NESTA EDIÇÃO. Medidas com maior potencial de redução de emissões nas atividades de E&P são também as que exigem maior esforço.
Relatório recomenda atuação coordenada entre governo, empresas do setor e investidores para implementação de esforços de descarbonização.
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Eletrificação das operações com energia do grid, substituição das turbinas de gás natural de ciclo aberto por ciclo combinado e eletrificação com geração centralizada (all electric) — nesta ordem — são as três medidas com maior potencial de redução de emissões nas atividades de exploração e produção (E&P) de petróleo e gás, mostra um estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
Essas tecnologias, no entanto, também são as que exigem maior esforço quando o assunto é custo e maturidade tecnológica, junto com a reinjeção de CO2.
A EPE encaminhou ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) um relatório com recomendações para iniciativas do governo em direção à descarbonização do E&P nacional.
O documento obtido pela agência eixos aponta que a transição do setor é um desafio “estratégico e multidimensional”, que “exige a atuação coordenada do governo, das empresas do setor e dos investidores”, e indica quatro eixos de ação para políticas direcionadas à indústria fóssil.
Elaborado com apoio da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA), o relatório é uma entrega prevista na Resolução 8/2024 do CNPE (.pdf), que estabeleceu diretrizes para descarbonização do E&P brasileiro.
“Dado o papel central do setor de óleo e gás na economia brasileira e na segurança energética nacional, a transição para um modelo de menor impacto ambiental precisa ser conduzida de forma planejada e estruturada”, diz o estudo.
“A crescente demanda global por energia mais limpa, somada à pressão de investidores e consumidores por práticas mais sustentáveis, reforça a necessidade de um compromisso sólido com a redução das emissões”, continua.
Grandes emissores primeiro
Para serem implementados com eficiência e sustentabilidade, os esforços de descarbonização no Brasil devem começar pelos grandes emissores.
A EPE destaca que serão necessárias medidas de curto e médio prazo, tanto para possibilitar reduções imediatas com as tecnologias disponíveis quanto para planejamento de estratégias que ampliem a escala de mitigação, a partir de inovação, investimentos e estímulos.
Dentro das ações de curto prazo, os esforços devem ser direcionados para identificação e desenvolvimento de estratégias para mitigação nos maiores emissores, “implementando campanhas de detecção e monitoramento mais rigorosas, que envolvam tanto a avaliação das unidades de produção existentes quanto os projetos novos”, aponta.
O primeiro passo pode ser a contratação de campanhas específicas de levantamento e mapeamento das emissões.
“Com a identificação das fontes mais significativas de emissões, o governo conseguirá priorizar ações de mitigação e alocar recursos de forma mais eficiente, além de garantir que campos, instalações e atividades destacados como maiores emissores sejam foco das políticas de redução de gases de efeito estufa”.
Nesse sentido, a EPE defende o fortalecimento da atuação da ANP na gestão das emissões do setor.
Eixos de atuação
Para alinhar o setor às ambições de cortar emissões e limitar o aquecimento do planeta, a EPE propõe ao governo e à indústria quatro eixos principais de atuação:
- disseminação de boas práticas e redução da assimetria de informação, com objetivo de garantir que empresas de diferentes portes tenham acesso a conhecimento e soluções de mitigação;
- estímulo à capacitação e à inovação, o que poderia viabilizar o desenvolvimento e a adoção de novas tecnologias para reduzir emissões;
- incentivos para viabilização de projetos de descarbonização, a partir da promoção de um ambiente econômico favorável aos investimentos;
- suporte às atividades de regulação e fiscalização, assegurando que as diretrizes ambientais sejam cumpridas e aprimoradas conforme necessário por instituições fortalecidas.
Viabilizando projetos de descarbonização
No capítulo dedicado a propostas para uma estratégia nacional de descarbonização no segmento de E&P, a EPE aponta que, além de desenvolver o capital humano, é crucial que os projetos no Brasil estejam alinhados às melhores práticas internacionais de redução da pegada de carbono.
Nesse sentido, a lista de sugestões vai desde facilitação do acesso ao financiamento internacional para projetos de remoção e mitigação de emissões até o monitoramento da integração das empresas do setor ao mercado de carbono.
O relatório propõe, por exemplo, mapear oportunidades que levem a um maior aproveitamento das fontes de baixo carbono nas operações de exploração e produção, inclusive no suprimento de energia elétrica.
Isso inclui a identificação dos tipos de ativos com maior potencial de suprimento via renováveis e o estabelecimento de metas de suprimento, de acordo com os diferentes perfis de projetos.
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