diálogos da transição

Novo satélite vai rastrear estoques de carbono florestal

Satélite Biomass usa tecnologia de sensoriamento remoto com ondas para gerar imagens de alta resolução e fornecer mapas precisos de cobertura vegetal

Encapsulamento do Biomass no Centro Espacial da Guiana, em Kourou (Foto ESA/CNES/Arianespace)
Encapsulamento do Biomass no Centro Espacial da Guiana, em Kourou (Foto ESA/CNES/Arianespace)

NESTA EDIÇÃO. Iniciativa da Agência Espacial Europeia quer melhorar a compreensão dos efeitos do ciclo do carbono sobre o clima, além de apoiar projetos REDD+.

Satélite irá examinar florestas em todo o mundo.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A Agência Espacial Europeia (ESA, em inglês) lançou esta semana o seu satélite Biomass, em uma missão de monitoramento florestal que vai avaliar os estoques e fluxos de carbono da Terra.

Construído pela Airbus, o Biomass usará um radar de abertura sintética de banda P — uma tecnologia de sensoriamento remoto que utiliza ondas para gerar imagens de alta resolução, mesmo em condições de pouca luz ou através de nuvens.

O satélite examinará florestas em todo o mundo a uma altitude de 666 km durante sua missão de cinco anos.

O objetivo é fornecer “mapas excepcionalmente precisos de biomassa” de florestas tropicais, temperadas e boreais para ajudar cientistas a avaliarem o ciclo do carbono e seus efeitos nas mudanças climáticas, explica a Airbus.

Será possível mapear, por exemplo, mudanças na biomassa devido à perda florestal decorrente de desmatamento, assim como ganhos com regeneração.

O equipamento também irá medir aquíferos formados há milhares de anos em regiões desérticas, em busca de novas fontes de água em locais áridos.

“O Biomass fornecerá aos cientistas e climatologistas dados sem precedentes sobre o estado das florestas do mundo, aprimorando ainda mais a compreensão do ciclo climático. A espaçonave está agora em órbita com segurança e pronta para entregar seus preciosos dados”, disse Alain Fauré, chefe de Sistemas Espaciais da Airbus Defence and Space.



Com os mapas em mãos, a iniciativa tende a apoiar projetos de crédito de carbono florestal REDD+, cuja qualidade passou a ser questionada nos últimos anos, em meio a denúncias de fraudes.

Dados da empresa financeira norte-americana MSCI mostram uma estagnação no mercado de carbono voluntário em 2024, com cerca de 180 milhões de títulos aposentados, quase repetindo o resultado do ano anterior.

Apesar da estagnação nas aposentadorias dos títulos, o número de projetos vem crescendo: mais de 6,2 mil iniciativas de créditos de carbono foram registradas no mundo em 2024, cobrindo 305 milhões de toneladas de CO2 (MtCO2e) no ano passado.

E eles parecem estar subindo a régua da integridade — um dos principais fatores que levaram à desaceleração desse mercado nos últimos anos, aponta a MSCI.

O lançamento do Biomass ocorreu na terça (29/4), no Porto Espacial Europeu, em Kourou, na Guiana Francesa. O desenvolvimento e os testes da nave envolveram mais de 50 empresas em 20 países.

Chega em um momento oportuno. Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos — segundo maior emissor global de gases de efeito estufa —, Donald Trump tem comandado um ataque a instituições de pesquisa norte-americanas relacionadas ao clima.

De acordo com o grupo ambiental NRDC, em 100 dias de governo houve, pelo menos, 100 ações ou propostas destrutivas. Entre as mais recentes, está a proposta orçamentária de Trump que promete acabar com a NOAA, a agência científica e reguladora responsável por monitorar o clima. (Politico)

A lista inclui ainda a demissão da equipe climática do Departamento de Estado, o encerramento do trabalho da NASA nesta área e o corte de US$ 63 bilhões na agência de ajuda internacional USAID.


Sem acesso. O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) voltou a barrar o acesso de um projeto de hidrogênio verde à rede elétrica. Desta vez, a negativa atinge a espanhola Solatio, que pretendia conectar uma planta de produção de hidrogênio e amônia verdes com capacidade de 3 GW por ano na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Parnaíba, no Piauí.

Foz do Amazonas. A Petrobras pediu ao Ibama, na quarta (30/4), a liberação até o dia 15 de maio do deslocamento da sonda ODN II (NS-42) para operação no bloco FZA-M-59, na bacia da Foz do Amazonas. O navio está, desde 19 de abril, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, para realização de desincrustação de coral-sol. 

Barragens em Belo Monte. Os estudos para construção de um reservatório na usina hidrelétrica de Belo Monte visam a, principalmente, resolver conflitos socioambientais. O empreendimento está localizado em Altamira, no Pará, e tem uma capacidade instalada de 11,2 GW. Por ser uma usina que opera a fio d’água, não tem a possibilidade de estocar água para o período seco.

Renovabio na Justiça. O Ministério de Minas e Energia (MME) ajuizou ação no STJ para que o presidente do tribunal, Herman Benjamin, suspenda liminares que favorecem distribuidoras inadimplentes com as obrigações de compras de créditos (CBIOs). A estratégia da AGU é impedir decisões novas de decisões de primeira instância na Justiça Federal até que o STJ analise o mérito dos pedidos.

Ucrânia e EUA assinam acordo mineral. Acordo fortemente promovido pelo presidente norte-americano, Donald Trump, dará aos Estados Unidos acesso preferencial a novos contratos e financiará investimentos na reconstrução da Ucrânia. (Reuters)

Bolívia abraça exploração em terras indígenas. Nos últimos anos, a Bolívia tem mergulhado em uma crise econômica preocupante, em meio a esgotamento das reservas de gás e manutenção dos subsídios para os combustíveis. Para tentar conter essa situação, o governo de Luis Arce aposta suas fichas na produção de biocombustíveis, na expansão petrolífera e na volta da mineração — planos que podem representar novas ameaças para as populações indígenas do país. (Dialogue Earth)

As contratações no setor de energia e infraestrutura aumentaram 50% no primeiro trimestre de 2025 em comparação com o mesmo período do ano anterior, aponta levantamento da Michael Page. De acordo com a consultoria, o crescimento foi impulsionado pelo aumento da demanda por projetos de infraestrutura e de mobilidade elétrica.

Setor elétrico aquece mercado de alumínio. O setor elétrico foi responsável por 20,7% do consumo de alumínio no Brasil em 2024, apontam dados da Associação Brasileira do Alumínio (Abal). Essa porcentagem equivale a 207 mil toneladas do material.

Créditos de carbono no Brasil: o risco oculto da fraude Falta de regulamentação e conflitos fundiários na Amazônia abrem brechas para golpes como créditos fantasmas e grilagem, prejudicando projetos sérios de preservação, escrevem Ana Belotto, Claudia Chagas, Guilherme Serra, Marilda Nakane

Conectado e renovável, o Brasil tem o que a Europa quer. Falta explicar direito Brasil pode perder vantagem no hidrogênio verde se Europa não reconhecer sistema elétrico integrado, analisa Gabriel Chiappini

Open Energy: democratização do setor elétrico Inspirado no modelo do Open Finance, projeto vai permitir compartilhamento seguro de dados de consumo e fomentar novos serviços no setor elétrico, defende Clinger Barros, consultor da Lemon Energia

Segurança energética na ponta do lápis Custo de hoje pode ser o alicerce da estabilidade e sustentabilidade de amanhã, avalia Fred Menezes, diretor-executivo da Armor Energia

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética