diálogos da transição

Produtores de biodiesel mobilizam para B15 no segundo semestre

Decisão sobre o B15 precisa passar pelo CNPE, que ainda não marcou sua próxima reunião

Alexandre Silveira se reúne com deputados e representantes do setor para fortalecer ações contra fraudes nos biocombustíveis (Foto: Ricardo Botelho/MME)
Alexandre Silveira se reúne com deputados e representantes do setor para fortalecer ações contra fraudes nos biocombustíveis (Foto: Ricardo Botelho/MME)

NESTA EDIÇÃO. Associações da indústria pedem retomada do cronograma de aumento da mistura de biodiesel no segundo semestre de 2025.
 
Adição deveria ter alcançado 15% em março de 2025, com aumentos de 1 ponto percentual ao ano até chegar a 20% em 2030.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Associações da indústria de biodiesel e óleos vegetais pediram ao governo na última terça (27/5) a retomada do cronograma de aumento da mistura ao diesel fóssil, que estava prevista para alcançar 15% (B15) em março de 2025.
 
O aumento de um ponto percentual (hoje a adição está em 14%) foi adiado no início do ano, em meio a um aumento no preço do diesel e do óleo de soja, e preocupações com fraudes na mistura do renovável na cadeia de distribuição.
 
O apelo da Ubrabio, Aprobio e Abiove ocorreu durante reunião com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), para tratar de ações de combate às fraudes no setor de biocombustíveis.
 
Na ocasião, o presidente da Frente Parlamentar do Biodiesel (FPBio), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), entregou um ofício solicitando um evento para entrega dos equipamentos doados pelo setor para agilizar a fiscalização.
 
A decisão sobre o B15 precisa passar pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que ainda não marcou uma data para sua próxima reunião.
 
Há uma expectativa de que o colegiado – que reúne 21 ministérios, além de representantes da sociedade civil – volte a se reunir no final de junho ou início de julho para discutir um outro tema relacionado à bioenergia: a adição de 30% de etanol à gasolina.
 
De acordo com agentes que participaram do encontro na terça, o ministro sinalizou o B15 como uma agenda prioritária com sinergias na agenda do E30, o que animou os produtores.
 
A tendência, por enquanto, é que o aumento do anidro na gasolina entre em vigor no final do segundo semestre.



Com capacidade para produzir 15,2 bilhões de litros de biodiesel ao ano – e previsão de chegar a 17,7 bilhões de litros nos próximos dois anos – o setor projetava uma demanda de 10,2 bilhões de litros em 2025, com a entrada do B15 em março.
 
Sem previsão de sair do B14, a demanda cai para 9,5 bilhões de litros. Como a produção no país é quase que exclusivamente dedicada ao mercado cativo, o atraso na mistura se reflete também no menor processamento da soja, hoje a principal matéria-prima para o biocombustível.
 
Em entrevista à agência eixos no início de maio, o vice-presidente do Grupo Potencial, Carlos Eduardo Hammerschimidt, alertou para uma pressão sobre os portos brasileiros, diante de uma safra recorde da oleaginosa.
 
“Vai gerar um problema portuário no Brasil inteiro se esse produto não for industrializado no mercado interno”, diz o executivo.
 
De acordo com a Abiove, a safra brasileira de soja deve alcançar um recorde de 169,7 milhões de toneladas em 2025, ante 153,3 milhões de toneladas em 2024, enquanto o esmagamento deverá crescer apenas 3 milhões de toneladas.
 
Já as exportações do grão – sem agregação de valor – devem saltar de 98,3 milhões de toneladas em 2024 para 108,2 milhões de toneladas em 2025.


Novo licenciamento. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), pediu ao presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) que o projeto “tenha o tempo necessário” de debate na Casa. Bancada ambientalista avalia que não será possível fazer alterações que modifiquem significativamente o conteúdo já aprovado no Senado e melhor opção é engavetar o projeto.
 
Lei do mar. A Câmara dos Deputados aprovou na terça-feira (27/5) o projeto da Lei do Mar, que institui a Política Nacional para a Gestão Integrada, a Conservação e o Uso Sustentável do Sistema Costeiro-Marinho (PNGCMar). O texto será enviado ao Senado.
 
Verde mais barato que cinza. Em entrevista à agência eixos, a COO da H2Brazil, Nathália Ervedosa, afirmou que a unidade de produção de hidrogênio verde planejada para Uberaba (MG) conseguirá produzir o energético a um custo mais baixo do que o hidrogênio cinza, obtido a partir de gás natural. Energia renovável barata e infraestrutura disponível ancoram as estimativas.
 
Gás Verde vai recuperar CO2 do biometano. O BNDES aprovou R$ 131,1 milhões em financiamentos à Gás Verde, para implantação da primeira planta de recuperação de CO2 associado ao biometano no país, em Seropédica (RJ), e uma usina de produção do biocombustível a partir de biogás de aterro sanitário em Igarassu (PE). Parte dos recursos vem do Fundo Clima.
 
Armazenamento na MP do setor elétrico. A indústria de armazenamento de energia vê a medida provisória 1300/2025 como uma oportunidade para alavancar os negócios. Além de trabalhar as emendas ao texto, o segmento vê vantagens para aumentar a atratividade das baterias em todo o Brasil, afirmou nesta quarta (28/5), o presidente da Absae, Markus Vlasits.
 
Cortes de geração. O TCU iniciou neste mês uma auditoria operacional para avaliar a regulação e gestão dos cortes de geração renovável, conhecidos como “curtailment” no jargão do setor. Os técnicos da corte de contas querem verificar, por exemplo, aderência com a legislação vigente e as melhores práticas regulatórias.
 
Pacto comercial verde. A União Europeia e os Emirados Árabes iniciaram oficialmente negociações para um acordo bilateral de livre comércio, potencialmente o primeiro pacto comercial abrangente da UE na região do Golfo. As conversas buscarão fomentar o comércio em setores como energia renovável, hidrogênio verde e matérias-primas críticas, essenciais para a transformação econômica verde e digital.
 
Menos enxofre. A Petrobras iniciou, nesta terça-feira (27/5), a operação de uma nova Unidade de Hidrotratamento de Diesel (HDT-D) na Refinaria de Paulínia (Replan), em São Paulo. A entrada em operação vai possibilitar a ampliação da produção de diesel S-10 em até 63 mil barris por dia (mbpd), e de querosene de aviação em até 21 mbpd. Faz parte da estratégia da companhia de eliminação do diesel S-500.
 
Construções sustentáveis. A maioria dos profissionais da construção civil do Brasil (79%) considera a sustentabilidade uma prioridade, mas apenas 9% se sentem informados o suficiente para colocá-la em prática, enquanto a média global é 28%, mostra pesquisa da Saint-Gobain.

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