Mudança climática representa maior ameaça ao setor de energia, aponta KPMG

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Diálogos da Transição

eixos.com.br | 23/06/21
Apresentada por

Editada por Nayara Machado
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Quase metade dos executivos do setor de energia (43%) considera que os riscos ambientais e as mudanças climáticas representam a maior ameaça ao crescimento de suas companhias no curto prazo.

Em 2020, a questão ambiental estava no topo das preocupações de apenas 14% dos CEOs de energia.

É o que mostra a mais recente edição do relatório CEO Outlook Pulse Survey, produzido pela KPMG.

A pesquisa entrevistou cerca de 500 líderes das empresas de energia mais influentes do mundo, cobrindo 11 países: Austrália, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, Espanha, Reino Unido e Estados Unidos.

Os CEOs do setor estão planejando o mundo pós-covid-19 e, segundo o levantamento, grande parte deles acredita que seus negócios mudaram para sempre, sem perspectivas de um retorno ao cenário anterior à pandemia.

São empresas com receita anual superior a US$ 500 milhões — 35% delas têm receita anual superior a US$ 10 bilhões.

No planejamento de longo prazo, 90% dos entrevistados estão focados em garantir os ganhos de sustentabilidade que as empresas obtiveram durante a crise. 

Entre as mudanças em andamento, quase dois terços (60%) dos executivos planejam implementar práticas ambientais, sociais e de governança corporativa (ESG) mais rigorosas, ampliando o foco no componente social.

“Os resultados revelam a importância da implantação dos fatores de ESG, da transição energética e da viabilização de todas as atividades com capacidades digitais”, analisa o sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG no Brasil, Anderson Dutra.

Para o executivo, mesmo com a aceleração dos compromissos net zero, o setor reconhece a necessidade de explorar diversas tecnologias para cumprir as metas.

Recuperação da confiança acompanha a do petróleo

De acordo com a KPMG, a confiança dos executivos está aumentando junto com os preços do petróleo e da gasolina.

“A confiança adicional pode ser atribuída ao momento do lançamento das vacinas contra a Covid-19 e às previsões positivas para a recuperação do petróleo e da demanda de energia”, avalia a pesquisa.

Embora as preocupações permaneçam em torno do desempenho futuro da economia global, 93% dos CEOs entrevistados se sentem confiantes sobre as perspectivas de crescimento imediato para seus próprios negócios.

“O relatório apontou ainda que, após conduzir seus negócios durante um ano dominado pela pandemia, mudanças nos preços das commodities e eventos climáticos severos, os CEOs de energia estão abraçando a mudança”, continua.

Enquanto 37% dos entrevistados apostam em um retorno à normalidade já no final deste ano, outros 43% afirmaram que seus negócios e operações mudaram para sempre como resultado da pandemia.

Mais: Novos cenários da IEA admitem chance de demanda por óleo nunca mais ser a mesma

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Novos investimentos

Cerca de 83% esperam atividades de fusões e aquisições baixas a moderadas nos próximos três anos e o principal objetivo dessas transações será adquirir tecnologias disruptivas e aumentar a participação de mercado, mostra a pesquisa.

Os executivos planejam investimentos em tecnologias emergentes e inovadoras:

  • 63% prioriza a automação;

  • 57% está focado em inteligência artificial;

  • 50% está comprometido com a comunicação digital, como videoconferência e recursos de envio de mensagens;

  • 73% reportou desejo de desenvolver colaboração digital e ferramentas de comunicação como resultado da pandemia.

“Os CEOs também buscarão vários caminhos para aumentar suas capacidades digitais, uma vez que 53% deles afirmaram que seu apetite por fusões e aquisições nos próximos três anos será impulsionado principalmente pelo desejo de adquirir tecnologias disruptivas com o potencial de transformar os modelos operacionais das organizações de energia”, diz o relatório.

Covid-19 no setor

Mais da metade dos líderes (57%) está preocupada com o fato de que nem todos os seus funcionários terão acesso à vacina contra covid-19, o que poderia colocar suas operações ou determinados mercados em desvantagem competitiva.

“Apesar dos riscos, o setor de energia precisou se adaptar rapidamente para garantir a segurança dos funcionários e das operações e, assim, manter o fornecimento seguro e eficiente de energia”, resume o sócio-líder de Energia e Recursos Naturais da KPMG na América do Sul, Manuel Fernandes.

90% dos entrevistados afirmou que vai pedir aos funcionários que informem assim que forem vacinados.

Curtas

A parcela de energias renováveis com custos mais baixos que os combustíveis fósseis dobrou em 2020. Relatório da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) mostra que 62% da geração total de energia renovável adicionada no ano passado — 162 gigawatts (GW) — teve custos mais baixos do que a opção de combustível fóssil mais barata. epbr

A elevação do nível do mar, as inundações e a intensificação das ondas de calor ameaçam as cidades costeiras em todo o mundo, diz relatório provisório do IPCC. Também ameaçam contaminar os solos agrícolas com água salgada e engolir infraestruturas estratégicas, como portos ou aeroportos. Agência Brasil

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados retomou a discussão, hoje (23), do Projeto de Lei (PL) 490/2007, que dispõe sobre a competência da União nas demarcações das terras indígenas. Se aprovado pelo colegiado, o projeto seguirá para votação nos plenários da Câmara e do Senado. Agência Brasil

Sem perspectivas de novas demarcações de terras no atual governo, os povos indígenas lidam agora com uma ameaça à preservação dos territórios já reconhecidos. O PL 490 prevê a revisão do usufruto exclusivo das terras pelos indígenas, previsto na Constituição. Deutsche Welle

A maioria da advocacia brasileira tem posição contrária à criação de cotas raciais e de gênero para ocupação de cargos de liderança em escritórios, segundo pesquisa inédita do Datafolha. No caso das cotas raciais, 58% dos profissionais são contrários à implementação da regra nas bancas jurídicas. Folha

Estados Unidos e Brasil deverão reduzir a produção de etanol nos próximos meses, devido ao aumento nos custos do milho e do açúcar. As ofertas apertadas do cereal e do adoçante estão repassando custos para o etanol, tornando produtores relutantes em ampliar a fabricação e dando impulso também aos preços da gasolina. Reuters/Notícias Agrícolas

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