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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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No Top 10 das tecnologias emergentes dos próximos cinco anos, as descobertas científicas alimentadas por inteligência artificial prometem levar pesquisadores a avanços sem precedentes na compreensão de doenças, desenvolvimento de novos materiais e aprimoramento do conhecimento sobre o corpo e a mente humanos, prevê relatório do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) divulgado nesta terça (25/6).
A IA já faz parte do trabalho dos pesquisadores há anos, mas avanços recentes em deep learning, IA generativa e modelos de base estão transformando a ciência.
“Cientistas estão construindo e usando grandes modelos de linguagem para explorar a literatura científica, trabalhando com chatbots de IA para gerar novas hipóteses, criando modelos de IA capazes de analisar vastas quantidades de dados científicos”, exemplifica o WEF.
Há um futuro promissor de descobertas pela frente, que podem, inclusive, ajudar a encontrar respostas para a crise climática que bate à porta. Paralelamente, é preciso garantir que o armazenamento de todos esses dados não se converta em um desafio para as matrizes energéticas globais.
No mundo, um estudo da Universidade de Stanford, publicado na Nature Electronics, estima que, até 2030, a quantidade de energia necessária para treinar modelos de IA – não só os usados pelos cientistas, mas até os mais corriqueiros como chatGPT, por exemplo – ultrapassará o consumo energético global atual.
307 TWh nos EUA
Enquanto empresas de tecnologia aceleram o desenvolvimento de soluções que tornam nossas rotinas mais fáceis, o consumo de energia e a extração de recursos minerais aceleram junto.
Uma análise da Rystad Energy sobre o impacto da IA no consumo de energia nos Estados Unidos estima que até 2030, a expansão combinada de data centers e IA, além de fundições de chips aumentará a demanda cumulativamente em 177 TWh de 2023 a 2030, alcançando um total de 307 TWh.
“Apesar dos centros de dados atualmente representarem uma parte relativamente modesta da demanda total de eletricidade nos EUA, isso representa um aumento de mais de duas vezes em comparação com os níveis de 2023, que eram de 130 TWh, destacando os esforços dos EUA para se posicionarem como um hub global de centros de dados”, explica a consultoria.
A boa notícia é que a expansão da capacidade renovável no país ganhou ritmo nos últimos anos com a Lei de Redução da Inflação (IRA, em inglês).
A Rystad observa que a dependência do carvão diminuiu, o que significa uma geração de energia com pegada de carbono menor. Custos em queda de tecnologias solar e eólica também têm apoiado esse movimento de substituição de fósseis.
“A maioria dos estados está adotando energia renovável e gás natural em comparação com as usinas de carvão, em um esforço para se tornarem mais verdes e atingir metas climáticas. No geral, o gás natural continuará a dominar grande parte da matriz energética dos EUA na próxima década, mas a energia renovável desempenhará um papel cada vez mais importante”, avalia.
A previsão é que a capacidade de energia solar fotovoltaica deve aumentar em 237 GW até 2030, enquanto a capacidade eólica deve crescer em 78 GW.
2,5 GW no Brasil
Levantamento da Arizton, empresa de inteligência de mercado com sede na Irlanda, aponta que o Brasil concentra 40% dos investimentos em data centers na América Latina.
Por aqui, Ministério de Minas e Energia (MME) e Empresa de Pesquisa Energética (EPE) calculam que a evolução da carga prevista para os centros de processamentos de dados pode chegar a 2,5 GW até 2037.
O estudo considera apenas os 12 novos projetos com pedidos de acesso à rede de transmissão nos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Ceará. Sete deles já estão com portarias emitidas e cinco seguem em elaboração ou análise do Estudo de Mínimo Custo Global (EMCG), que avalia o ponto ótimo de conexão na rede, a partir de critérios técnicos e econômicos.
MME e EPE estão elaborando estudos para inserir essa demanda no planejamento energético, observando questões como suprimento e índices mínimos de eficiência energética para equipamentos e edificações.
O país já conta com uma matriz elétrica predominantemente renovável e, assim como os EUA, está entre os mercados onde as adições de energia solar fotovoltaica e eólica onshore devem mais do que dobrar ainda nesta década.
Alguns desafios de infraestrutura, no entanto, ainda persistem, como expansão e modernização de redes e integração de baterias, questões que terão impacto sobre a viabilidade dos projetos.
Segundo o MME, a eletricidade representa mais de 60% dos custos operacionais de um data center, que precisa de energia ininterrupta para manter os sistemas de resfriamento constantemente ativos.
Cobrimos por aqui:
- Como a expansão de data centers desafia planos de transição energética
- Transição é oportunidade para AL, mas falta infraestrutura
- EPE vê viabilidade de uso de baterias apenas para nichos de mercado
- Como 5G e transição energética estão conectados
Curtas
Térmicas atravancam eólicas offshore
O marco das eólicas offshore (PL 576/2021) está emperrado no Senado Federal, sob relatoria de Weverton Rocha (PDT/MA), à espera de uma definição do governo Lula (PT) sobre a permanência ou não das emendas inseridas durante a tramitação do projeto na Câmara. O relator foi o deputado Zé Vitor (PL/MG). Entre as emendas estão a prorrogação de usinas a carvão, demanda de interesse dos parlamentares da região Sul, e a contratação compulsória de térmicas a gás e PCHs. Entenda
IS para carros elétricos
Enquanto o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) propõe a inclusão dos carros elétricos no rol de bens e serviços sujeitos à aplicação do imposto seletivo – uma das inovações da reforma tributária –, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) tem mobilizado esforços em Brasília contra a proposta de taxação da indústria.
A discussão ocorre no grupo de trabalho formado na Câmara dos Deputados para analisar o projeto de regulamentação (PLP 68/24) do novo sistema tributário.De acordo com a versão atual do texto do PLP 68/24, elaborado pelo Ministério da Fazenda, os veículos movidos exclusivamente a baterias elétricas estão isentos de IS. Ficaram dentro os carros a combustão, incluindo os híbridos. Veja detalhes da discussão
Cenários para geração própria
O Brasil é capaz de chegar a uma potência acumulada de 70,5 gigawatts (GW) em projetos de micro e mini geração distribuída (MMGD) até 2034, segundo previsão da Empresa de Pesquisa Energética. Pela projeção mais otimista, a capacidade mais do que dobraria em relação à atual, de 30 GW. No cenário referência, no entanto, considerando incertezas regulatórias, a potência acumulada fica em 58,8 GW.
Piloto de hidrogênio em Brasília
A Iberdrola pretende instalar uma usina de hidrogênio verde (H2V) em Brasília (DF), anunciou a empresa na segunda (24/6). É um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D), com investimento previsto de R$ 30 milhões da Neoenergia, distribuidora do grupo no Brasil, e que deve ser inaugurado em 2025. Leia na epbr
Biometano no Paraná
A Compagas anunciou, também na segunda, a intenção de investir R$ 505 milhões entre 2024 e 2029 – primeiros anos do novo contrato de concessão da distribuidora de gás canalizado do Paraná. O plano de negócios da companhia prevê R$ 100 milhões para atendimento aos municípios de Londrina e Maringá. A ideia é que o fornecimento na região ocorra 100% com biometano. Leia na epbr
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