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Guinada na transição dos EUA já reflete em emissões globais

Combustíveis fósseis impulsionaram emissões no primeiro semestre de 2025, com grande contribuição dos EUA

Vista aérea de emissões poluentes sendo lançadas na atmosfera em complexo industrial, em uma grande cidade (Foto Marcin Jozwiak/Pixabay)
Complexo industrial lança grande volume de emissões poluentes na atmosfera (Foto Marcin Jozwiak/Pixabay)

NESTA EDIÇÃO. Coalizão mostra que emissões de gases de efeito estufa aumentaram no primeiro semestre de 2025, puxadas pelos EUA.

No setor de energia, China e Índia ajudaram a equilibrar a balança, em meio à expansão de renováveis.


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As medidas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para retomar a geração de energia a partir de combustíveis fósseis já começaram a mostrar resultados — contra o clima.
 
Dados da Climate TRACE, uma organização sem fins lucrativos apoiada pelo ex-vice-presidente dos EUA, Al Gore, revelam que o aumento das emissões de gases de efeito estufa relacionadas a óleo, gás e carvão no país ajudou a alavancar emissões globais no primeiro semestre.
 
Entre janeiro e junho de 2025, 30,99 bilhões de toneladas de CO2 equivalente foram lançadas na atmosfera, um aumento de 0,13% em relação ao primeiro semestre de 2024.
 
No mês de junho, foram 5,12 bilhões de toneladas de CO2e, o que representa 0,29% a mais do que foi lançado no mesmo período de 2024. 
 
As emissões globais de metano em junho de 2025 também cresceram 0,49%, totalizando 34,82 milhões de toneladas.
 
0,13% pode parecer pouco, mas o mundo deveria estar em direção oposta, e talvez até estivesse, se o segundo maior emissor global não jogasse contra.
 
A  Climate TRACE estima que o setor que mais impulsionou o crescimento das emissões foi o de combustíveis fósseis, com aumento de 1,5% (77,65 milhões de tCO2e) e os Estados Unidos foram responsáveis ​​por mais da metade desse aumento.
 
Vale dizer que, na análise do setor energético em geral, houve uma redução de 60,27 milhões de tCO₂e impulsionada quase inteiramente por China e Índia.



  • EUA: +48,57 milhões de tCO₂e, ou 1,43% em comparação ao primeiro semestre de 2024;
  • Brasil: +9,84 milhões de tCO₂e, aumento de 1,24%;
  • Índia: apesar da redução na energia, o país aumentou em 4,44 milhões de tCO₂e suas emissões gerais, 0,21% a mais que o primeiro semestre de 2024; 
  • Indonésia: +3,06 milhões de tCO₂e, ou 0,39% a mais;
  • União Europeia: +2,90 milhões de tCO₂e, crescimento de 0,15%.
  • China: -45,37 milhões de toneladas de CO₂e, ou 0,51% em comparação com o primeiro semestre de 2024; 
  • México: -7,78 milhões de toneladas de CO₂e (1,71% a menos);
  • Austrália: -6,56 milhões de toneladas de CO₂e (1,51% a menos).

Enquanto nos EUA, Donald Trump lidera uma cruzada contra renováveis, com cortes em incentivos e paralisação de projetos eólicos em favor da reativação da indústria carbonífera, por exemplo, na Ásia, fontes de baixo carbono estão ganhando cada vez mais espaço.
 
Somente no primeiro semestre de 2025, a China conectou 212 gigawatts de capacidade fotovoltaica ao sistema, superando toda a capacidade instalada dos Estados Unidos, hoje em 178 GW.
 
Esse movimento do maior consumidor global de energia térmica a carvão e maior emissor de CO2 tem levado analistas a projetarem o pico de emissões do país ainda nesta década.
 
Índia está seguindo o exemplo. Em julho, o governo indiano anunciou o marco de 50% de capacidade instalada de eletricidade a partir de fontes não fósseis — cinco anos antes da meta estabelecida em suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) para o Acordo de Paris.
 
