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Diálogos da Transição
Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição está de volta, de 29/8 a 2/9
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Levantamento do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) mostra que o Brasil tem uma rede de monitoramento insuficiente e os estados — principais responsáveis pela gestão da qualidade do ar segundo a legislação — estão em níveis diversos de capacidade de acompanhar os níveis de poluição.
De acordo com o Iema, a maior parte das localidades com mais de um milhão de habitantes, incluindo capitais, não conhece a qualidade do ar que respira.
“Faltam iniciativa política e clareza de propósito, recursos humanos nos órgãos ambientais, fontes contínuas de financiamento, planejamento estratégico da rede e padronização e publicação de dados e informações”, enumera o documento lançado em julho (.pdf)
“O monitoramento da qualidade do ar não figura entre as prioridades de gestão ambiental”, completa.
Na Região Norte, onde as emissões de poluentes atmosféricos são consideráveis por conta de incêndios florestais de larga escala, nenhum órgão ambiental do governo acompanha a qualidade do ar.
No Centro-Oeste, o monitoramento é realizado em apenas sete pontos de forma manual (dois pontos em Goiás e cinco no Distrito Federal) que medem material particulado (MP10), fumaça (FMC) e partículas totais em suspensão (PTS).
Outro dado relevante é o tamanho das equipes técnicas onde há o monitoramento: geralmente pequenas, são compostas entre um até três funcionários com dedicação apenas parcial ao tema. Exceções estão concentradas nos estados do Sudeste como em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Em 2014, o Iema publicou seu primeiro relatório sobre o monitoramento do ar no Brasil. De lá para cá, pouca coisa mudou.
“É possível afirmar que, apesar de alguns avanços ocorridos na última década, o quadro não se alterou estruturalmente, sendo necessária a tomada de ações que promovam uma mudança estrutural na direção da expansão das redes de monitoramento”, destaca.
Para David Tsai, gerente de projetos do Iema, essas mudanças estruturais devem vir também do governo federal.
“O país precisa criar sua Política Nacional de Qualidade do Ar que determine responsabilidades, garanta condições e estabeleça sanções para a condução de uma adequada gestão ambiental que preserve a saúde da população”, comenta.
Por que a qualidade do ar importa?
No Brasil, mais de 80% da população vive em áreas urbanas com elevada concentração de atividades poluidoras. De acordo com o Iema, em apenas seis regiões metropolitanas brasileiras, onde vivem 23% da população total do país, ela matará quase 128 mil pessoas entre 2018 e 2025.
Essa poluição está bastante atrelada às nossas fontes de energia — como transportes veicular e aéreo, consumo doméstico de gás, lenha e carvão, atividades comerciais e industriais, geração de energia –, além de atividades agrícolas.
Cobrimos por aqui:
- Ibama, Economia e montadoras devem ser responsabilizados por veículos mais poluentes, diz MPF
- Diesel e atraso no Proconve são vilões da saúde nas cidades
- Maior uso de lenha reflete retrocessos em políticas públicas
Calor perigoso
Uma pesquisa da First Street Foundation alerta que as ondas de calor nos Estados Unidos, além de cada vez mais frequentes, excedem o índice nacional de “Extremo Perigo” (Índice de Calor acima de 125°F, ou 51,6ºC), e devem impactar cerca de 8 milhões de pessoas este ano.
Até 2053, os eventos extremos deverão afetar a vida de cerca de 107 milhões de pessoas no país, um aumento de 13 vezes em 30 anos.
O estudo destaca os impactos locais das mudanças climáticas identificando os sete dias mais quentes esperados para qualquer propriedade este ano e calcula quantos desses dias seriam vividos em 30 anos.
A mudança mais severa nas temperaturas locais é encontrada no condado de Miami-Dade, onde os sete dias mais quentes, atualmente a 103°F (39,4ºC), aumentarão para 34 dias nessa mesma temperatura até 2053. Em todo o país, em média, os sete dias mais quentes locais se tornarão os 18 dias mais quentes até 2053.
Julho mais quente
As mudanças de temperatura já são sentidas há algum tempo em todas as partes do mundo e a previsão é a mesma: vai piorar.
De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM), em julho de 2022, as temperaturas estavam perto de 0,4°C acima da média de 1991-2020 em grande parte da Europa.
Portugal, oeste da França e Irlanda bateram recordes, enquanto a Inglaterra atingiu leituras de 40°C pela primeira vez.
A Espanha também teve seu mês mais quente registrado em julho, com uma temperatura média nacional de 25,6°C — com uma onda de calor de 8 a 26 de julho que foi a mais intensa e duradoura já registrada.
Ao mesmo tempo, do Nordeste da África ao sul da Índia, e grande parte da Ásia central à maior parte da Austrália, experimentaram temperaturas abaixo da média.
Enquanto o gelo polar está encolhendo. “O gelo do Mar Ártico estava 4% abaixo da média, ocupando o 12º lugar mais baixo para julho, de acordo com registros de satélite”, diz a OMM.
Segundo o órgão das Nações Unidas, a concentração de gelo do Mar Ártico foi a mais baixa para julho no registro de satélite, que começou em 1979.
Eleição sem fake news
No dia em que a campanha eleitoral começa oficialmente no Brasil, o Fakebook.eco lança o primeiro vídeo de uma série sobre as dez mentiras mais frequentes relacionadas ao meio ambiente nos discursos de candidatos.
A série vai abordar mitos como o da “muita terra para pouco índio”, “os dados do Inpe não são confiáveis” e “os países ricos já desmataram tudo e querem impedir o nosso progresso”.
O episódio de estreia, disponível no canal do Observatório do Clima no Youtube, explica por que, ao contrário do que dizem Jair Bolsonaro e outros políticos, o Brasil não é o país que mais preserva no mundo.
Seu deputado é bom para o clima?
Ferramenta da Repórter Brasil mostra que 2 a cada 3 deputados são cúmplices do desmonte socioambiental promovido pela gestão de Jair Bolsonaro (PL).
A ferramenta interativa avalia a atuação dos deputados federais em questões ligadas ao meio ambiente, povos indígenas e trabalhadores rurais, mostrando como cada parlamentar votou, bem como os impactos dos projetos de lei criados por eles nessas questões.
Cada deputado recebeu uma pontuação entre 36⁰C a 42⁰C. Quanto pior o desempenho do parlamentar, mais alta é sua temperatura. Classificações acima de 37,4° C indicam “febre ruralista” — ou atuação desfavorável.
Os cinco deputados com a pior avaliação foram: Nelson Barbudo (PL/MT); Lucio Mosquini (MDB/RO); Delegado Éder Mauro (PL/PA); Nicoletti (União/RR) e Vitor Hugo (PL/GO).
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