NESTA EDIÇÃO. Indústria eólica vai precisar de 628 mil trabalhadores até 2030, aponta GWEC.
Brasil deve desacelerar contratações no curto prazo, em meio a crises no setor.
Uma das bandeiras da transição energética, a criação de empregos na instalação de parques de geração renovável em todo o mundo está diante de um desafio: encontrar trabalhadores qualificados para as novas tecnologias energéticas, mostra um relatório do Conselho Global de Energia Eólica (GWEC, em inglês).
A expectativa é que a demanda por trabalhadores nos setores de energia eólica onshore e offshore seja de cerca de 628 mil profissionais até 2030, para atender um parque de 2,1 TW.
A estimativa considera apenas a fase de implementação, que vai desde a construção até o comissionamento e a operação.
Para dar uma dimensão do crescimento: o número de técnicos eólicos necessários em todo o mundo deverá chegar a 493 mil em 2026.
A expansão da demanda por profissionais é particularmente acentuada na área de operação e manutenção da cadeia de valor da energia eólica, o que requer habilidades diversificadas.
“Muitos países enfrentam escassez de técnicos experientes, competição por mão de obra qualificada em todos os setores industriais, capacidade de treinamento limitada, desafios associados ao envelhecimento da força de trabalho e aplicação inconsistente de padrões de treinamento reconhecidos internacionalmente”, alerta o GWEC.
O GWEC observa que o desenvolvimento da força de trabalho é cada vez mais reconhecido como uma questão industrial estratégica, e defende que o planejamento da força de trabalho em nível de projeto deve ser fortalecido.
Ao mesmo tempo, identifica uma lacuna: “o planejamento proativo da força de trabalho para trabalhos de instalação – tanto em termos de gestão de competências quanto de planejamento estratégico – é relativamente ausente em comparação com o setor de manutenção”, mostra o documento.
Para a organização, a preparação do mercado de trabalho deve ser elevada ao mesmo nível de prioridade que o investimento na cadeia de suprimentos, a reforma das licenças e o desenvolvimento da rede elétrica.
Brasil desacelera no curto prazo
O Brasil é um dos seis mercados analisados pelo GWEC com desafios em comum quando o assunto é disponibilidade de técnicos, capacidade de treinamento e retenção de talentos.
Mas, assim como Estados Unidos, Índia, Alemanha, França e Austrália, o Brasil também tem suas batalhas particulares.
Por aqui, a perspectiva é de desaceleração na criação de empregos neste setor no curto prazo, e recuperação a partir de 2028, especialmente após o país iniciar as instalações offshore.
A indústria eólica vive uma crise de excesso de oferta e baixa demanda, o que tem desencorajado a construção de nova capacidade.
Mas a chegada de data centers incentivados pelo Redata e das indústrias de hidrogênio verde despontam como promessas de grandes consumidores para projetos de geração renovável.
O relatório do GWEC estima que após o pico de cerca de 16,7 mil trabalhadores em 2023, e queda para 12,8 mil em 2024, o mercado deve se manter estável este ano, para recuar a 8,6 mil no ano que vem.
Uma recuperação gradual para 9,7 mil contratados é estimada para 2028, chegando a 10,6 mil em 2030 apenas nos projetos onshore. Como o início dos parques offshore, esse número de trabalhadores empregados nesta indústria pode atingir 13,5 mil em 2035.
Cobrimos por aqui
Curtas
Apagão em SP. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), voltou a cobrar o governo federal sobre a possibilidade de intervenção na Enel, nesta segunda-feira (15/12). Tarcísio afirma ter falado com o presidente Lula (PT) na semana passada e deve se reunir com o ministro Alexandre Silveira (PSD), nesta terça-feira (16/12).
- Ao todo, 29.140 clientes continuavam com o serviço interrompido em toda a área de concessão da Enel no início desta segunda.
R$ 1 bi para infraestrutura elétrica. Bradesco e Neoenergia anunciaram as primeiras emissões de debêntures do Programa Eco Invest, no valor de R$ 1 bilhão, para modernização da infraestrutura elétrica. As operações foram divididas entre as distribuidoras Coelba (BA) e Elektro (SP/MS), para iniciativas como instalação de smart grids e aterramento de linhas expostas a riscos climáticos.
Licenciamento ambiental. O presidente Lula (PT) afirmou, nesta segunda-feira (15/12), que quem perde com a decisão do Legislativo de derrubada dos vetos à nova lei do licenciamento são os empresários do agro, que podem ser impedidos de vender para mercados externos por desrespeito às legislações de outros países.
Greve dos petroleiros. A paralisação dos petroleiros teve início na madrugada de segunda-feira (15/12) com a entrega da operação das plataformas do Espírito Santo e do Norte Fluminense às equipes de contingência da Petrobras. Não há impactos na produção de petróleo e derivados, de acordo com a estatal.
PDVSA relata ciberataque. A estatal Petróleos de Venezuela S.A. (PDVSA) afirmou, nesta segunda, que foi alvo de um ciberataque para interromper suas operações. Em comunicado, a empresa acusou os EUA de liderarem o ataque e rejeitou o que classificou como uma “ação deplorável, orquestrada por interesses estrangeiros em cumplicidade com fatores apátridas”.

