Diálogos da Transição

Curitiba começa a testar ônibus para plano de eletromobilidade

Resultados vão subsidiar elaboração do edital de compra dos primeiros ônibus elétricos para 2024

Curitiba começa a testar ônibus para plano de eletromobilidade. Na imagem: Ônibus articulado 100% elétrico; Modelo Attivi Express tem capacidade para 170 passageiros, autonomia de 250 km e carregamento de bateria em quatro horas (Foto: Divulgação/Marcopolo)
Modelo Attivi Express tem capacidade para 170 passageiros, autonomia de 250 km e carregamento de bateria em quatro horas (Foto: Divulgação/Marcopolo)

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Editada por Nayara Machado
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A capital paranaense começa a testar nesta sexta (28/4) um ônibus elétrico da chinesa BYD no transporte coletivo. A avaliação marca o início da série de exames técnicos que vão servir de base para o plano de eletromobilidade do município.

Os resultados vão subsidiar a elaboração do edital de compra dos primeiros ônibus elétricos que farão parte da frota municipal em 2024.

A BYD é uma das seis empresas cadastradas no edital de chamamento público lançado pela prefeitura de Curitiba em maio de 2022, exclusivamente para testes em larga escala de ônibus elétricos na Rede Integrada de Transporte (RIT).

Eletra, Volvo, Mercedes, Higer e Marcopolo também fornecerão veículos para os estudos, que devem ocorrer até outubro.

Em setembro do ano passado, a Higer fez uma demonstração em cinco linhas do transporte coletivo de Curitiba. Na ocasião, 3.923 pessoas utilizaram o ônibus elétrico.

Este ano, a montadora apresentará seu veículo dentro dos critérios do edital para avaliação técnica.

Durante 30 dias, podendo ser prorrogado por mais 30, os veículos vão trafegar nas linhas Inter II, Interbairros 2 e Eixo Leste Oeste, que transportam cerca de 370 mil pessoas por dia.

A ideia é avaliar a performance do ônibus em diferentes características e condições viárias, com a variação de carga, consumo de energia, cumprimento da autonomia propagandeada, níveis de ruídos e o desempenho em variadas topografias (subidas, descidas e planos).

 “Trata-se de uma tecnologia nova, que precisa ser avaliada dentro da realidade do transporte coletivo. O teste técnico é muito importante para medir qual é a performance dos diversos modelos elétricos, mapear resultados e ainda verificar possíveis desafios”, explica Ogeny Pedro Maia Neto, presidente da Urbs, empresa que gerencia o transporte coletivo de Curitiba.

Até 2030, 33% da frota de ônibus da cidade deverá operar com emissão zero, alcançando 100% até 2050.

No caso da BYD, a montadora garante que cada ônibus elétrico evita, em média, a emissão de 118,7 toneladas de CO2 ao ano na atmosfera, o equivalente ao plantio de 847 árvores por veículo (considerando 72mil km rodados/ano).

Além de poder reduzir em até seis vezes a despesa mensal com abastecimento, em comparação com um ônibus a diesel.

Ficha técnica:
O modelo Attivi Express conta com carroceria urbana articulada da Marcopolo, desenvolvido para modelos de chassi de propulsão elétrica que circulam em médias e grandes cidades. Tem capacidade para 170 passageiros, autonomia de 250 quilômetros e carregamento de bateria em quatro horas. As baterias serão carregadas à noite na garagem da empresa Glória. Ao todo, doze motoristas (dez homens e duas mulheres), serão treinados para dirigir o ônibus da BYD.

Eletrificando o transporte público

O setor de energia, impactado pelo uso de combustíveis fósseis nos transportes, se destaca como maior fonte de emissão de CO₂ nas grandes cidades brasileiras, principalmente as capitais, de acordo com o Seeg Municípios.

Por isso mesmo, é uma área central nos planos climáticos locais e a eletrificação das frotas começa a ganhar território, com a formação de parcerias para superar desafios  tecnológicos, financeiros e institucionais.

