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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A adição de 8,8 GW de eólica offshore em 2022 ficou 58% abaixo dos 21,1 GW comissionados em 2021, mas ainda fez do ano passado o segundo melhor da história para instalações no mar, de acordo com o novo relatório do Global Wind Energy Council (GWEC).
Parte dessa desaceleração tem relação com a China, que em 2021 correu com os projetos para aproveitar os subsídios do governo, levando a uma expansão sem precedentes naquele ano.
Outra com as disrupções de mercado do pós-pandemia de covid-19 e guerra na Ucrânia.
Até 2032, são esperados 380 GW de novos projetos – quase metade vindos da região Ásia-Pacífico. Mais de 180 GW de capacidade foram identificados na região fora da China, sendo a Austrália sozinha responsável por mais de 50 GW.
Toda essa nova capacidade offshore tem potencial de reduzir as emissões de CO2 em 650 toneladas/ano, mas concretizar essa expectativa não vai ser fácil.
A perspectiva de curto prazo está baseada no pipeline global de projetos offshore existentes e nos diferentes estágios de desenvolvimento em todo o mundo, além das metas nacionais e regionais declaradas.
No entanto, nos últimos 12 meses os analistas observaram uma crescente lacuna entre as metas declaradas e a taxa de instalações anuais.
Desafios como a inflação, o aumento do custo de capital e a crise na cadeia de abastecimento criaram incertezas e forçaram os investidores a reverem a viabilidade dos seus projetos, explica o relatório (.pdf em inglês).
Em alguns casos, esse cenário levou a rescisão de contratos e interrupção da construção de parques previstos para entrar em operação nos próximos cinco anos.
Regulação e suprimentos
“Os governos e a indústria terão de encarar os desafios que o setor enfrenta em torno da cadeia de abastecimento, das licenças e das políticas, a fim de construir mercados preparados para o futuro. Ao resolver estes desafios, podemos construir uma indústria eólica offshore global forte e resiliente”, observa Ben Backwell, CEO do GWEC.
O documento publicado no final de agosto aponta para riscos regulatórios e gargalos na cadeia de suprimentos como principais fatores que podem frustrar um avanço acentuado nas instalações.
Ao mesmo tempo em que aumentou sua previsão para a Ásia-Pacífico, o GWEC recuou na estimativa de curto prazo para Europa e América do Norte em 17% devido a atrasos causados por licenças e outras questões regulatórias.
Já os gargalos na cadeia de abastecimento são indicados como um risco para todas as regiões, exceto a China.
Em números:
- A capacidade global de energia eólica offshore agora é de 64,3 GW, um crescimento médio anual de 16%;
- A China lidera o desenvolvimento global, mesmo com suas novas instalações tenham em queda: em 2022, 5 GW foram instalados;
- Dois outros mercados relataram novas instalações na Ásia-Pacífico no ano passado: Taiwan (1.175 MW) e Japão (84 MW);
- A Europa conectou os restantes 2,5 GW de capacidade em 2022, com a França e a Itália comissionando cada uma os seus primeiros projetos;
- A taxa de instalações no continente europeu no ano passado foi a mais baixa desde 2016. A capacidade eólica offshore total atingiu 30 GW, 46% provenientes do Reino Unido.
Brasil
Apesar dos 189 GW em licenciamento, o GWEC não vê um volume significativo de projetos emergindo no Brasil até o fim da década.
Por aqui, falta regulação, mas o apetite dos investidores e o potencial de geração é grande.
Mapeamento da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) identifica um potencial de 700 GW ao longo da costa brasileira.
Até julho, o Ibama somava 189 GW em projetos eólicos offshore com pedidos de licenciamento. A expectativa das empresas é que esse mercado se desenvolva rapidamente assim que o marco regulatório for aprovado e começarem os primeiros leilões.
Atualmente, há 78 projetos de eólica offshore em desenvolvimento em oito estados brasileiros, nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste.
