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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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O grupo das sete maiores economias globais (G7) encerrou a reunião ministerial de clima e energia nesta terça (30/4) com um comunicado conjunto comprometendo a “acelerar os esforços rumo à eliminação progressiva da geração de energia a carvão sem captura de carbono e à descarbonização dos sistemas de energia”.
O texto (.pdf) indica 2035 como o prazo para Itália, Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Canadá e Japão eliminarem a fonte fóssil de suas matrizes. Mas deixa uma margem.
“[Nós nos comprometemos a] eliminar progressivamente a geração de energia a carvão sem captura de carbono existente em nossos sistemas de energia durante a primeira metade da década de 2030 ou em um cronograma compatível com a manutenção de um limite de aumento de temperatura de 1,5°C ao alcance, de acordo com o caminho de neutralidade de carbono dos países”.
Ou seja, se um desses países conseguir entrar em uma trajetória de emissões capaz de contribuir para a meta de limitar o aumento da temperatura global – o que não está ocorrendo – o carvão poderia ter uma sobrevida naquela matriz.
Essa margem de alinhamento a 1,5ºC favoreceria Alemanha e Japão, segundo a Reuters. Ainda assim, traz uma melhora nos compromissos em relação à declaração de 2023.
Em coletiva de encerramento da reunião, o ministro da Energia da Itália (país que preside o G7 este ano), Gilberto Pichetto, disse que o compromisso tentou ser flexível para se ajustar a conflitos inesperados que possam afetar a segurança energética, a exemplo da invasão da Ucrânia pela Rússia.
Emissões em queda
Não é a primeira vez que o G7 chega a um acordo sobre o carvão. Em junho de 2021, sob a presidência do Reino Unido, o grupo decidiu interromper, até o final daquele ano, os subsídios públicos para a geração térmica a carvão.
Dados da Agência Internacional de Energia (IEA) mostram que as emissões de CO2 relacionadas à energia e a demanda por carvão nos países do G7 atingiram o menor nível em 2023.
No caso da demanda por carvão, os níveis chegaram a patamares anteriores a 1900, mesmo com o PIB crescendo mais de três vezes nessas economias.
Observando esse cenário, a IEA defende que países ricos sejam mais agressivos na eliminação do carvão, do que outras regiões que ainda têm uma forte dependência da fonte fóssil e não contam com a mesma quantidade de recursos para acelerar a transição.
A estimativa é que mais de 500 GW de nova capacidade de carvão estão em desenvolvimento em países emergentes.
Baterias e transição justa
De acordo com o comunicado, a intenção é dar seguimento ao que foi acordado na COP28, no final do ano passado e enviar uma mensagem “especialmente às principais economias”, sobre o nível de compromisso necessário para enfrentar as mudanças climáticas.
Os novos compromissos incluem:
- Eliminar gradualmente o carvão;
- Incentivar o crescimento das energias renováveis através da multiplicação da capacidade de armazenamento de energia;
- Promover a colaboração do G7 no setor de energia de fusão nuclear;
- Romper com as importações restantes de gás russo;
- Reduzir as emissões de metano;
- Aumentar a segurança e sustentabilidade de materiais críticos;
- Eliminar as emissões de gases de efeito estufa não relacionados ao CO2;
- Criar um “Hub G7” para acelerar ações de adaptação;
- Estabelecer uma “Coalizão de Água do G7“;
- Desenvolver uma agenda voluntária sobre têxteis e moda circulares;
- Garantir uma transição justa para energia limpa em países em desenvolvimento, especialmente na África.
Cobrimos por aqui:
- Presidentes do G7 e do G20, Itália e Brasil devem fortalecer relações para transição verde, diz Cônsul
- Rio Grande do Sul reacende discussão sobre transição justa do carvão
- Indústria nuclear busca espaço na transição do carvão no Brasil
- Fontes de baixa emissão devem suprir nova demanda global por eletricidade até 2026
Curtas
Verde competitivo
Para a White Martins, líder brasileira no setor de gases industriais, o hidrogênio verde – produzido por meio da eletrólise com energia renovável – já é competitivo em comparação ao cinza – produzido por meio da reforma do gás natural.
Em entrevista à agência epbr, o CEO da companhia, Gilney Bastos, afirma que a produção tradicional através de SMR – os reformadores – ficou cara por conta do alto preço do gás natural hoje comercializado no mercado.
Hidrogênio com subsídios?
O relatório apresentado pelo senador Otto Alencar (PSD/BA) na semana passada trouxe de volta ao projeto de marco legal – originário da Câmara dos Deputados – uma série de incentivos e subsídios para o hidrogênio de baixo carbono no país. Leia na epbr
Hub no Maranhão
A Eletrobras assinou, ontem (29/04), um Memorando de Entendimento (MoU) com o governo do Maranhão para desenvolver a cadeia de hidrogênio renovável. A parceria tem como objetivo o suprimento de energia para produção de hidrogênio de baixo carbono em futuros projetos industriais no estado com o apoio do governo local.
Hidrogênio natural na Petrobras
A petroleira anunciou, nesta terça (30/4), que investirá R$ 20 milhões em pesquisas sobre os processos de geração e viabilidade de extração do hidrogênio natural no Brasil – também conhecido como hidrogênio geológico, por ser produzido no interior do planeta por meio de diferentes processos. O trabalho de pesquisa ocorre desde outubro de 2023, inicialmente no estado da Bahia, com previsão de ser realizado em outros estados do país.
Etanol de cereais
A Be8 definiu a empresa indiana Praj para estabelecer um contrato de licença de processo, projeto e engenharia da sua primeira planta de etanol, que será instalada em Passo Fundo (RS). A nova planta de etanol será a primeira de grande porte no estado produzindo o biocombustível com cereais. A fábrica tem previsão de operação em 2026 e projeta um investimento de aproximadamente R$ 1 bilhão.
Chamada para energia renovável na África
A EDP lançou, nesta semana, a sexta edição do Fundo A2E (Access to Energy), programa que seleciona e financia os melhores projetos de acesso a energia renovável em comunidades de países africanos. Organizações interessadas em apresentar iniciativas podem se inscrever até 29 de maio.
O Fundo A2E dispõe de um milhão de euros e pretende financiar projetos em cinco geografias – Moçambique, Nigéria, Maláui, Quênia e Ruanda –, países com índices altos de desigualdade energética.