Diálogos da Transição

Chile busca interessados na exploração de lítio

Governo abriu prazo de 60 dias para empresas manifestarem interesse em 26 salares do país; expectativa é selecionar projetos ainda este ano

Chile busca interessados na exploração de lítio (Foto Governo do Chile)
Salar chileno com reservas de lítio (Foto Governo do Chile)

newsletter

Diálogos da Transição

APRESENTADA PORLogos Petrobras e Governo Federal

Editada por Nayara Machado
[email protected]

O governo do Chile anunciou nesta segunda (15/4) a abertura de um processo “sem restrições” para empresas interessadas em explorar lítio. Segundo a mídia chilena, a intenção é conceder as primeiras permissões ainda este ano e desenvolver até cinco novos projetos no país.

Durante um evento setorial em Santiago, a ministra de mineração, Aurora Williams, disse que o processo se estenderá a 26 salares – 18% do território salino do país – e os interessados terão 60 dias para se manifestar.

A lista dos projetos será anunciada em julho. Ainda de acordo com Williams, caso haja disputa por um mesmo salar, a decisão final será por meio de licitação.

O anúncio é mais um passo do governo de Gabriel Boric na sua Estratégia Nacional de Lítio, que busca expandir a exploração com maior controle estatal.

O país é o segundo maior produtor de lítio do mundo e o governo Boric enxerga no mineral de transição uma oportunidade para aumentar a renda interna a partir do desenvolvimento industrial.

“A elevada procura global, os preços elevados e as grandes reservas de lítio no nosso país permitem-nos ser otimistas e, ao mesmo tempo, chamam-nos a agir com sentido de urgência”, diz uma mensagem na página oficial da estratégia.

Atualmente, 80% do lítio utilizado mundialmente é destinado à fabricação de baterias. O mineral deve ver sua demanda crescer vertiginosamente, em mais de 40 vezes até 2040, segundo projeção da Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês).

O plano passa pela incorporação de “capital, tecnologia, sustentabilidade e agregação de valor, em harmonia com as comunidades”. Para isso, aposta em parcerias público-privadas.

“Especificamente, o Estado colocará uma visão estratégica de longo prazo ao longo de todo o ciclo produtivo, desde a exploração até à adição de valor, além de regulamentos claros para garantir a sustentabilidade e o reinvestimento no desenvolvimento do país. Por sua vez, as empresas privadas fornecerão capital, inovação tecnológica e redes de negócios”, diz a estratégia.

Destino Europa

Insumo para baterias de smartphones e notebooks, mas também de veículos elétricos e grandes sistemas de armazenamento para energia solar e eólica, parte desse lítio deve atravessar o oceano para atender à indústria europeia.

Em julho de 2023, o presidente do Chile, Gabriel Boric, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, firmaram um memorando de entendimento (MoU) estabelecendo uma aliança estratégica para impulsionar o desenvolvimento das cadeias de matérias-primas críticas para a transição energética.

O acordo promete apoiar as indústrias europeias e chilenas do setor de mineração, com a criação de empregos e fomento à economia sustentável.

A parceria terá cinco eixos: integração das cadeias de valor de matérias-primas sustentáveis; cooperação na inovação; cooperação para alavancar critérios ESG e padrões internacionais; implantação de infraestruturas para o desenvolvimento de projetos; e fortalecimento de capacitações.

Faz parte do Global Gateway, projeto da União Europeia para atender as demandas mundiais por investimentos e está alinhada com a iniciativa Critical Raw Materials Act, também da UE. No ano passado, von der Leyen anunciou que o bloco pretende investir 45 bilhões de euros na América Latina e Caribe até 2027.

Enquanto países da AL discutem e desenham estratégias para aproveitar seus recursos para desenvolver o parque industrial e melhorar suas condições econômicas, a UE corre para garantir suprimento, especialmente na área de energia.

A guerra da Rússia contra a Ucrânia colocou em evidência a fragilidade do abastecimento europeu e sua dependência em relação à China.

Também nesta segunda, um grupo de economistas, empresários e políticos da UE expressaram preocupação com o risco de o bloco ser deixado para trás por Estados Unidos, China e outros rivais na corrida para a transição para novas tecnologias de baixo carbono.

A visão é que é preciso melhorar radicalmente a competitividade e o dinamismo da economia europeia, relata a Reuters.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Parceria Brasil-Áustria

O vice-presidente e ministro, Geraldo Alckmin, e o ministro da Economia e Trabalho da Áustria, Martin Kocher, assinaram, nesta segunda-feira (15), o memorando de Entendimento para Cooperação Econômica e Inovação, definindo quatro áreas prioritárias para fortalecer parcerias entre os dois países: tecnologia verde; indústria, mobilidade e infraestrutura; inovação e novas tecnologias; e cooperação em financiamento e crédito à exportação.

Segundo Alckmin, a parceria deve gerar frutos em áreas como defesa, minerais estratégicos, transição energética, biotecnologia e infraestrutura.

Otimismo eólico

A indústria eólica recuperou o otimismo com marco legal das offshore. Segundo a presidente da Abeeólica, Elbia Gannoum, o fator mais importante para o andamento das discussões era a designação do relator, que ocorreu na última semana.

Urânio para financiar setor elétrico

O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), defendeu, na sexta (12/4), que o Brasil aposte na exploração de urânio para enriquecimento e avanço da energia nuclear no país. Silveira defendeu o avanço da energia nuclear na matriz energética e levantou a possibilidade de a atividade financiar o setor elétrico.

Importação de energia

O MME autorizou mais duas empresas a importar energia da Venezuela. Bolt e Tradener se juntam à Âmbar na lista das comercializadoras que podem comprar eletricidade do país vizinho.

Bolsa Verde

Mais 87 áreas foram incluídas no Programa de Apoio à Conservação Ambiental, o Bolsa Verde, coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). A iniciativa prevê pagamentos trimestrais de R$ 600 às famílias que vivem em projetos de assentamento ambientalmente diferenciados.

Clima extremo

Um ciclone extratropical está se formando na Argentina. A expectativa é de que ele ganhe força nesta segunda-feira (15), com o aprofundamento de uma área de baixa pressão. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o ciclone se juntará à frente fria que atinge o Sul do Brasil, entre terça e quarta-feira (dias 16 e 17), podendo avançar pela Região Sudeste no próximo fim de semana.

Newsletter diálogos da transição

Inscreva-se e fique por dentro de tudo sobre Transição Energética