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Brics defende fósseis e COP30 chama Petrobras para debater transição

Em defesa dos combustíveis fósseis, declaração de ministros de Energia do Brics prepara terreno para COP30

10ª Reunião Ministerial de Energia do Brics, em 19 de maio de 2025 (Foto Brics Brasil)
10ª Reunião Ministerial de Energia do Brics, em 19 de maio de 2025 (Foto Brics Brasil)

NESTA EDIÇÃO. “Não teremos respostas adequadas à transição se não estivermos todos unidos”, discursou o presidente da COP30 durante a abertura da reunião ministerial do Brics nesta segunda (19).

Em defesa dos combustíveis fósseis, declaração de ministros de Energia do Brics prepara caminho para cúpula climática.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

O presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, disse nesta segunda (19/5) que vai trabalhar com a Petrobras para inserir as petroleiras nas discussões da cúpula climática sediada pelo Brasil este ano. “Não teremos respostas adequadas à transição se não estivermos todos unidos”, justificou.
 
A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas está marcada para novembro, em Belém (PA) e ocorre em meio a uma campanha da Petrobras e do governo brasileiro para exploração de petróleo na bacia da Foz do Amazonas, uma das áreas abarcadas pela Margem Equatorial.
 
“Os combustíveis fósseis são um tema central para a COP e a presidência brasileira decidiu que isso precisa ser tratado de uma forma muito direta”, discursou o embaixador durante a abertura da reunião ministerial do Brics de Energia nesta manhã. 
 
O presidente da COP30 disse que se reuniu com a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, na última semana, para tratar do assunto.
 
“Eu pedi à presidente da Petrobras, considerando que o Brasil agora é um produtor e exportador de óleo muito relevante, que precisamos falar sobre isso de uma forma muito aberta durante a COP, e nós iremos trabalhar com a Petrobras para ter as grandes companhias de óleo discutindo”, afirmou.



“Reconhecemos que os combustíveis fósseis continuarão a desempenhar um papel importante na matriz energética mundial, particularmente para os mercados emergentes e economias em desenvolvimento”.
 
Essa é a mensagem que os ministros de Energia do Brics, sob a presidência brasileira, divulgaram em comunicado conjunto (.pdf) nesta segunda. 
 
“E reconhecemos a necessidade de promover transições energéticas justas, ordenadas e equitativas e reduzir as emissões de GEE em conformidade com o ODS 7, as nossas metas climáticas e de acordo com os princípios da neutralidade tecnológica e das responsabilidades comuns, mas diferenciadas, e respectivas capacidades, tendo em conta as circunstâncias, necessidades e prioridades nacionais”, continua o quarto parágrafo do documento.
 
Uma mensagem, que segundo o presidente da COP30, “constrói confiança” para o grupo influenciar as negociações na cúpula de novembro.
 
“Energia e mudança climática estão muito ligadas. (…) envolve mais de 70% das emissões globais. Nós temos que passar por isso de uma forma muito construtiva e acreditamos que o Global Stocktake (GST) é uma ótima base”, comentou Corrêa do Lago na reunião desta manhã.
 
O GST é um mecanismo criado pelo Acordo de Paris para avaliar o progresso coletivo em direção à meta de limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C.
 
A transição para longe dos combustíveis fósseis é parte das estratégias acordadas em 2023 para alcançar esse objetivo.
 
Mas os últimos movimentos econômicos e geopolíticos têm indicado que petróleo, gás e carvão terão vida longa.
 
Grandes petroleiras, inclusive europeias, estão recuando em seus investimentos em transição e dando preferência ao retorno financeiro com a exploração e produção de óleo e gás.
 
Enquanto governos ao redor do mundo abraçam cada vez mais o discurso da segurança energética, mesmo que isso signifique carvão. Dos EUA de Donald Trump à África do Sul, que este ano preside o G20, a preocupação é garantir acesso à energia.
 
Isso se reflete também nas discussões do Brics, cujos membros respondem por quase metade da produção mundial de petróleo, e, ao que tudo indica, deve ecoar na COP30.


Licenciamento ambiental. As propostas para Lei Geral do Licenciamento Ambiental vão desencadear questionamentos no STF se forem aprovadas como estão nos relatórios em discussão no Senado Federal. O projeto avançou e pode ser aprovado nas comissões esta semana. Há uma simplificação dos ritos para infraestrutura de petróleo e energia.
 
Clima extremo. Entre 2013 e 2024, 43% dos desligamentos em linhas de transmissão foram causados por fortes chuvas e queimadas, segundo a EPE. O estudo aponta iniciativas para diminuir os impactos das mudanças climáticas, que podem intensificar os eventos extremos, a exemplo da enchente no Rio Grande do Sul em maio de 2024.
 
Investimento climático. Investidores privados precisam de previsibilidade para investir na transição energética de países em desenvolvimento, afirmou, nesta segunda (19/5), a sócia-fundadora da eB Capital Luciana Antonini Ribeiro. Investidores precisam se adaptar a diferentes legislações sem a previsibilidade de quanto tempo vai demorar a aprovação do projeto.
 
Expansão solar. A micro e minigeração distribuída avançou 2,86 GW de potência instalada nos quatro primeiros meses de 2025. A energia fotovoltaica responde por 99,1% desse total, sendo mais da metade correspondente a consumidores residenciais. A capacidade total é de 39,2 GW.
 
Global Impact Challenge. Energytechs têm novo prazo para se inscreverem no Global Impact Challenge (GIC), competição internacional de startups de impacto: 15 de agosto. Organizado pela Singularity University, esta é a primeira vez que o desafio é realizado no Brasil. 

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