Diálogos da Transição

Indústria solar corre para excesso de oferta, diz IEA

Agência também enxerga uma tendência de diversificação da cadeia de suprimentos, hoje concentrada na China

Geração distribuída atinge 16 GW em novembro. Na imagem: Trabalhadores instalam painéis fotovoltaicos sobre uma longa extensão (Foto: Skeeze/Pixabay)
(Foto: Skeeze/Pixabay)

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APRESENTADA POR

Editada por Nayara Machado
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Atualização do mercado de renováveis publicada pela Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), nesta quinta (1/6), estima que a capacidade global de fabricação de equipamentos fotovoltaicos atinja quase 1 terawatt (TW) em 2024.

O volume seria suficiente para atender à demanda anual do cenário Net Zero 2050, que aponta que para o mundo conseguir descarbonizar sua matriz elétrica precisará alcançar quase 650 GW de geração solar em 2030.

“Com a capacidade de fabricação de energia solar fotovoltaica prevista para mais do que dobrar até 2024, a indústria está correndo para um excesso de oferta”, diz a agência.

A IEA também vê uma tendência de diversificação da cadeia de suprimentos, hoje concentrada na China.

Destaque para Estados Unidos, Europa e Índia, onde os governos começaram a priorizar a diversificação da cadeia de fornecimento de energia solar fotovoltaica.

O esquema de Incentivo Vinculado à Produção (PLI) da Índia e a Lei de Redução da Inflação (IRA) dos EUA fornecem subsídios aos fabricantes domésticos para competir com a China.

Como resultado, a agência identificou um aumento de mais de 120% de novos projetos de fabricação de energia solar fotovoltaica anunciados entre novembro de 2022 a maio de 2023.

O potencial de criação de cadeias de suprimentos fotovoltaicas em cada uma dessas regiões supera 20 GW de capacidade.

Já a nova capacidade de fabricação na União Europeia representa apenas 14% dos anúncios rastreados pela IEA desde agosto de 2022.

“O Plano Industrial do Green Deal da UE e a Lei da Indústria Net-Zero visam porcentagens específicas de fabricação solar fotovoltaica doméstica, mas ainda não incluem incentivos específicos”, explica.

Além disso, os altos preços da energia industrial tornaram mais caro fabricar equipamentos solares fotovoltaicos no bloco.

“Sem uma política de fabricação ou prêmios de conteúdo doméstico, a fabricação de equipamentos solares fotovoltaicos na União Europeia é menos competitiva do que na Índia ou nos Estados Unidos”, completa.

China mantém liderança

Em 2022, a capacidade global de fabricação de energia solar fotovoltaica aumentou mais de 70%, atingindo quase 450 GW. O país asiático respondeu por mais de 95% das novas instalações em toda a cadeia de suprimentos.

Em 2023 e 2024, espera-se que a capacidade global de fabricação de energia solar fotovoltaica dobre, com a China concentrando novamente mais de 90% desse aumento.

E ainda:

Transição para quem?

O mundo corre para diversificar sua matriz energética, mas os empregos no setor conservam o padrão de sempre: predominantemente masculino.

Levantamento da consultoria global Great Place to Work (GPTW) mostra que, entre as empresas de energia eleitas as melhores para trabalhar no Brasil em 2023, apenas 18% dos cargos são preenchidos por mulheres, contra 82% ocupados por homens.

A pesquisa reflete o panorama global de desequilíbrio de gênero nos postos de trabalho do setor, no qual apenas 16% das vagas tradicionais na área de energia são ocupadas por mulheres; em renováveis, o cenário melhora para 32%. Os dados são da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

A terceira edição do ranking classificou 20 empresas na lista de destaque em energia. Das companhias selecionadas, 10 atuam com geração, distribuição e transmissão, 5 com comercialização e 5 com cadeia de valor.

A disparidade aumenta considerando níveis hierárquicos. Somente nos cargos de alta liderança, 84% das posições são ocupadas por homens, enquanto as mulheres representam 16%.

Curtas

Aço de baixo carbono no Brasil…

A produtora de aços planos Ternium Brasil vai adquirir biometano da Gás Verde na sua produção siderúrgica. O contrato foi divulgado pelas empresas esta semana, após uma reunião no centro industrial de Santa Cruz, bairro da Zona Oeste do Rio de Janeiro.

Produzido a partir de biogás de resíduos de aterros sanitários, o biometano vai ajudar a companhia intensiva em energia a reduzir suas emissões de gases de efeito estufa na produção de aço, sem a necessidade de compensação. A Ternium utiliza o biocombustível desde 2019.

…e nos EUA

ExxonMobil e Nucor Corporation anunciaram nesta quinta (1/6) a assinatura de um contrato para captura e armazenamento de 800 mil toneladas de CO2 por ano das fábricas da produtora de aço em Convent, na Louisiana. A Nucor está entre as maiores produtoras de aço da América do Norte. É o terceiro acordo de captura e armazenamento de carbono da petroleira em sete meses.

Metas fracas

Também esta semana, acionistas da Exxon e da Chevron rejeitaram os pedidos de medidas mais fortes para mitigar as mudanças climáticas. Os dois maiores produtores de petróleo dos EUA resistem à pressão de grupos de investidores que pedem às majors que sigam os rivais europeus na aceitação de metas mais rígidas de redução de emissões. Reuters

Gás natural de hidrogênio

Enquanto isso, a TotalEnergies fechou uma parceria com a Tree Energy Solutions para estudar e desenvolver, nos Estados Unidos, uma unidade de produção em larga escala de gás natural sintético: o e-NG – produzido a partir da combinação de hidrogênio verde e CO2. O projeto em avaliação tem capacidade prevista de 100 mil a 200 mil toneladas de e-NG por ano.

E a Petrobras aumenta previsão de Capex para reduzir emissões

Conselho decidiu que a companhia vai perseguir a alocação de uma faixa de investimentos de 6% a 15% em projetos de baixo carbono na revisão do plano de negócios para o próximo ciclo plurianual, de 2024 a 2028. Decisão tomada na reunião de quarta (31/5). No plano atual (2023-2027), essa alocação de capital está em 6%. O novo plano deve ser fechado até novembro pela diretoria, para aprovação pelo conselho de administração.