de posição foi celebrada por ambientalistas, que cobram do país uma posição semelhante no debate internacional.
 
“Agora, a Noruega precisa se posicionar e se tornar uma verdadeira líder em defesa dos oceanos, juntar-se ao apelo por uma moratória global contra a mineração em águas profundas e apresentar uma proposta de proteção efetiva para as profundezas do Ártico”, comenta Haldis Tjeldflaat Helle, da Greenpeace Nordic.
 
Mais de 30 nações do Pacífico, Europa, América Latina (incluindo o Brasil) e Caribe formalizaram posição pedindo mais tempo para avaliar os possíveis impactos dessa atividade.


Gás natural no leilão de hidrogênio. A Comissão Europeia anunciou nesta quinta (4/12), a abertura de três pacotes de financiamento, somando €5,2 bilhões para tentar acelerar a descarbonização da sua indústria. O pacote inclui o terceiro leilão europeu de hidrogênio (€1,3 bilhão), que aceitará a rota do gás natural com CCS.
 
Leilão do pré-sal. A frustração de arrecadação da União com o leilão de áreas não contratadas no pré-sal desta quinta-feira (4/12) acende o sinal amarelo não apenas sobre as contas do Tesouro para 2025, mas também para o orçamento do ano que vem. O governo Lula (PT) assegurou R$ 8,8 bilhões com o certame.
 
Expansão solar. Com a entrada em operação apenas de usinas solares fotovoltaicas, a expansão do sistema elétrico brasileiro totalizou 186 MW em novembro. No mês, cinco usinas entraram em operação comercial, todas da fonte solar, sendo quatro em Minas Gerais (176,40 MW) e uma no Ceará (9,82 MW).
 
Valoração da GD. A Aneel abriu, nesta quinta-feira (4/12), uma tomada de subsídios sobre experiências internacionais na valoração de custos e benefícios de microgeração e minigeração distribuída (MMGD) e de alternativas para regulação das regras tarifárias estabelecidas no marco legal da MMGD.
 
Ex-Eletrobras. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, votou a favor da procedência parcial da ação da AGU contra a limitação do poder de voto da União a 10% na Axia (ex-Eletrobras), nos termos do acordo que amplia as cadeiras da União em conselhos da empresa.

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