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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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Levantamento da CCS Brasil calcula que a adoção de tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS, na sigla em inglês) pode ser uma fonte adicional de receita para as empresas em seus esforços rumo a emissões líquidas zero.
O estudo, que está sendo lançado hoje (16/5) — acompanhe ao vivo no canal da epbr no YouTube –, aponta que setores de energia e indústria, intensivos em emissões do gás de efeito estufa, têm um enorme potencial na comercialização de créditos de carbono a partir do volume de emissões evitadas com a tecnologia.
A captura de carbono está na agenda de empresas de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão, para descarbonizar as operações e prolongar a vida dos negócios. Também é uma alternativa para a bioenergia e hidrogênio de baixo carbono. Na indústria, a produção de metais está entre os segmentos mais relevantes para o CCS.
No cenário mais conservador, com o preço do crédito de carbono a US$ 70 por tonelada de CO2, as receitas podem chegar a quase US$ 14 bilhões por ano com a aplicação de CCS por setores-chave.
No horizonte mais otimista, em que os títulos são negociados a US$ 100/tonelada, o potencial de lucro fica próximo a US$ 20 bilhões/ano.
No entanto, observam os analistas, o país precisa avançar com algumas discussões regulatórias para que projetos possam ser elegíveis para créditos de carbono.
Por exemplo, atualizar as metodologias de certificação de redução de emissões para considerar as tecnologias de CCS. Acesse o relatório na íntegra
No mundo, a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) mapeia 47 projetos de CCS em operação, com uma capacidade anunciada que varia de 74 a 82 MtCO2 capturados por ano, no total.
A IEA vê um interesse crescente pela tecnologia ao redor do globo, com cerca de 300 projetos em vários estágios de desenvolvimento em toda a cadeia de valor.
Os anúncios estão em alta: mais de 200 novas instalações são planejadas para entrar em operação até 2030, capturando mais de 220 milhões de toneladas CO2/ano. Em 2022, foram 159 novos projetos anunciados.
Incentivos nos EUA
Os projetos, no entanto, se concentram majoritariamente em países ricos e, não por acaso, os Estados Unidos lideram.
Nos EUA, a Lei de Redução da Inflação (IRA) do governo de Joe Biden, oferece incentivos na forma de créditos fiscais de até US$ 85 por tonelada de CO2 capturado pelas empresas.
Some-se a isso a legislação de infraestrutura com US$ 8,5 bilhões para impulsionar a tecnologia CCS. E o novo padrão de emissões para a indústria de energia apresentado, na semana passada, pela Agência de Proteção Ambiental, para incentivar a adoção do CCS e/ou hidrogênio de baixo carbono.
Essas políticas farão com que os EUA hospedem quase metade da capacidade de CCS do mundo até 2030, de acordo com a BloombergNEF.
Potencial brasileiro
Para o mundo alcançar as metas de emissões líquidas zero até 2050, a captura, armazenamento e utilização de carbono precisa aumentar 120 vezes em relação aos níveis atuais, aponta uma análise da McKinsey. Isso significa capturar 4,2 bilhões de toneladas do gás por ano.
Por aqui, a CCS Brasil estima que a captura pode chegar a mais de 190 milhões de toneladas de CO2 por ano.
O potencial é liderado pelo setor de energia a partir de fontes fósseis, que representam mais de 65% das emissões. Bioenergia com CCS (BECCS, em inglês) vem logo em seguida, com cerca de 20%, e a indústria, com menos de 15%.
Por região, o Sudeste concentra mais de 48% das oportunidades, com destaque para o estado de São Paulo, onde o volume é de quase 40 milhões de toneladas de carbono.
Como andam os projetos de captura de carbono no Brasil?
Assista a apresentação da CCS Brasil!
Cobrimos por aqui:
- Petrobras planeja primeiro hub brasileiro de armazenamento de CO2
- Diamante Energia mira CCS, fertilizantes e térmicas a gás como alternativas ao carvão
- Começa o armazenamento de CO2 no Mar do Norte
Curtas
Mais do IRA
Cooperativas elétricas rurais, serviços públicos e outros fornecedores de energia em breve poderão solicitar quase US$ 11 bilhões em créditos para projetos de energia limpa, financiados pela Lei de Redução da Inflação, disse o governo Biden nesta terça (16/5). Os novos fundos pretendem ajudar as cooperativas a alcançar paridade com as concessionárias privadas que já iniciaram investimentos significativos em energia limpa. Reuters
Transição nuclear
Países da União Europeia planejam aumentar a capacidade de energia nuclear, podendo chegar a 150 GW até 2050. Planos foram anunciados hoje após uma reunião em Paris entre a ministra da energia francesa, Agnes Pannier-Runacher, e representantes de outros 15 países que fazem parte de uma “aliança de energia nuclear”.
Atualmente, a UE tem 100 GW de capacidade nuclear instalada, representando 25% de seu mix de eletricidade – uma parcela que o grupo deseja manter inalterada até 2050. Argus
Economia circular para o plástico
A poluição plástica pode ser reduzida em 80% até 2040 se os países e as empresas usarem as tecnologias existentes para fazer mudanças políticas significativas e ajustes de mercado, de acordo com um novo relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) divulgado hoje.
No geral, a mudança para uma economia circular resultaria em US$ 1,27 trilhão em economia, considerando custos e receitas de reciclagem. Outros US$ 3,25 trilhões seriam economizados com externalidades evitadas, como saúde, clima, poluição do ar, degradação do ecossistema marinho e custos relacionados a litígios.
Recarga para carro voador
A maior usina de energia solar fotovoltaica em formato de estacionamento no Brasil foi inaugurada em Sorocaba, no interior de São Paulo, nesta segunda-feira (15/5), pensada para atender a nova onda de veículos elétricos, inclusive os de pouso vertical – os “carros voadores”.
O estacionamento tem 789 vagas cobertas, mas inicialmente, apenas 37 estarão preparadas para veículos elétricos. O restante da energia será comercializado no modelo geração distribuída compartilhada.
Banco de dados para eletrificação
A Celgpar, empresa de energia que tem o Governo de Goiás como acionista majoritário, está investindo em estações de carregamento de carros elétricos para desenvolver um plano de eletromobilidade no estado.
Com aporte inicial de R$ 52,8 mil em contrato de um ano, a companhia vai veicular sua marca em unidades de carregamento em pontos estratégicos de Goiânia, de onde coletará informações sobre a demanda para servir de base em seus projetos futuros. A ideia é criar um banco de dados que pode ser útil nas políticas públicas de eletrificação.