diálogos da transição

Emissões veiculares estão mudando de perfil no Brasil

Novas tecnologias e padrões de mobilidade estão alterando o perfil das emissões veiculares no Brasil, mostra inventário nacional

Trânsito intenso na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto Agência Brasil)
Trânsito intenso na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (Foto Agência Brasil)

NESTA EDIÇÃO. Setor de transportes está emitindo menos material particulado e mais CO2, mostra inventário.

MMA defende integração de agenda de clima e qualidade do ar.


Evoluções tecnológicas, políticas ambientais e expansão da frota estão alterando o perfil das emissões veiculares no Brasil, que passam a ter menos material particulado e mais carbono, mostra o inventário publicado nesta terça (2/12) pelo Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
 
Com uma frota e 45 milhões de carros, sendo 7% flex fuel e mais de 2,5 milhões de ônibus e caminhões, o país tem adotado políticas como ProconveRenovaBioMover e Combustível do Futuro para mitigar os impactos do setor sobre a qualidade do ar e o clima.
 
A preferência pelo transporte individual traz novos desafios, no entanto. Para o Iema, o cenário demonstra que avanços tecnológicos, isolados, não dão conta do esforço para cortar os diferentes tipos de emissões.
 
Coordenado pelos ministérios do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e dos Transportes, o estudo observa que algumas iniciativas já mostram resultados. 
 
Por exemplo, o Proconve conseguiu levar as emissões de material particulado para uma trajetória de queda desde o início dos anos 2000.
 
De mais de 64 mil toneladas do poluente lançadas na atmosfera naquele ano, para menos de 18 mil toneladas em 2024. Caminhões pesados e semipesados responderam por 57% dessas emissões.
 
Por outro lado, a expansão da frota e consequente aumento no consumo de gasolina e diesel está puxando as emissões de CO2 — mesmo com a maior participação dos biocombustíveis.
 
De acordo com o inventário, entre 2012 e 2024, o aumento acumulado de CO2 foi de aproximadamente 8%, com as emissões alcançando cerca de 270 milhões de toneladas de CO2. 
 
Os automóveis responderam pela maior parcela, 42%. Mas é o diesel quem emite mais.
 
Cerca de 45% das emissões rodoviárias vieram da queima de diesel fóssil, 27% da gasolina, 13% do etanol hidratado, 7% do etanol anidro e biodiesel, e 1% do GNV.
 
Vale dizer que o inventário considera apenas as emissões do escapamento, isto é, a queima do combustível, sem contabilizar o ciclo de vida do produto.



O inventário também traz, pela primeira vez, dados sobre o carbono negro, um poluente climático de vida curta proveniente do escapamento e do desgaste de freios, pneus e da pista.
 
Essas emissões também estão seguindo trajetórias diversas: enquanto na combustão estão em queda (cerca de 8 mil toneladas em 2024, ante mais de 30 mil toneladas em 2000) no desgaste elas estão em alta (quase 2 mil toneladas no ano passado, o maior volume da série histórica).
 
Já o metano, outro gás de vida curta com alto potencial de aquecimento global, está em queda desde os anos 1990 devido ao avanço tecnológico. Em 2024, automóveis foram os maiores emissores (45%), seguidos por comerciais leves (21%) e caminhões pesados (11%).
 
“Trazer essa atenção especial dos poluentes climáticos de vida curta consolida essa visão atual de governo, já forte em outros países, de integrar a agenda de clima e qualidade do ar”, comentou nesta terça o secretário de Meio Ambiente Urbano, Recursos Hídricos e Qualidade do MMA, Adalberto Maluf.
 
“A mesma crise da poluição é a crise que gera o aquecimento global”, disse durante evento de apresentação do estudo.
 
O secretário afirma que o inventário deve servir de base para políticas públicas baseadas em evidências para reduzir emissões do setor e ajudar o Brasil na transição para o transporte limpo.
 
Para 2026, está prevista uma atualização no Proconve, segundo Maluf.


Lucro do petróleo para transição. A Petrobras tem que utilizar parte do lucro para financiar a transição energética, afirmou o presidente Lula nesta terça-feira (2/12), durante a cerimônia de aumento da capacidade de processamento Rnest, em Pernambuco.

  • “A Petrobras, embora seja uma empresa de petróleo, é mais do que isso. Ela é uma empresa de energia e ela tem que utilizar parte do dinheiro que ela ganha para fazer a transição energética”, disse o presidente.
  • Solar na Rnest. Ontem, a petroleira anunciou a instalação de uma usina solar fotovoltaica para suprir cerca de 10% da demanda da expansão da Refinaria Abreu e Lima.

Licenciamento especial vai a plenário. A comissão mista sobre a MP 1308/25, que regulamenta a Licença Ambiental Especial (LAE), aprovou nesta terça (2) o parecer do relator, deputado Zé Vitor (PL/MG), preservando texto do governo. A MP seguiu para o plenário da Câmara e expectativa é ser votada ainda hoje. (Agência Câmara)

Crise nas renováveis. A Abeeólica vai buscar junto ao MME a adoção do preço horário e a implementação imediata de baterias na geração distribuída. O setor quer equacionar os crescentes cortes de geração, que já provocaram prejuízos de R$ 3,2 bilhões entre janeiro e agosto deste ano.

  • A proposta provocou reação do Inel, que representa a geração distribuída. Para a entidade, obrigatoriedade de baterias transfere para o consumidor final a responsabilidade por problemas estruturais do setor elétrico.

Minerais críticos no Açu. O Porto do Açu está de olho na movimentação de minerais críticos com o aumento da demanda para a transição energética. Segundo o CEO Eugenio Figueiredo, há conversas em curso com empresas, associações e governos de regiões produtoras de minerais que estão na área de influência do porto.
 
Janela curta para o CCS. A SLB vê no Brasil um dos maiores potenciais globais para captura e armazenamento de carbono (CCS), especialmente quando associado à bioenergia. Mas esse potencial, na avaliação da diretora de negócios Janaina Ruas, está condicionado a uma janela curta e estratégica.
 
Baixa tensão em 2027. A Aneel aprovou, nesta terça-feira (2/12), a agenda regulatória para o biênio 2026-2027, com a previsão de aprimoramentos regulatórios relacionados à abertura do mercado de energia para a baixa tensão em 2027. A previsão é para o chamado “Grupo B”, como residências, pequenos comércios e serviços.

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