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Diálogos da Transição
apresentada por
Guilherme Serodio e Larissa Fafá
Editada por Gustavo Gaudarde
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É preciso pensar em políticas pós-crise
A mudança na forma de o mundo trabalhar está ajudando a evidenciar os impactos da ação humano no clima. E no pós-crise haverá uma ameaça a ser contida – a alta desenfreada do consumo de petróleo barato – e uma oportunidade para repensar políticas públicas que prolonguem essa redução pontual de emissões.
Sobre isso escrevem os pesquisadores Luan Santos, Mariana Weiss, Thauan Santos, Lucas Caldas, Esperanza González e Carolina Grottera, no artigo Novo coronavírus (COVID-19) sob a ótica da demanda de energia e dos impactos sociais: o que podemos esperar e como nos preparar?, publicado nesta segunda (30), em epbr.
“Não há absolutamente nada para se comemorar sobre o declínio temporário nas emissões de GEE, decorrente das consequências causadas pelo coronavírus, já que tais emissões tendem a se recuperar logo após o término desta pandemia, como sugere a história. Precisamos, na verdade, de declínios nas emissões de GEE que sejam sustentados”, escrevem os pesquisadores.
A solução, defendem, passa pela forma como a gente produz.
“No pós-crise, é importante que se repense as formas de trabalho, os modelos de produção, os padrões de consumo, bem como a mobilidade urbana. Dessa forma, é fundamental que Estado e iniciativa privada fomentem a modalidade de teletrabalho, uma vez que ela contribui para a mitigação das emissões de GEE da economia”.
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Setor de energia entra em compasso de espera
Todos os leilões de energia estão adiados: os de energia existente (A-4 e A-5), os de energia nova (A-4 e A-6), de transmissão e parte do planejamento previsto para os sistemas isolados. Não apenas pela desaceleração econômica, que já reduz a demanda por energia no país, mas também porque o setor está se reorganizando para atravessar a crise.
Os adiamentos são por prazo indefinido, mas o MME reforçou que não trata-se de um cancelamento dos leilões – etapas concluídas serão válidas, por exemplo.
O Operador Nacional do Sistema (ONS) estima que o consumo de energia será 0,9% menor em 2020, frente a uma previsão de crescimento de 4,2% anterior à pandemia. Para abril, a queda é estimada em 8,1%, mais forte no principal subsistema do país, o Sudeste/Centro-Oeste, com retração projetada em 10%.
A crise chegou à geração distribuída, um dos mercados mais resilientes do setor de energia. Em ano de pibinho, a GD mais que triplicou, chegando a 114 mil novas conexões em 2019. Em março, contudo, veio o baque: apenas 5,2 mil novos sistemas foram conectados, frente a uma média de 14 mil observadas nos últimos meses.
A Absolar fala em instaladores de GD solar com queda de até 50% nos negócios. É um mercado exposto às condições internas, mas também ao dólar e à China, principal fornecedora de células e painéis fotovoltaicos para o Brasil.
Mas a associação garante que as perspectivas de crescimento em 2020 estão mantidas. A Absolar lançou uma série chamada Solar Urgente, em que está publicando informações sobre saídas para atravessar a crise – está no ar, um capítulo sobre alternativas de financiamento.
E o setor de combustíveis, incluindo os de fontes renováveis – e assim como todos os outros mercados – buscam soluções que passam por Brasília. O governo federal ainda não sancionou a MP do crédito rural, que na tramitação pelo Congresso Nacional, passou a incluir a tributação do RenovaBio.
O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) está cobrando. Enviou uma carta, por meio da Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, para os ministérios da Economia, Minas e Energia (MME), Agricultura (MAPA), à Casa Civil e à Secretaria de Governo.
A epbr apurou que há resistência do setor de distribuição à operacionalização do RenovaBio, que implicaria na obrigação de compra de créditos de descarbonização (CBIO). As distribuidoras estão sentindo uma redução na demanda por combustíveis que chega a 50% no caso da gasolina.
As maiores do país, BR Distribuidora e Raízen, estão comunicando fornecedores de etanol quanto a necessidade de suspensão de pedidos de compra, por força maior, tanto para o hidratado, vendido diretamente nos postos, quanto para o anidro, misturado à gasolina. Informações da Bloomberg.
Enquanto isso, os usineiros buscam apoio do governo para adiar o pagamento de impostos e sustentar investimentos na nova safra, que começa oficialmente em 1º de abril – falamos sobre isso na semana passada.
