NESTA EDIÇÃO. Taxas de desmatamento caem mais de 11% na Amazônia e no Cerrado.
Lula defende Foz do Amazonas em evento com setor de biocombustíveis.
Carvão ganha prorrogação de contratos em MP do setor elétrico.
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O desmatamento na Amazônia e no Cerrado caiu 11,08% e 11,49%, respectivamente, entre agosto de 2024 e julho de 2025 na comparação com o período anterior, divulgou nesta quinta (30/10) o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
 
Uma boa notícia para o Brasil, que está levando para a COP30, em Belém, uma campanha para remunerar países que protegem suas florestas, ao mesmo tempo em que aposta no controle do desmatamento as suas fichas para mitigar emissões.
 
Mas é também um alerta de que o corte de emissões para cumprir o Acordo de Paris e contribuir para limitar o aquecimento do planeta vai depender de ações em outros setores, apontam organizações ambientais.
 
De acordo com o MMA, a área desmatada na Amazônia atingiu 5.796 km² no último ano, a terceira menor taxa da série histórica, que começou a ser medida em 1988.
 
Desde o início do terceiro mandato do governo Lula (PT), as taxas acumulam queda de 50% em relação a 2022 — mas vale lembrar que na gestão de seu antecessor o desmatamento estava em uma escalada.
 
O Cerrado também manteve a tendência de retração. A taxa oficial de desmatamento para o período foi de 7.235,27 km², o segundo ano consecutivo de redução, após cinco de alta (2019 a 2023).
 
A pasta comandada por Marina Silva (Rede) estima que esse resultado evitou a emissão de 733,9 milhões de toneladas de CO2e desde 2022, o equivalente às emissões de Espanha e França somadas em 2022.
 
Durante evento de divulgação dos dados, a ministra atribuiu os números ao compromisso do governo federal em zerar o desmatamento em todo o país até 2030 e ações efetivas neste sentido, como financiamento do Fundo Amazônia e intensificação da fiscalização e monitoramento.
Um olho na floresta, outro no petróleo
Horas antes de Marina celebrar a floresta em pé, o presidente Lula (PT), em outra agenda, justificava a campanha exploratória que se desenha para a Bacia da Foz do Amazonas, no Amapá.
 
Durante um evento com representantes do setor automotivo e indústria de biocombustíveis, no Palácio do Planalto, em Brasília, o presidente da República disse que “não é possível abrir mão do combustível fóssil do dia para a noite”, embora seja “preciso construir o fim da utilização do combustível fóssil”.
 
“Tem uma celeuma no Brasil sobre a exploração de petróleo na Margem Equatorial. Foi dada licença do Ibama para que a Petrobras comece a fazer pesquisa. Tenho dito que não é possível ninguém abrir mão do combustível fóssil do dia para a noite”, declarou nesta quinta.
 
E é justamente o ponto que preocupa organizações ambientais.
 
Para o Observatório do Clima, os dados divulgados pelo MMA mostram que o desmatamento zero está ao alcance e só depende de o governo e a sociedade quererem chegar lá.
 
Por outro lado, as reduções ficarão mais difíceis daqui para a frente e mais dependentes de alternativas econômicas que ainda faltam para a região. Além disso, o controle de emissões de gases de efeito estufa precisará cada vez mais ser feito em outros setores. 
 
“O governo dá com uma mão e tira com a outra: o mesmo Lula que reduz a taxa Prodes também força a expansão da produção de petróleo no Brasil, contrariando a ciência e sabotando a COP30”, comenta Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima. 
 
“A redução do desmatamento não pode servir como justificativa para o Brasil virar um petroestado”, critica.
Cobrimos por aqui
Curtas
Sai gás, fica carvão. O Congresso Nacional aprovou a medida provisória 1304/2025, com o acolhimento de cerca de uma centena de emendas que tratam dos cortes de geração de energia (curtailment), rateio dos custos desses desligamentos com a geração distribuída, além de baterias, contratação de térmicas e mudança no preço de referência do petróleo.
- Durante votação na comissão mista, o senador Eduardo Braga (MDB/AM), relator da matéria, acatou a retirada da contratação de térmicas a gás natural, mas manteve a extensão dos contratos das térmicas a carvão, após acordo de líderes.
Cotas de Reserva Ambiental. Também nesta quinta (30/10), a ministra Marina Silva entregou as primeiras Cotas de Reserva Ambiental (CRAs) do país. Previsto no Código Florestal, o título corresponde a um hectare de vegetação nativa excedente, existente ou em recuperação, que pode ser utilizado para compensar a Reserva Legal de imóveis rurais.
- O governo estima um potencial de aproximadamente 25,5 milhões de CRAs. Considerando uma referência de R$ 500 por hectare ao ano, esse mercado emergente pode movimentar cerca de R$ 12,75 bilhões anualmente.
Biocombustíveis para exportação. O presidente Lula discutiu, nesta quinta-feira (30/10), as possibilidades para incentivar a pesquisa e colocar os biocombustíveis na pauta exportadora brasileira. Ele esteve reunido com o CEO da Be8, Erasmo Carlos Battistella, e o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e América Latina, Denis Güven, no Palácio do Planalto. 
 
Trégua EUA-China. Donald Trump e Xi Jinping concordaram em flexibilizar os controles de exportação e reduzir outras barreiras comerciais durante cúpula na Coreia do Sul. Na mira estão as terras raras. A China deve suspender embargos sobre ímãs de terras raras em troca de um acordo dos EUA para reverter a expansão das restrições a empresas chinesas.
 
Apoio ao SAF nacional. O Conselho Monetário Nacional aprovou nesta quinta-feira (30/10) as normas para permitir empréstimos às companhias aéreas com recursos do Fundo Nacional da Aviação Civil (FNAC). Estão previstos R$ 4 bilhões para seis linhas de financiamento que vão desde a compra de aeronaves nacionais à aquisição de combustíveis sustentáveis produzidos no país.
 
					
 
			
 
			 
			 
			 
			 
			 
			 
			 
			 
			