diálogos da transição

Nova onda de NDCs aumenta pressão sobre grandes emissores

De acordo com o Carbon Brief, metade das emissões globais de gases de efeito estufa agora são cobertas pelas ambições até 2035

Nova onda de NDCs aumenta pressão sobre grandes emissores (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Sessão de Abertura do Evento Especial sobre Clima para Chefes de Estado e de Governo. Sede das Nações Unidas, Nova York (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

NESTA EDIÇÃO. Semana foi marcada por nova onda de apresentações de metas e indicações de compromissos para reduzir emissões até 2035.

A menos de 50 dias da COP30, cresce expectativa em relação a grandes emissores.


As entregas das atualizações das NDCs (sigla em inglês para Contribuições Nacionalmente Determinadas ao Acordo de Paris) aceleraram esta semana, embora o caminho para 1,5ºC ainda seja longo.
 
Mais de uma centena de países usaram a Cúpula do Clima do Secretário-Geral da ONU em Nova York para apresentar planos e metas de descarbonização no horizonte até 2035, antecipando as discussões marcadas para a COP30 em Belém. 
 
China, Mongólia, Vanuatu, Micronésia, Paquistão, Libéria, Austrália, Nigéria e Jamaica são alguns deles.
 
Mas nem todos entregaram formalmente ainda.
 
De acordo com o Carbon Brief, metade das emissões globais de gases de efeito estufa agora são cobertas pelas ambições até 2035. 

Os países que anunciaram novas metas para as NDCs durante o evento incluíram China, Rússia, Turquia, Palau, Tuvalu, Quirguistão, Peru, São Tomé e Príncipe, Fiji, Bangladesh e Eritreia. (Tuvalu já entregou à ONU)

Juntos, eles representam 36% das emissões globais — a China sozinha é responsável por 29%
 
A China, aliás, atraiu bastante atenção ao se colocar como um contrapeso ao discurso anti-climático do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Embora a meta do gigante asiático tenha deixado a desejar.
 
“A transição verde e de baixo carbono é a tendência do nosso tempo”, discursou o presidente chinês, Xi Jinping, ao apresentar a meta de reduzir as emissões entre 7% e 10% após atingirem o pico.
 
“Embora alguns países ajam contra isso, a comunidade internacional deve manter o foco na direção correta, permanecer firme na confiança, incansável nas ações e determinada na intensidade, e avançar na formulação e implementação das NDCs, com o objetivo de trazer mais energia positiva para a cooperação na governança climática global”, completou.
 
Foi a primeira vez que os chineses se comprometeram com uma redução em suas emissões totais, mas analistas consideram a escala do corte conservadora e altamente insuficiente para o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5ºC — levaria, na verdade, a 3°C.
 
think tank E3G mostra que, das 49 NDCs entregues até o início de setembro, 92% incluíram alguma forma de compromisso político para atingir pelo menos um dos compromissos da COP28: triplicar as energias renováveis, dobrar a eficiência energética e eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.  
 
O levantamento também compara as novas NDCs com as submissões anteriores e aponta que 65% dos países (32/49) incluem uma meta quantificada que é seu maior nível de ambição até o momento para pelo menos uma das metas acima.



Grandes emissores como Índia, Indonésia e Coreia do Sul ainda não entregaram a meta para 2035.
 
União Europeia precisa construir consenso entre seus 27 Estados-membros, em meio a guerra, tarifaço e disputas internas. 
 
Durante seu discurso na Cúpula do Clima, na terça (23), a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse que houve acordo, na semana passada, para que a NDC fique entre 66% e 72% de redução até 2035. 
 
Ela também prometeu a apresentação formal da meta atualizada antes da COP30. (Íntegra do discurso em inglês)


Transição justa. O procurador da República na Paraíba, José Godoy, disse nesta sexta (26/9) que a PGR está elaborando uma proposta de contrato com obrigações mínimas e valores de referência para o arrendamento de terras destinadas a projetos de geração de energia solar.