Estudo da Enel Brasil lançado nesta terça (25/4) afirma que, para reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) até 2050 e se aproximar de um cenário net zero, as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo terão que focar suas ações em mudanças no setor de transportes – responsável por 62% das emissões em São Paulo (2018) e 35% das emissões no Rio (2019).

Na capital paulista, estima-se que 1/3 das emissões do transporte rodoviário a diesel tenha como fontes ônibus urbanos municipais.

Entre as alternativas está a adoção de novos modelos de negócios. Uma sugestão é a adoção de Parcerias Público-Privadas (PPPs) em cidades que já buscam soluções para descarbonizar suas frotas e desenvolver infraestrutura para eletrificação veicular. Veja na íntegra (.pdf)

Cobrimos por aqui:

Curtas

Preocupações energéticas

Pesquisa da ABB Eletrificação (.pdf) com 2.300 líderes de pequenas e grandes empresas em vários setores descobriu que 92% dos entrevistados percebem a insegurança energética ameaçando sua lucratividade e competitividade.

Os executivos também relatam que custos de energia e instabilidade estão afetando significativamente a contratação de funcionários. Quatro em cada cinco estão preocupados com a segurança do fornecimento de energia, com mais da metade destacando o impacto em suas metas de descarbonização.

Clima extremo

Cidades do sul e extremo sul da Bahia estão sofrendo com temporais e alagamentos. Há um ano, mais de 20 pessoas morreram e mais de 30 mil ficaram sem ter onde morar. Neste ano, os problemas se repetem e preocupam a população local.

No feriado de Tiradentes, a chuva voltou a atingir o litoral sul do estado. Também houve deslizamentos de terra e alagamentos nas cidades de Ilhéus e Santa Cruz de Cabrália, que declarou estado de emergência.

Na segunda, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, anunciou cerca de R$ 82 milhões construção de moradias em Itabuna e dois parques lineares às margens do Rio Cachoeira. Agência Brasil

Um grande plano está naufragando

Era para ser o projeto de justiça climática, com países ricos ajudando as economias emergentes a acabar com sua dependência do carvão e se tornarem verdes. Quase 18 meses depois, um acordo de US$ 8,5 bilhões para financiar a transição verde da África do Sul está atolado em política e cortes de energia. Bloomberg

Acionistas ativistas

Às vésperas da reunião anual prevista para a próxima quinta (27), cinco dos maiores fundos de pensão do Reino Unido estão fazendo forte pressão sobre a bp e pretendem votar contra a reeleição do presidente do conselho, Helge Lund. O motivo: o recuo na meta de cortar sua produção de combustíveis fósseis até o fim da década, após divulgar lucro recorde com o petróleo no ano passado. Capital Reset

Consumo verde

Pesquisa recente da McKinsey mostra que há um apetite significativo e crescente entre os consumidores estadunidenses por produtos financeiros vinculados ao clima – mas eles precisam de mais educação e aconselhamento para tomar decisões de compra informadas, e os fornecedores precisam se diferenciar dos outros. E ainda: as ofertas ambientais, sociais e de governança (ESG) genéricas não serão suficientes para vencer neste cenário em mudança, dizem os analistas.

De olho no mercado livre

Maior operadora privada de gás natural onshore do Brasil, a Eneva anunciou o investimento de R$ 5,5 milhões na Sunne, startup comercializadora de energia renovável para pequenos e médios negócios. Um dos focos é o Nordeste, outro é o atendimento ao mercado livre de energia que, na visão da empresa, deve ganhar ainda mais relevância nos próximos anos.

Mudança de postura

A Petrobras anunciou, na última semana, a adoção de novas medidas para os casos de violência contra mulheres na empresa, entre elas, a redução no prazo para conclusão da apuração de denúncias e um serviço de atendimento psicológico 24h para acolhimento e orientação das vítimas.

A partir de agora, a conclusão da apuração de denúncias de assédio e importunação sexual deverá ocorrer em 60 dias. Anteriormente, o período de investigação podia se estender por até 180 dias.