NESTA EDIÇÃO. Lançamento de estatal na China marca novo capítulo da corrida internacional pela energia de fusão.
Tecnologia que imita o sol para gerar eletricidade atrai investimentos em diferentes partes do mundo, mas ainda está cercada de desafios.
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A China lançou oficialmente, esta semana, a empresa nacional de energia de fusão, com investimentos de companhias estatais, incluindo de fissão nuclear. O projeto ambicioso quer fornecer combustível livre de carbono e inaugurar uma nova fase no cenário energético global.
Embora a tecnologia que funde isótopos de hidrogênio imitando a produção de energia do sol ainda não tenha chegado ao patamar comercial em nenhum país, é mais um exemplo de como a nuclear está se integrando à corrida por fontes limpas e seguras de energia.
Publicado esta semana, o McKinsey Technology Trends Outlook aponta que uma nova onda de empresas e iniciativas públicas está correndo para tornar a fusão nuclear uma fonte prática de energia limpa.
Entre os exemplos de “mundo real” estão os projetos da Commonwealth Fusion Systems com a Tokamak Energy.
As companhias sediadas no Reino Unido estão construindo diferentes reatores baseados em um dispositivo chamado tokamak, usando poderosos ímãs supercondutores.
Além de projetos com apoio governamental na França, Coreia do Sul e China, que estão expandindo os limites da ciência do plasma.
“No entanto, todos esses esforços permanecem experimentais, e a promessa da fusão de energia abundante e livre de carbono é incerta”, pontua o relatório.
Os analistas observam que além das tecnologias de fissão comprovadas, a promessa da fusão nuclear para geração de energia está atraindo investimentos, mas desafios técnicos significativos precisam ser superados para tornar essa tecnologia uma realidade.
Altos gastos de capital, longos cronogramas de construção e preocupações públicas constantes com segurança e resíduos nucleares são alguns obstáculos.
Potencial de US$ 400 bi com fusão e fissão
No geral, a pesquisa estima que a energia nuclear pode ser responsável por algo entre 8% e 43% da eletricidade global até 2040, a depender dos caminhos de descarbonização, do apoio político e do ritmo do progresso tecnológico.
No cenário mais otimista, isso significa um potencial de US$ 400 bilhões em receitas.
Vale dizer que vários países iniciaram ou expandiram seus programas de fissão nuclear nos últimos anos, como parte das estratégias de substituição de combustíveis fósseis na matriz. Em novembro de 2024, na COP29, 31 países se comprometeram a triplicar a capacidade global de energia nuclear até 2050.
Entre as alternativas que têm conquistado atenção do mercado estão os pequenos reatores modulares (SMRs), com esforços em andamento nos Estados Unidos e Europa.
Por serem modulares, eles prometem reduzir custos e acelerar a implantação de usinas de fissão nuclear.
Nos EUA, a McKinsey lista empresas como Oklo, X-energy, TerraPower e Kairos Power, que se lançaram na corrida para desenvolver SMRs comercialmente viáveis e garantir cadeias de abastecimento de combustível nacionais.
Pelo lado da demanda, a fome de energia das big techs é a grande promessa. Microsoft, Google e Amazon já anunciaram acordos com usinas nucleares para ajudar a atender seus data centers.
Cobrimos por aqui
Curtas
Disputa mineral nos bastidores do tarifaço. O principal representante diplomático dos Estados Unidos no Brasil confirmou que a negociação das taxas impostas pelo presidente Donald Trump passa pelo acesso privilegiado a recursos estratégicos brasileiros para a transição energética.
- Em reunião com representantes do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o encarregado de negócios da embaixada norte-americana em Brasília, Gabriel Escobar, vinculou a negociação das taxas a acordos para minerais críticos.
- Na quinta (24/7), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Geraldo Alckmin (PSB), comentou que a pauta de negociação “é muito longa e pode ser explorada e avançada”, ao ser questionado por jornalistas sobre possível negociação sobre minerais.
Data center com gás. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico de Sergipe, Marcelo Menezes, data center precisam de diferentes alternativas energéticas além das renováveis, dada a alta demanda por eletricidade e a necessidade de suprimento firme. Em entrevista ao estúdio eixos, o secretário criticou a MP 1307/2025, que obriga a contratação de energia renovável em ZPEs.
Foz do Amazonas. O Ibama solicitou à Petrobras os planos para simulação de emergência na Foz do Amazonas, que serão discutidos em 12 de agosto. O cronograma frustrou as expectativas da petroleira de realizar a operação ainda este mês, para pleitear a licença para o início da perfuração.
E30. A ANP abriu, nesta sexta (25/7), a consulta pública sobre a minuta de resolução com regras para aumento da octanagem da gasolina. A medida é necessária para viabilizar a elevação do percentual da mistura de etanol anidro à gasolina, de 27% para 30%, previsto para 1º de agosto.
Etanol de milho. A FS iniciou a construção de sua quarta unidade industrial em Mato Grosso. A planta, localizada em Campo Novo do Parecis, recebeu aporte de R$ 2 bilhões e deverá entrar em operação em dezembro de 2026. A unidade terá capacidade para produzir 540 milhões de litros de etanol por ano.
Evacuação em Brumadinho. A ANM elevou, na quinta (24) o nível de emergência da barragem B1-A para nível 2, em Brumadinho, no interior de Minas Gerais. A medida é preventiva. Estudos conduzidos por auditores e projetistas não foram conclusivos sobre a segurança da estrutura.
Bandeira vermelha. A Aneel anunciou nesta sexta-feira (25/7) que os consumidores terão bandeira vermelha patamar 2 durante o mês de agosto, devido à maior necessidade de acionamento de usinas termelétricas. As tarifas terão adicional de R$ 7,87 para cada 100 kWh consumidos.
Amazonas Energia. A Justiça Federal concedeu na quinta (25/7) mais uma prorrogação para a conclusão da transferência da Amazonas Energia para a Âmbar, do grupo J&F. As partes terão mais 90 dias para se acertarem com a Aneel.
Emissões portuárias. A Antaq autorizou o início da segunda fase do Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa do setor aquaviário, com foco na obtenção de dados primários diretamente de portos, terminais e Empresas Brasileiras de Navegação (EBNs).
Poluição plástica. Pesquisa realizada em Maceió (AL) encontrou microplásticos em placentas e cordões umbilicais de bebês nascidos na capital alagoana. É o primeiro estudo do tipo realizado na América Latina. Os compostos mais presentes foram o polietileno, usado na fabricação de embalagens plásticas descartáveis e a poliamida, que faz parte da composição de tecidos sintéticos.
Startups para a Amazônia. O Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), vinculado ao MDIC, lançou nesta sexta-feira (25/07) o segundo edital do programa CBA OPEN, voltado a startups com foco em bionegócios na região amazônica.
Transição justa. A Schneider Electric anunciou nesta sexta (25/7) a entrega de 520 equipamentos para geração de energia fotovoltaica na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, em Santarém (PA). A iniciativa em parceria com a ONG Projeto Saúde e Alegria espera alcançar 2,6 mil pessoas diretamente e faz parte do Programa de Acesso à Energia da companhia.
Artigos da semana
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