Dos 484,82 GW instalados no país, 48,27% (234 GW) são renováveis, incluindo grandes hidrelétricas e mais 1,81% (8,78 GW) nuclear. 


Transição dos fósseis. A CEO da Catavento, Clarissa Lins, participou do Energy Talks, nesta quinta (4/9) para falar sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis, em meio à rápida expansão da demanda por energia. Estudo da consultoria indica que as alavancas para reduzir a dependência de óleo e gás são diferentes das do carvão, o que requer estratégias distintas. Assista no canal da agência eixos
 
Gás do Povo. O governo federal lançou nesta quinta (4) o programa que substitui o vale-gás e promete garantir botijões de 13 kg gratuitos a 15,5 milhões de famílias de baixa renda no país. O lançamento, com a presença do presidente Lula (PT), ocorreu no Aglomerado da Serra, maior favela de Belo Horizonte (MG).
 
Eletrificando. As vendas de carros elétricos no Brasil somaram 20.222 unidades em agosto, uma participação de 9,4% do mercado automotivo no período, de acordo com dados da ABVE. A associação projeta que os emplacamentos devem superar a marca de 200 mil em 2025.
 
Cortes de geração. Os diretores da Aneel alertaram agentes do mercado que a consulta pública 45/2019 não resolverá todos os desafios relacionados ao curtailment. Durante reunião na quarta (3/9), em Brasília, a agência discutiu critérios regulatórios, operacionais e contábeis para manobras de redução de oferta no SIN.
 
Renováveis para fertilizantes. A Casa dos Ventos e a Mosaic Fertilizantes vão ampliar a parceria para o uso de energia renovável na produção de fosfato da companhia no Brasil. Com o acordo, a participação de energia renovável da Mosaic vai passar de 30% para 55% do consumo total de eletricidade nas operações locais.
 
Fórum do Biogás. O governo estadual de São Paulo pretende, ao regulamentar a certificação do biometano, traçar diretrizes que ajudem a melhorar o ambiente político regulatório, conta a secretária de Estado de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, em entrevista ao estúdio eixos no 12º Fórum do Biogás. 

  • Enquanto isso, o governo de Goiás aposta no setor de transportes como âncora da indústria de biometano no estado. E o primeiro impulso pode vir da frota de ônibus, conta o subsecretário de Energia do estado, Renato Lyra.
  • Já o diretor de novos negócios da Copersucar, Daniel do Valle, diz que a troca do diesel pelo biometano na frota da indústria sucroalcooleira é uma oportunidade para reduzir ainda mais a pegada de carbono do etanol.
  • De olho no potencial mercado, a Eren Biogás Brasil espera tomar a decisão de investimento nos seus primeiros projetos greenfield nos próximos doze meses.

Bioindústria. O MDIC abriu nesta quinta (4/9) consulta pública sobre bioindústria e biomassa que auxiliará a elaboração do Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia (PNDBio). As contribuições podem ser enviadas pelo portal Participa + Brasil até 3 de outubro.
 
E neoindústria. A Chamada Nordeste da Nova Indústria Brasil recebe propostas até 15 de setembro. São R$ 10 bilhões em crédito para projetos estruturantes com foco em inovação, reindustrialização e desenvolvimento sustentável. Segundo o banco de fomento, até o momento já foram enviadas propostas que somam R$ 12 bilhões. 
 
Clima extremo. O período de estiagem na Amazônia brasileira está mais severo e a temperatura da floresta aumentou 2 graus entre 1985 e 2020, segundo estudo liderado por cientistas da USP. A análise revisou 35 anos de dados de desmatamentos, temperatura e chuvas no bioma e descobriu que o desmatamento é responsável por 74,5% da redução de chuvas e 16,5% do aumento da temperatura nos meses de seca. (Agência Brasil)
 
Estatuto do Pantanal. Seguiu para sanção presidencial o projeto de lei que cria o Estatuto do Pantanal. O PL 5.482/2020 traz princípios e diretrizes para a proteção, restauração e uso sustentável das terras no bioma, com regras sobre manejo do fogo, turismo e pagamento por serviços ambientais. (Agência Senado)

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