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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 18/03/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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Na revisão das previsões para os próximos cinco anos, a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) admite a possibilidade de a demanda por óleo nunca mais voltar a superar o consumo histórico, antes da pandemia de covid-19.
É apenas um dos cenários e depende de uma série de fatores que empurrariam o mundo para uma transição energética mais acelerada.
Ainda assim, o pico da demanda de óleo pode ter ficado para trás, com uma redução de 5,6 milhões de barris/dia no consumo em 2026, em relação a 2020.
O relatório Oil 2021 foi publicado nesta quarta (17). O documento é atualizado anualmente e traz projeções de médio prazo.
“Será necessário um ponto de inflexão muito mais firme rumo a um futuro energético mais limpo para atingir o ambicioso objetivo de zerar as emissões líquidas na metade do século. Isto envolverá políticas governamentais e ações legislativas mais concretas, bem como significativas mudanças de comportamento”, afirma a IEA.
Os fatores citados pela agência para chegar a tal cenário de transformação no consumo de energia são:
- Aumento da eficiência no consumo de combustível, além do que está projetado;
- Ampliação do trabalho remoto;
- Redução das viagens a negócio;
- Aceleração dos ganhos de mercado dos veículos elétricos;
- Novas políticas para reduzir a utilização de óleo e derivados para geração de energia;
- Ampliação da reciclagem para reduzir demanda por insumos.
No cenário-base, a IEA prevê um aumento da demanda global por petróleo de 3,5 milhões de barris/dia entre 2019 e 2025.
Este caso leva em conta as atuais políticas industriais e governamentais, além das iniciativas de transição energética existentes.
Em seu estudo de longo prazo, o World Energy Outlook, a organização traça um Cenário de Desenvolvimento Sustentável, subordinado às metas do Acordo de Paris. Para atingir os objetivos primários do acordo, o consumo de petróleo teria de diminuir em 3 milhões de barris/dia até 2025.
“Uma trajetória para zerar as emissões líquidas a nível mundial até 2050 exigiria uma redução [da demanda] ainda mais acentuada”, ressalta.
Voltar ao consumo pré-crise é possível
Independente das políticas climáticas, a IEA entende que é “pouco provável” que o ritmo de crescimento da demanda por óleo volte a ser o que era antes da pandemia, mas é possível atingir os níveis de 2019 a partir de 2023.
A ameaça sanitária derrubou a demanda por óleo de 99,7 milhões de barris/dia em 2019 para 91 milhões de barris/dia em 2020. Desequilibrou por completo um mercado que entregou 93,9 milhões de barris/dia – e tinha capacidade para produzir ainda mais.
Comparando as perspectivas de 2020, antes da covid-19, e as publicadas no Oil 2021, a crise tirou 2,5 milhões de barris/dia da rota de crescimento em cinco anos estimada no ano passado.
Até 2026, a IEA prevê agora um consumo de 104,1 milhões de barri/dia, um aumento de 4,4 milhões de barris/dia em relação a 2019.
“Na ausência de uma intervenção política e de mudanças de comportamento mais rápidas, os motores do crescimento a longo prazo continuarão a impulsionar a demanda por petróleo”.
Os países ricos, por sua vez, devem começar a deixar efetivamente o consumo de óleo no passado, não retomando a demanda pré-crise.
“É pouco provável que a procura de gasolina regresse aos níveis de 2019, uma vez que os ganhos de eficiência e a mudança para veículos eléctricos eclipsam o crescimento robusto da mobilidade no mundo em desenvolvimento”.
O crescimento será puxado pela Ásia, e a demanda adicional será cerca de 70% relacionada à indústria petroquímica, com etano, GPL e nafta.
Em cenários de transição energética, há uma perspectiva constante que a demanda por plástico vá compensar, ainda que parcialmente, a substituição de combustíveis fósseis.
