Começa o armazenamento de CO2 no Mar do Norte

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Diálogos da Transição

Editada por Nayara Machado
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O consórcio Greensand inaugurou na quarta (8/3) o projeto de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês), com a primeira injeção de dióxido de carbono (CO2) em um campo de petróleo esgotado no Mar do Norte dinamarquês.

É o primeiro projeto de armazenamento transfronteiriço de CO2 offshore do mundo e tem 23 parceiros, entre eles a petroleira alemã Wintershall e a multinacional de químicos INEOS.

Com subsídio dinamarquês. O país espera chegar a uma redução de 70% nas suas emissões até 2030 e está investindo no CCS como uma das ferramentas para chegar lá.

O CO2 é capturado na Bélgica e transportado por navio para ser injetado em Nini, a 200 km da costa do Mar do Norte.

Greensand está em fase piloto. O gás injetado esta semana ficará armazenado a uma profundidade de cerca de 1.800 metros abaixo do fundo do mar, onde será monitorado.

A decisão final de investimento está prevista para o segundo semestre de 2023, com prazo de entrega de cerca de 24 meses.

A partir de 2025, o potencial total de armazenamento é estimado entre 0,5 – 1 milhão de toneladas de CO2 por ano.

Até 2030, a previsão é aumentar para entre 4-8 milhões de toneladas de CO2 por ano. 

“Assim, Greensand pode contabilizar todo o armazenamento de CO2 proposto no programa climático dinamarquês”, diz o consórcio.

Para colocar isso em perspectiva, as 8 milhões de toneladas de CO2 correspondem a mais de 10% das atuais emissões anuais da Dinamarca, ou a pegada de carbono anual de quase 1 milhão de dinamarqueses.

Nova economia

A presidente da Comissão da Europeia, Ursula von der Leyen, classificou a inauguração como “um grande momento para a transição verde da Europa”. Além de uma demonstração do papel do Mar do Norte no “futuro líquido zero” europeu.

“A primeira cadeia de valor completa para captura e armazenamento de carbono na Europa. Você está mostrando que isso pode ser feito”, comemorou.

A comissão estima que a UE precisará armazenar até 300 milhões de toneladas de CO2 por ano até 2050 para cumprir suas metas climáticas – o que vai exigir investimentos trilionários em infraestrutura.

Não à toa, o modelo de negócios que tem avançado é a formação de consórcios e hubs liderados por petroleiras e indústrias intensivas.

Também no Mar do Norte, a Yara fechou no ano passado um contrato com a Northern Lights, uma joint venture de propriedade da Equinor, Shell e TotalEnergies, para transporte e armazenamento de CO₂ capturado da fábrica de amônia e fertilizantes na Holanda.

O gás será armazenado permanentemente na plataforma continental na costa da Noruega.

Cobrimos por aqui:

• Falhas em projetos de captura de carbono colocam em xeque solução para o clima
• ExxonMobil fecha maior acordo comercial de armazenamento permanente de CO₂
• Holanda avalia coexistência de projetos de captura de carbono e eólica offshore no Mar do Norte

US$ 6 bi para reduzir emissões industriais

O governo de Joe Biden anunciou ontem US$ 6 bilhões em financiamento para acelerar projetos de descarbonização em setores intensivos em energia nos Estados Unidos, como aço, alumínio, cimento, produtos químicos e papel e celulose.

As emissões desses segmentos da indústria contribuem com quase 25% das emissões de gases de efeito estufa do país norte-americano.

Os recursos virão da Lei de Infraestrutura Bipartidária e Lei de Redução da Inflação (IRA).

A ideia é concentrar esforços onde as tecnologias de descarbonização têm o maior impacto, além de posicionar a economia dos EUA no mercado de produtos verdes.

Compra garantida

Também na quarta, o governo dos EUA lançou uma parceria com 12 estados para impulsionar a demanda por produtos industriais limpos.

A Federal-State Buy Clean se compromete a “priorizar os esforços que apoiam a aquisição de materiais de infraestrutura de baixo carbono em projetos financiados pelo estado e a colaborar com o governo federal e entre si para enviar um sinal de demanda harmonizado ao mercado”.

Fazem parte Califórnia, Colorado, Havaí, Illinois, Maine, Maryland, Massachusetts, Michigan, Nova Jersey, Nova York, Oregon e Washington.

• Mais: Brasil e EUA desenham termos de agenda bilateral climática

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Curtas

Eunice Foote

Quem foi a feminista do século 19 que descobriu as primeiras evidências do efeito estufa? Em 1856, sua pesquisa trouxe evidências inéditas de que o gás carbônico poderia ter um papel no clima do planeta. Mas quem a apresentou foi outro cientista. BBC News Brasil

Novas conselheiras do CNPE

A representação da sociedade civil e de instituições de ensino no Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) será totalmente feminina. Os nomes de quatro novas conselheiras foram anunciados na quarta:

Suzana Borschiver, professora da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro; Laís Thomaz, secretária de Relações Internacionais da Universidade Federal de Goiás; Vanya Pasa, professora da Universidade Federal de Minas Gerais; e Marília Folegatti, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente. MME

Igualdade salarial na lei

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai apresentar ao Congresso um projeto de lei que determina a igualdade salarial entre homens e mulheres. Empresas com mais de 20 funcionários que não cumprirem a lei terão uma penalidade equivalente a dez vezes o salário mais alto pago pela companhia. Capital Reset

Mulheres têm urgência

Pesquisa inédita da CNI (.pdf) com 1 mil executivos industriais, sendo 40% mulheres, mostra que 6 a cada 10 indústrias brasileiras contam com programas ou políticas de promoção de igualdade de gênero.

Enquanto 11% dos entrevistados disseram não ter política formal de igualdade, mas pretendem implementá-la, 63% das empresas comandadas por mulheres querem implementar medidas em até 2 anos, enquanto 64% dos executivos estimam formalizar uma política em até 5 anos.

IRA

A empresa alemã de hidrogênio Thyssenkrupp Nucera viu o interesse dos clientes aumentar nos EUA como resultado da Lei de Redução da Inflação (IRA) e pode criar capacidade de produção local com a italiana De Nora se o mercado decolar. Reuters

Preço do carbono

A Shell espera que seus custos de conformidade com os esquemas de precificação de carbono tripliquem na próxima década, para uma previsão de exposição ao custo do carbono de US$ 1,5 bilhão em 2032.

Em seu relatório anual de 2022 divulgado hoje, a empresa registrou cerca de US$ 493 milhões em custos para cumprir o sistema de comércio de emissões (ETS) da UE e “esquemas relacionados” naquele ano. A empresa espera que os custos cheguem a US$ 800 milhões este ano. Argus

Banco Mundial

Três laureados com o Nobel e dezenas de líderes da sociedade civil, da mudança climática e filantrópicos endossaram o candidato do presidente dos EUA, Joe Biden, para liderar o Banco Mundial, o ex-CEO da Mastercard, Ajay Banga. Na terça-feira, o principal representante da Rússia no banco disse que o país está consultando seus aliados sobre a contestação da nomeação. Reuters

Trainee

A fabricante de embalagens Owens Illinois está com vagas abertas no Programa Trainee Global. Para participar, é preciso ser formado/a em engenharia química, materiais ou civil, ter inglês avançado ou fluente, disponibilidade para viajar pelos EUA durante o programa e para morar fora do país. Os interessados podem se inscrever até 12 de março, nas vagas de Engenharia e Operações