NESTA EDIÇÃO. Noruega aposta no CCS para descarbonizar indústria e seguir explorando óleo e gás.
EUA concluem que tecnologia é economicamente inviável e suspendem subsídios da era Biden.
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A Noruega vai defender na COP30 que as tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS), junto com energia eólica offshore e hidrogênio, serão instrumentos indispensáveis para alcançar a neutralidade climática.
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está marcada para novembro de 2025 em Belém (PA), sob a presidência do Brasil, e promete dar espaço para a indústria de óleo e gás defender suas agendas.
O CCS é uma delas. Está na ordem do dia de indústrias intensivas que terão maior dificuldade em substituir os combustíveis fósseis nos seus processos, e claro, na dos próprios produtores de óleo, gás e carvão, para garantir vida longa aos seus ativos.
Essa estratégia ganha força na Noruega. O país está avançando com o ambicioso projeto de US$ 2,5 bilhões da Northern Lights, uma joint venture com participação estatal e de grandes petroleiras, que busca transformar o Mar do Norte em um hub europeu para estocagem segura de CO2, capturado por indústrias poluentes, como cimento e química.
“A Noruega vai enfatizar a importância da CCS, da energia eólica offshore e do hidrogênio para alcançar emissões líquidas zero e apoiar a segurança energética global”, conta o chefe da Seção de Transição Energética, Clima e Análise do Ministério de Energia norueguês, Alexander Engh.
“Também defenderemos o aumento da cooperação internacional, o financiamento da inovação e o desenvolvimento de infraestrutura compartilhada no Mar do Norte e além”, completa.
Engh conversou com o jornalista Gabriel Chiappini, que foi à Noruega a convite do consulado para conhecer o projeto da Northern Lights. Confira os detalhes
Balde de água fria nos EUA
São tempos difíceis para investimentos voltados ao baixo carbono nos Estados Unidos de Donald Trump.
Nesta sexta (30/5), o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, anunciou o encerramento de 24 projetos emitidos pelo Escritório de Demonstrações de Energia Limpa (OCED), totalizando mais de US$ 3,7 bilhões em subsídios.
De acordo com a nota oficial do Departamento de Energia (DoE), a maioria dos cortes está relacionada a projetos de CCS e descarbonização — entre eles, cerca de US$ 332 milhões para um projeto da ExxonMobil em Baytown, no Texas. (Reuters)
A justificativa é que, na análise do governo, esses projetos não atendem às necessidades energéticas da população, não eram economicamente viáveis e não gerariam retorno positivo sobre o investimento dos recursos públicos.
Em abril, o DoE já havia avisado estar preparando cortes drásticos para interromper quase US$ 10 bilhões em financiamento federal para projetos de energia limpa, inclusive com a possibilidade de afetar importantes apoiadores de Trump.
O fim dos subsídios é apontado por analistas como um tiro no pé dos norte-americanos: sem o apoio estatal, a tendência é de fuga de investimentos em tecnologias como hidrogênio, captura de carbono e armazenamento.
Cobrimos por aqui
Curtas
Inadimplentes do RenovaBio. A ANP informou, na quinta (29/5) que ainda não publicou nenhuma lista de sanções relativas à lei que endurece as penalidades do RenovaBio pois ainda não regulamentou os novos dispositivos. Também pontuou não ser possível informar em que data a lista será publicada. A agência foi cobrada por distribuidoras associadas ao Instituto Combustível Legal.
88% renovável. A matriz elétrica brasileira atingiu 88,2% de renovabilidade em 2024, segundo o Balanço Energético Nacional 2025, divulgado pelo MME e EPE na quinta (29/5). Destaque para a participação da geração eólica e solar fotovoltaica, que chegou a 24% do total no ano passado, com crescimento de 12,4% da eólica, e 39,6% da solar, com relação a 2023. A hidrelétrica, por outro lado, caiu 1% e representou 56% do total.
Siderurgia eletrificada. A Nippon Steel planeja investir US$ 6 bilhões para aumentar a produção de aço usando fornos elétricos a arco (FEA), em uma tentativa de reduzir as emissões de carbono. A empresa deve instalar três FEAs e espera que o governo do Japão forneça até US$ 1,73 bilhão em apoio.
Artigos da semana
Hidrogênio fica na sala de espera em meio a indefinições nos EUA, Europa e Brasil Indefinição regulatória dificulta vida de empreendimentos que precisam estimar custos, planejar investimentos e garantir retorno financeiro, escreve Gabriel Chiappini
COP, o circo está chegando. Que espetáculo você quer ver? Às vésperas da conferência na Amazônia, artigo questiona se líderes globais agirão como palhaços midiáticos ou verdadeiros mestres de cerimônias da ação climática, escreve Jonathan Colombo
A quem interessam as térmicas desconectadas? Térmicas desconectadas não interessam ao país nem ao setor elétrico. São um excelente negócio para amortizar terminais de GNL ou rentabilizar o by-pass do sistema de transporte, modelos que não fazem sentido para dar competitividade à indústria, escreve Cristina Sayão
Por que precisamos falar seriamente sobre regulação no mercado de GLP? O que o setor de GLP necessita é de um debate sério, que tenha como prioridade a proteção dos consumidores, especialmente, os mais vulneráveis, escreve Fabrício Duarte
Mercado de gás brasileiro exige nova regulação para o transporte Brasil não pode perder a oportunidade de entrar no ano de 2026 com as tarifas de transporte corretamente reguladas, avalia o presidente da Abegás, Augusto Salomon