Diálogos da Transição

Índia planeja extrair minerais do fundo do mar em meio a discussão sobre moratória

Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos está reunida desde a semana passada discutindo regulação para mineração no oceano

Índia planeja entrar na corrida pela extração de minerais do fundo do mar em meio a discussão sobre moratória. Na imagem: Veículo de resgate submarino (Foto: Military_Material/Pixabay)
índia planeja se concentrar em área entre o Havaí e o México, onde há concentração de manganês, níquel, cobre e cobalto (Foto: Military_Material/Pixabay)

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Editada por Nayara Machado
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A corrida por minerais essenciais à fabricação de baterias, painéis solares e turbinas eólicas, entre outras tecnologias de transição energética, chegou ao fundo do mar e, enquanto países discutem uma moratória ou mesmo a proibição, outros avançam com seus planos de exploração.

China, Rússia e países insulares do Pacífico já garantiram licenças para exploração no Oceano Pacífico, que permitem realizar testes, mas não extrair. A extração depende de uma regulação que está em discussão na Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, em inglês).

Índia pode ser a próxima a entrar nessa corrida. De acordo com informações da Reuters, o país planeja se concentrar na Zona Clarion-Clipperton, entre o Havaí e o México, onde há concentração de nódulos polimetálicos contendo manganês, níquel, cobre e cobalto.

Só que, diferente de China, a Índia não tem experiência em mineração no fundo do mar e levará pelo menos três a quatro anos até estar pronta para extrair minerais das profundezas do oceano, aponta a reportagem.

Código de mineração em discussão. O conselho da ISA está reunido desde o início da semana passada para negociar um o texto final de uma proposta de Código de Mineração.

Ele é composto por 36 países, incluindo Índia, China, Rússia e Noruega – que já abriu 280 mil quilômetros quadrados em áreas nos mares da Groenlândia, Noruega e Barents para que empresas de mineração solicitassem licenças.

Até agora, 27 dos 36 países membros se manifestaram a favor de uma moratória até que se conheça os possíveis impactos dessa atividade no mar e se desenhe um código de mineração segura. A França defende a proibição.

Em meio a pontos de vista e interesses divergentes, há um temor entre organizações ambientais de que o desenho dessa regulação não saia e a porta fique aberta para a exploração.

Uma “regra de dois anos” na Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, quando acionada, permite a um Estado apresentar, para aprovação, um plano de trabalho para mineração comercial em grande escala, mesmo que o código não tenha sido adotado.

A reunião do conselho termina na sexta (26) e será seguida pela assembleia geral, onde todos os 167 Estados membros, além da União Europeia, devem decidir sobre a permissão para o início da mineração em alto mar e eleger o próximo secretário geral.

A disputa está entre o atual secretário, o britânico Michael Lodge, e a cientista marinha e diplomata brasileira Leticia Carvalho.

Custo-benefício incerto

Menos de 25% do oceano foi mapeado por pesquisadores do mundo e ainda não existem operações comerciais de mineração em águas profundas, o que aumenta o grau de dúvidas sobre riscos e benefícios de extrair recursos de ecossistemas pouco conhecidos.

Os defensores da mineração em alto mar argumentam que ela é necessária para atender ao aumento da demanda por metais críticos para apoiar iniciativas de transição energética.

Eles se apoiam em projeções de consultorias indicando que o fornecimento de muitos minerais e metais necessários para a fabricação das principais tecnologias de baixo carbono enfrentará uma escassez ainda nesta década.

Por outro lado, cientistas alertam que o fundo do oceano constitui mais de 90% da biosfera e desempenha um papel fundamental na regulação do clima e na produção pesqueira, mas já está sob estresse por causa das mudanças climáticas, pesca de arrasto e poluição.

Em uma declaração assinada por mais de 800 especialistas em ciências e políticas marinhas de mais de 44 países, eles afirmam que a mineração em alto mar aumentaria esses estressores, resultando na perda de biodiversidade e no funcionamento do ecossistema que seria irreversível.

Cobrimos por aqui:

Curtas

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Eve lança protótipo de eVTOL

A subsidiária da Embraer apresentou no domingo (21/7) o primeiro protótipo em escala real da aeronave elétrica de decolagem e pouso vertical (eVTOL). Em construção nas instalações de testes em Gavião Peixoto (SP), o protótipo passará por série de campanhas de testes projetadas para avaliar todos os aspectos da operação e desempenho da aeronave, desde as capacidades de voo até os recursos de segurança. Veja detalhes

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O grupo fechou um acordo com a Enel Green Power para formação de um consórcio que terá participação no parque eólico Cumaru II, em São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. O objetivo é a autogeração de energia elétrica. As empresas têm um histórico de parcerias internacionais em que o grupo Enel fornece energia de fontes renováveis a fábricas, escritórios e centros de distribuição da Nestlé. Leia na epbr

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