“Espera-se que todo este crescimento da demanda em relação a 2019 venha de economias emergentes e em desenvolvimento, sustentado pelo aumento da população e da renda. A procura de petróleo na Ásia continuará a aumentar fortemente, embora a um ritmo mais lento do que no passado recente. A procura da OCDE, pelo contrário, não deverá regressar aos níveis pré-crise”, diz.
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Descarbonização do óleo será vital para empresas
A organização entende que “qualquer que seja a via de transição, a indústria do petróleo e do gás terá um papel importante a desempenhar, e nenhuma empresa do setor de energia sairá ilesa”.
Diante da necessidade de adequar o perfil de suprimento de energia, bem como reduzir a intensidade de carbono dos produtos de origem fóssil, a IEA alerta que “minimizar as emissões das suas operações principais, notadamente de metano, é uma prioridade urgente”.
“Além disso, existem tecnologias vitais para as transições de energia que podem ser compatíveis com as capacidades da indústria, tais como a captura de carbono, hidrogênio com baixo teor de carbono, biocombustíveis e energia eólica offshore”, conclui.
Em muitos casos, estas podem ajudar a descarbonizar setores onde as emissões são mais difíceis de combater. Uma série de empresas petrolíferas e de gás já estão aumentando os seus compromissos nestas áreas.
Curtas
O apoio das associações ligadas ao setor de geração distribuída favorece a aprovação do texto do deputado Lafayette Andrada (Republicanos/MG) para estabelecer um novo marco legal, segundo a perspectiva do Instituto Nacional de Energia Limpa (Inel)…
…A proposta, que estava prevista para ser votada esta semana, também ganhou apoio da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), mas com ressalvas para preservar o desconto no pagamento de encargos por consumidores que geram a própria energia. epbr
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O projeto de lei que propõe uma revisão geral nas regras de licenciamento ambiental do País será relatado por um deputado da bancada ruralista. O deputado federal Neri Geller (Progressistas/MT), vice-presidente da FPA. assume a relatoria da Lei Geral do Licenciamento Ambiental com a articulação e apoio do presidente da Casa, Arthur Lira (Progressistas/AL). Estadão
O Congresso Nacional derrubou vetos presidenciais sobre a lei de pagamento por serviços ambientais e retomou a atribuição dada ao Ibama para definir o uso dos recursos obtidos com o Programa Federal de Pagamento por Serviços Ambientais (PFPSA). Foi rejeitado ainda veto ao Cadastro Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Agência Câmara
Produtores de biodiesel estão em uma posição mais confortável em relação à disponibilidade de matéria-prima no Brasil em comparação com o ano passado. De acordo com Erasmo Battistella, CEO do ECB Group, o período que vai do final de fevereiro até abril é estratégico para o setor fazer estoques. Ele foi entrevistado ao vivo pela epbr nesta terça (16). epbr
Hidrogênio verde. A Fortescue Future Industries assinou um memorando de entendimento com o Porto do Açu, importante terminal industrial e portuário do país, para estudar a viabilidade da instalação de uma planta de hidrogênio verde de 300 megawatts (MW) no local. A mineradora australiana tem meta de se tornar neutra em carbono até 2030. Reuters/Money Times
Pesquisadores da Esalq-USP estudam formas sustentáveis de cultivar cana-de-açúcar para a produção de bioenergia. Trabalho indica estratégias de mudança de uso da terra para a expansão da cultura e mostra a performance da cana-de-açúcar por meio de indicadores de sustentabilidade. Agência FAPESP
Mulheres e energia. O Comitê Permanente para Questões de Gênero, Raça e Diversidade do Ministério de Minas e Energia e Entidades Vinculadas (Cogemmev) realizou nesta quinta (18) o webinar: atuação de mulheres na disseminação do uso da energia renovável. Evento apresentou o projeto Sistemas de Energia do Futuro e discutiu ações para fomentar maior participação de mulheres em carreiras na área de renováveis.
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