Nesta segunda (30), a ANP também confirmou o adiamento da nova chamada pública da TBG para entrada de novos carregadores, que não a Petrobras, no Gasbol. A partir de um acordo, que envolveu ANP, governo federal e Cade, a Petrobras abriu mão de 10,8 milhões de m³/dia contratados da boliviana YPFB.
O setor de petróleo e gás natural tem uma crise própria para lidar. A disputa por mercado, protagonizada pela Arábia Saudita, derruba o valor da commodity, pressionado o fluxo de caixa dos produtores, com reflexos na decisão por novos investimentos.
No Brasil, a oferta de energia no pós-crise não dependerá apenas da aceleração da economia, mas também de como estarão as empresas de petróleo, gás natural e GNL. O impacto maior será sentido, claro, primeiro pelas empresas menor porte, elevando as apostas em uma nova onda de consolidação ao longo da cadeia.
Mas ainda é cedo para falar em adiamento no pré-sal. Essa mensagem foi reforçada por executivos da Petrobras, na semana passada. São projetos que demandam muito capital, mas também muito eficientes, com um ponto de equilíbrio econômico (breakeven) de US$ 21 por barril.
O planejamento continua: ANP, BNDES, EPE, PPSA e MME publicaram um estudo (.pdf) sobre o aproveitamento desse gás do pré-sal, que consolida discussões iniciadas em 2019. Foram delimitadas ideias que seguem na pauta regulatória
Entre elas, estão a exigência de estudos de viabilidade para o escoamento de gás natural em todos os planos de desenvolvimento de campos do pré-sal – o documento ressalta o respeito à economicidade dos projetos, o que implica nas possibilidade de produção comercial apenas de óleo.
E a necessidade de encontrar alternativas para vender o gás da PPSA para outras empresas, que não a Petrobras, ou até mesmo ofertar o energético no mercado, já que o acordo da petroleira com o Cade (o TCC) definiu que ela não pode contratar gás de sócios e terceiros.
O estudo coloca em pauta a ideia do BNDES, de promover um desenho de mercado que estimule a formação de sociedades de propósito específico (SPE) para construir e operar rotas de escoamento, com apoio do banco no financiamento do projetos – inclui a possibilidade de as SPEs serem formadas por operadores e sócios de campos, com regras de acesso.
E a necessidade de definição de uma metodologia para calcular os benefícios do escoamento em geração de emprego, renda, atividade industrial e no setor de energia, como forma de apoiar políticas públicas.
Por fim, reforça que os consumidores precisam ser envolvidos, para criarem projetos com demanda firme por gás, estimulando o investimentos para aproveitamento por parte dos produtores.
Curtas
Nivalde de Castro, Roberto Brandão e Mauricio Moszkowicz, pesquisadores do Gesel-UFRJ, analisam como a desaceleração das atividades econômicas, ao reduzir a demanda por energia, afeta o segmento de distribuição. E a necessidade de um ação rápida do governo e da Aneel para conter uma crise que pode contaminar outros elos da cadeia. Gesel-UFRJ (.pdf)
A China liderou a expansão da geração de energia eólica, em 2019, com 44% da nova capacidade instalada onshore e 39%, da offshore, levando o país a concentrar 37% (1º lugar) da potência instalada global em terra, que atingiu 621 GW; e 23% (3º lugar) do offshore, que totaliza 29,1 GW no mundo. Relatório da Global Wind Energy Council, publicado na semana passada. epbr
O preço médio do etanol hidratado recuou 2,70% na semana encerrada em 28 de março, segundo pesquisa da ANP. Custou R$ 3,139/litro, nas bombas. A queda mais expressiva foi no Sudeste, com recuo de 3,25%, para R$ 3,066. O preço para o produtor também despencou em São Paulo, entre 16 e 20 de março: quedas de 13,97%, para R$ 1,6721 (hidratado) e de 6,2%, para R$ 2,0221 (anidro), segundo Cepea/Esalq . ANP (.pdf)
Wilson Ferreira Junior, presidente da Eletrobras, acredita na aprovação do projeto de lei de privatização da empresa em 2020. “A gente trabalhava com a perspectiva de ter o PL aprovado no primeiro semestre. Muito provavelmente ele vai se deslocar para o segundo semestre”, afirmou em conferência com analistas de mercado. Valor
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