Diálogos da Transição

O que esperar do mercado de tecnologias limpas em 2023?

S&P Global destaca dez tendências para 2023

O que esperar do mercado de tecnologias limpas em 2023? Na imagem: Foto aérea de painéis fotovoltaicos em fazenda solar (Foto: Kev/Pixabay)
Entre 2021 e 2030, EUA e Europa instalarão mais de cinco mil quilômetros quadrados de painéis solares – pouco mais de três cidades de São Paulo (Foto: Kev/Pixabay)

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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Em 2023, os investimentos globais em energia solar, baterias e eólica devem alcançar os aportes para o upstream em petróleo e gás, indica a S&P Global Commodity Insights.

A consultoria aponta para um ano marcado por “grandes anúncios” se transformando em ação, quedas nos preços de componentes e rápida expansão de fábricas de baterias e painéis solares nos Estados Unidos.

Após um ano de crise energética e climática colocando pressão nas economias para uma guinada em investimentos verdes, a S&P Global destaca dez tendências em tecnologias limpas para 2023:

1. Capex

Os preços dos componentes caem, mas não se traduzem imediatamente em menor capex dos sistemas renováveis. Acesso à terra e conexões, escassez de trabalhadores qualificados e os custos de capital são gargalos para a indústria.

2. Expansão nos EUA e UE

Forte demanda e preocupações com segurança energética devem impulsionar rápida expansão da fabricação local de tecnologia solar e baterias nos Estados Unidos e na Europa.

Entre 2021 e 2030, essas economias instalarão mais de cinco mil quilômetros quadrados de painéis solares – pouco mais de três cidades de São Paulo.

3. Geração distribuída

A GD expande para novos segmentos, enquanto os modelos de negócios evoluem. Destaque para soluções compartilhadas e sistemas com armazenamento, que ganharão impulso com políticas de incentivo.

4. ‘Das palavras às ações’

As grandes promessas políticas de 2022, em meio à crise no abastecimento, devem agora ganhar forma. Dinamarca, Áustria e Estônia têm como meta 100% de eletricidade renovável nacional até 2030, enquanto Alemanha, Portugal e Irlanda almejam 80%.

5. Energia eólica

Estratégias de recuperação dos fabricantes ocidentais de turbinas sustentarão a competitividade futura.

O relatório relata que a corrida para investimentos em turbinas, juntamente com uma tempestade perfeita de inflação de preços de commodities e incerteza na cadeia de suprimentos, resultou em três grandes fabricantes europeus de turbinas relatando coletivamente perdas superiores a 1 bilhão de euros nos primeiros nove meses de 2022.

Como resposta de curto prazo, os preços médios de venda de turbinas aumentaram em quase 25% em 2022; mas devem começar a se estabilizar neste ano.

6. Lacuna em eólicas offshore

Novos anúncios aumentam a distância entre as metas e as realidades da indústria. As instalações anuais devem quadruplicar as instalações de 2022 para atingir a meta cumulativa da indústria eólica offshore de 240 GW até 2030.

7. H2 e CCUS

Os EUA assumem papel central no desenvolvimento de hidrogênio e captura, utilização e armazenamento de carbono (CCUS), com a Lei de Redução da Inflação (IRA).

A combinação dos múltiplos créditos fiscais do IRA e dos Centros de Hidrogênio da Lei de Infraestrutura Bipartidária iniciou uma corrida para o desenvolvimento de projetos em todo país.

8. Mais CCUS

Aposta do óleo e gás e setores intensivos, a tecnologia continua a ganhar impulso com projetos começando a tomar forma por meio de parcerias. Mais de 70% dos projetos CCUS globais de grande escala em andamento estão no estágio inicial de desenvolvimento. Apenas 3% estão atualmente em construção.

9. Nuclear

A crise energética dá mais tempo de vida às usinas nucleares – cerca de 160 GW de novas adições previstas até 2035, quase o dobro dos últimos 13 anos.

10. Bombas de calor

Surgem grandes oportunidades para uma gama mais ampla de tecnologias de energia limpa e não energética, particularmente bombas de calor.

As vendas globais anuais de bombas de calor aumentaram 13% de 2020 a 2021 e 34% na Europa. Espera-se que este ano seja outro ano recorde, impulsionado por novos incentivos políticos, como REPowerEU e IRA.

Cobrimos por aqui:

Investimentos em renováveis igualaram fósseis em 2022

Levantamento da BloombergNEF mostra que o volume de recursos canalizados para a indústria de combustíveis fósseis e para a geração de energia a partir de petróleo, gás e carvão foi de US$ 1,1 trilhão no ano passado.

Da mesma forma, o investimento em energia renovável, transporte eletrificado e armazenamento de energia e outras tecnologias atingiu o mesmo patamar, de US$ 1,1 trilhão.

Quase todos os setores cobertos pelo relatório alcançaram um novo nível recorde de investimento em 2022, incluindo energia renovável, armazenamento de energia, eletrificação, CCS, hidrogênio e materiais sustentáveis.

Apenas o investimento em energia nuclear permaneceu praticamente estável, sem recordes.

‘Brasil será ator importante na transição’

A afirmação é do chanceler da Alemanha. O país europeu quer colaborar de forma estreita com o Brasil na ampliação de energias renováveis, disse na segunda (30/1) Olaf Scholz, durante encontro com o presidente Lula em Brasília.

Scholz chamou a ocasião de “um novo capítulo nas relações entre os países”, e que deverão trabalhar muito próximos em alguns temas, entre eles a produção de hidrogênio verde.

Disputa verde

A Comissão Europeia deve anunciar amanhã (1/2) seu plano para acelerar a produção de tecnologias limpas por meio de créditos fiscais e subsídios a empresas – uma tentativa de alcançar o pacote verde do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden.

Mas alguns estados membros estão preocupados com o plano, que pode beneficiar injustamente os países mais ricos, com maior capacidade fiscal.

“Precisamos ser cautelosos ao relaxar as regras de auxílio estatal”, disse a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a repórteres em Roma na segunda. “Devemos ajudar as empresas, mas não podemos correr o risco de enfraquecer o mercado único – devemos garantir condições equitativas”. Bloomberg

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Transição em S

Análise do think tank Carbon Tracker afirma que a transição energética pode ser determinada pelo fenômeno das curvas S, porque o futuro sistema de energia será caracterizado pela tecnologia de fabricação, não por projetos de extração de combustíveis fósseis.

A curva S é um fenômeno em que uma nova tecnologia bem-sucedida atinge um certo ponto de inflexão catalítico (normalmente 5-10% de participação de mercado) e, em seguida, atinge rapidamente uma alta participação de mercado (ou seja, 50%+) em apenas mais alguns anos após esse ponto crítico.

Energy hub

O hub organizado pelo Grupo Sai do Papel inaugura nesta quarta (1/2) sua sede no Rio de Janeiro. Com 115 startups do segmento conectadas, o grupo quer tornar sua sede um ponto de encontro e articulação com os atores de inovação do estado. O evento de inauguração será às 18h, na Rua Visconde de Pirajá, 54, 3º andar, Ipanema. Informações no site