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Fusão agro e óleo da Petrobras inclui biometano e etanol

Petrobras planeja aquisição de usinas de biometano e parceria no setor de etanol, em meio a expansão de biocombustíveis

Brasília (DF) 04/09/2024- A presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, participa da cerimônia do pacto pela diversidade, equidade e inclusão nas empresas estatais.
Foto: Joédson Alves/Agência Brasil
Brasília (DF) 04/09/2024- A presidenta da Petrobras, Magda Chambriard, participa da cerimônia do pacto pela diversidade, equidade e inclusão nas empresas estatais. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

NESTA EDIÇÃO. Petrobras projeta investimentos em etanol e biometano, em meio a expansão no mercado de combustíveis renováveis.

Em São Paulo, prefeitura assina decreto para inserir gás renovável no transporte público.


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De olho na demanda por novos combustíveis, a Petrobras está em busca de uma aproximação com o agronegócio, em uma estratégia que passa por investimentos em biorrefino e aquisições no setor de etanol e biometano.
 
“Vamos fundir o setor petróleo com o agro brasileiro”, disse nesta terça (2/9) a presidente da estatal, Magda Chambriard, ao defender o retorno da petroleira ao mercado de etanol.
 
Durante o 12º Fórum do Biogás, em São Paulo (SP), a executiva criticou a saída da empresa do segmento de etanol e lembrou que o plano de negócios 2025-2029 prevê US$ 16,5 bilhões em investimentos em transição energética. 
 
“É muito dinheiro, é uma carteira que precisa ser rentável”, apontou a presidente.
 
Desse montante, US$ 2,2 bilhões já aprovados pelo conselho da empresa são para o retorno ao etanol. Está prevista uma parceria com uma grande empresa do setor — ainda não definida.
 
A atualização do plano está em curso e deve ser divulgada até o fim do ano.
 
Outra aquisição no radar é para posicionar a petroleira no emergente mercado de biometano.
 
A partir de 2026, a molécula de gás renovável passará a ser obrigatória no gás fóssil comercializado no país e a estatal está atenta a isso.
 
Segundo Chambriard, a Petrobras “está em conversas avançadas com players do setor” para investir em plantas existentes de biometano.
 
“Estamos falando de fusões e aquisições”, disse a executiva. 
 
O objetivo é que a companhia tenha uma participação nas empresas, sem se tornar operadora. A expectativa é que os primeiros anúncios sejam feitos no segundo trimestre de 2026.
 
Em janeiro, a estatal abriu uma chamada para a aquisição de biometano, com o objetivo de atender ao mandato previsto na lei do Combustível do Futuro. O resultado, no entanto, levantou dúvidas sobre a capacidade do mercado de suprir essa demanda inicial.



Em São Paulo, o biometano entrou na agenda de descarbonização da maior metrópole brasileira, como uma alternativa à eletrificação de ônibus do transporte público e caminhões de coleta de resíduos.
 
Também nesta terça, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) assinou decreto que institui o programa Bio SP, com regras para aquisição de biometano e sua incorporação progressiva à frota da cidade.
 
A decisão chega em meio a uma crise com a Enel, usada por Nunes como justificativa para o atraso no cumprimento da meta de eletrificação dos ônibus.
 
De acordo com o Programa de Metas de 2025 a 2028, a capital paulista deve substituir 2,2 mil ônibus movidos a diesel por alternativas mais limpas. É uma revisão para baixo da ambição anterior, que previa a substituição de 20% da frota.
 
“Temos um problema muito sério, que não tivemos a sorte de uma empresa que fornece a energia para nós, que é a Enel, que pudesse dar a infraestrutura necessária para as garagens abastecerem seus ônibus”, criticou o prefeito nesta terça.
 
É também uma forma de aproveitar o potencial de biometano de resíduos urbanos da cidade, e do setor sucroenergético do estado.
 
“Aí a gente vem com essa alternativa de uso do gás. Os estudos da SPTrans têm mostrado a viabilidade e as conversas e negociações com a indústria e o setor de produção [também]”, completou Nunes.
 
Atualmente, o combustível utilizado nos 125 caminhões da coleta é produzido nos próprios aterros municipais. A meta é que mais de 600 caminhões da frota de coleta sejam substituídos até 2027.
 
A ABiogás estima que apenas os resíduos produzidos na cidade de São Paulo poderiam substituir 50% do diesel consumido pelo transporte público municipal.


Decreto a caminho. A regulamentação do mandato do biometano deve ser publicada ainda esta semana, afirmou nesta terça-feira (2/9) o novo diretor da ANP, Pietro Mendes. O programa de incentivo ao biocombustível, criado pela lei do Combustível do Futuro, está previsto para começar em 2026.
 
Novo secretário de Energia. O MME nomeou João Daniel Cascalho no cargo de secretário nacional de Energia Elétrica. Ele atuava antes no assessoramento do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSB), em gestão e formulação de políticas nos setores de energia e mineração.
 
Chamada de Clima. O BNDES lançou edital com orçamento de até R$ 5 bilhões para fundos de investimento verdes. A intenção é atrair R$ 13 bilhões em capital privado, totalizando R$ 18 bilhões para projetos de descarbonização industrial, transição energética, infraestrutura climática, agricultura sustentável e restauração.
 
Mercado livre para baixa tensão. O MME abriu, nesta terça-feira (2/9), consulta pública sobre a regulamentação da abertura do mercado de energia elétrica para os consumidores atendidos em baixa tensão (inferior a 2,3 kV), mudança prevista na MP 1300.
 
GD controlada. A 1ª revisão da agenda regulatória da Aneel, para o biênio de 2025-2026, acrescentou a definição de requisitos de “observabilidade, operabilidade e controlabilidade” da geração distribuída. É uma resposta às preocupações do ONS sobre impactos no SIN.
 
Vantagem verde. A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado aprovou, nesta terça (2/9), em turno suplementar de votação, o substitutivo apresentado por Cid Gomes (PSB/CE) ao PL 1086/2024, ampliando vantagens para produtos verdes em compras públicas.

Combate a fraudes. O Congresso deve votar nesta semana propostas para reforçar o combate a fraudes no mercado de combustíveis, prometeu o deputado federal Arnaldo Jardim (Cidadania/SP). O objetivo é endurecer as punições contra adulterações e enfrentar a atuação do crime organizado no setor.

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