São mais de vinte empreendedores, incluindo empresas que ainda não atuam no mercado brasileiro, como a chinesa Shizen e a Corio Generation, do fundo australiano Macquarie. Confira no mapa interativo da epbr
Mais que energia, as eólicas offshore atraem o interesse também da indústria de fertilizantes.
Muitos dos projetos em alto mar estão associados à produção de hidrogênio, que pode ser destinado à fabricação do insumo agrícola. Foi tema de debate na Comissão de Transição Energética da Câmara dos Deputados nesta terça (5/9): Brasil importa fertilizantes com alta intensidade de carbono, diz executivo da Yara
Cobrimos por aqui:
- Eólica offshore é desafio muito maior que onshore para fornecedores, diz Vestas
- Brasil precisa acelerar eólica offshore para não enfrentar gargalo de fornecimento
- Encomendas de turbinas eólicas batem recorde no primeiro semestre de 2023
- Eólica offshore quer política industrial para garantir demanda
Curtas
Petrobras no mercado de carbono
A estatal estreou no mercado voluntário com a compra de 175 mil créditos do projeto Envira Amazônia – sediado no município de Feijó, no Acre.
A operação corresponde à preservação de uma área de 570 hectares da floresta amazônica – do tamanho de cerca de 800 campos de futebol como o do Maracanã. Cada título equivale a uma tonelada de gases de efeito estufa (GEE) evitada.
Dia da Amazônia 1
O presidente Lula (PT) anunciou, nesta terça (5/9), que o governo vai destinar R$ 600 milhões do Fundo Amazônia para municípios e unidades de conservação da região. O objetivo é incentivar ações de combate ao desmatamento e aos incêndios florestais na Amazônia Legal.
Durante a cerimônia do Dia da Amazônia, no Palácio do Planalto, o presidente assinou atos de conservação de áreas ambientais; prevenção, monitoramento, controle e redução do desmatamento; e demarcação de terras indígenas.
“Vamos destinar, até 2025, 600 milhões de reais do Fundo Amazônia para municípios que pelos seus indicadores recentes são considerados prioritários para o combate ao desmatamento e aos incêndios florestais”, afirmou.
Dia da Amazônia 2
Energisa, BNDES, Norte Energia e Fundo Vale lançaram hoje um novo edital do Floresta Viva, fundo coletivo para recuperação de florestas e biomas brasileiros. A iniciativa vai destinar R$ 26,7 milhões para projetos de restauração de áreas degradadas da bacia hidrográfica do Xingu, na região amazônica.
Serão apoiados até nove projetos distribuídos em três regiões principais: Baixo Xingu; Médio Xingu e Alto Xingu, que perpassam os estados do Pará e Mato Grosso. As propostas podem ser enviadas até o dia 6 de novembro por meio de formulário eletrônico.
Biogás em expansão
Produção de biogás, no Brasil, mais que duplicou nos últimos cinco anos. Ao todo, foram produzidos 2,88 bilhões de m3/ano, para aproveitamento energético, em 2022, um crescimento de 110% em relação aos volumes de 2018, de acordo com levantamento de mercado do CIBiogás.
Biodiesel no Combustível do Futuro
O presidente da Frente Parlamentar Mista do Biodiesel (FPBio), Alceu Moreira (MDB-RS), apresentou, na Câmara dos Deputados, um plano decenal com estratégias para estimular a expansão do biodiesel no Brasil.
Produtores vinham articulando a inclusão do B20 no PL do Combustível do Futuro, que ainda é discutido internamente no governo federal.
Política para veículos elétricos
A Comissão de Desenvolvimento Urbano da Câmara dos Deputados aprovou projeto de lei (PL 2156/21) com medidas para estimular o uso de veículos elétricos.
O texto estabelece a Política Nacional de Mobilidade Elétrica, que determina, entre outros pontos, incentivos à aquisição de veículos elétricos e a viabilização de uma rede de pontos de carregamento de baterias desses veículos.