  • Segundo Godoy, o objetivo é garantir remuneração justa para proprietários de terras, especialmente no Nordeste, onde há grande número de ocorrências de contratos desequilibrados.

Leilão dos sistemas isolados. A concorrência para suprimento aos sistemas isolados contratou, nesta sexta-feira (26/9), soluções híbridas, com a combinação de termelétricas a diesel, energia solar e baterias para os dois lotes ofertados nos estados do Amazonas e do Pará. Confira o resumo.

Fertilizantes verdes. A Atlas Agro, empresa que desenvolve um projeto de hidrogênio verde para a produção de fertilizantes em Uberaba (MG), está propondo a criação de um fundo garantidor voltado a reduzir riscos financeiros e destravar investimentos no setor. A proposta mira a volatilidade do mercado internacional de fertilizantes, cujo preço é fortemente atrelado ao do gás natural.

Hidrogênio na frota. A norte-americana Plug Power e a brasileira GH2 Global firmaram recentemente uma parceria visando acelerar a adoção de hidrogênio em motores com células a combustível, substituindo diesel, baterias de chumbo-ácido, GNL e gás natural em frotas logísticas, empilhadeiras, e em aplicações industriais.

Vale testa B50. A ANP autorizou a Vale a utilizar, em caráter experimental, diesel com adição de 30% a 50% de biodiesel (B30 a B50) em veículos que operam nas minas de Mariana (MG). A autorização é válida até fevereiro de 2027 e o volume mensal não pode exceder 240 mil litros.

Petroleiros contra mudanças na PBio. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) informou que os sindicatos ligados à entidade vão realizar atos nas bases do Sistema Petrobras em todo país, contra o que consideram ser a privatização da Petrobras Biocombustível (PBio). O protesto será no próximo dia 3 de outubro, dia do aniversário de 72 anos da estatal.

  • Os atos terão como principais focos as usinas da PBio em Montes Claros (MG) e Candeias (BA), onde, segundo a FUP, os trabalhadores foram informados pela diretoria da empresa que os postos de trabalho serão terceirizados.

150 vagas para eletricistas na Cemig. As inscrições para o concurso da Cemig se encerram na próxima quinta-feira (2/10). A prova será aplicada em 23 de novembro de 2025, nos municípios de Belo Horizonte, Divinópolis, Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Paracatu, Teófilo Otoni, Uberlândia e Varginha.

Dos biocombustíveis para a aviação. A ECB Group, que tem sede em Passo Fundo (RS) e participação na Be8, está entrando no segmento aeroportuário. O grupo venceu concessão para gestão dos aeroportos de Passo Fundo e Santo Ângelo no Rio Grande do Sul. O valor de outorga foi de R$ R$ 609.345,40 e o investimento previsto é de R$ 102,2 milhões, sendo R$ 66,24 milhões em Santo Ângelo e R$ 35,99 milhões em Passo Fundo.

  • A assinatura do contrato está prevista para o dia 5 de janeiro de 2026. Segundo Erasmo Carlos Battistella, presidente da ECB Group, toda a operação terrestre do aeroporto será abastecida pelo novo biocombustível da Be8, capaz de substituir 100% o diesel fóssil.

Alemanha e França fazem as pazes sobre hidrogênio nuclear Aproximação franco-alemã abre caminho para nuclear entre as fontes aptas a receber subsídios da União Europeia para hidrogênio, escreve Gabriel Chiappini
 
COP30: o papel da tributação ambiental na transformação da matriz energética brasileira Reforma Tributária oferece oportunidade para um futuro mais sustentável, catalisando mudanças ambientais nas políticas fiscais brasileiras, escreve Paulo Zirnberger
 
O impasse regulatório do setor elétrico: entre MPs esvaziadas e mercado retraído Intervenções pontuais aumentam insegurança jurídica e afastam investimentos estratégicos, escrevem Victor Gelli Cavalcanti Bárbara Mendes Carnevalli
 
E se a redução da poluição aumentasse o aquecimento global? Reduzir a poluição é crucial, mas entender os efeitos colaterais é igualmente essencial, escreve Jaques Paes

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