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Diálogos da Transição
APRESENTADA POR
Editada por Nayara Machado
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A série de debates dos Diálogos da Transição volta em agosto.
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O Senado Federal aprovou nesta quarta (13/7) a ratificação brasileira à Emenda de Kigali, acordo internacional para redução da emissão de gases hidrofluorcarbonos (HFCs), que contribuem com o aquecimento global.
Assinada em 2016, altera o Protocolo de Montreal para incluir metas de redução de uso dos HFCs, que são utilizados há décadas como alternativa a outras substâncias que destroem a camada de ozônio.
- Dados da ONU mostram que as emissões dos HFCs vêm aumentando globalmente em torno de 8% ao ano, podendo responder por até 19% das emissões de gases de efeito estufa em 2053.
- Sem a Emenda de Kigali, a contribuição do HFC para o aquecimento global poderia por si só provocar um aumento médio da temperatura de aproximadamente 0,5°C.
- O gás é usado como fluido refrigerante no setor de refrigeração e climatização e também em alguns produtos aerossóis.
Dos 144 países emergentes, só Brasil e Iêmen ainda não haviam ratificado a emenda. O texto estava parado na Câmara desde 2018, e foi aprovado pelos deputados em maio deste ano.
Durante a votação do projeto no Senado, a senadora Mara Gabrilli (PSDB/SP) observou que a adesão da China ao acordo, em 2021, aumentou a pressão para que o Brasil se posicionasse quanto à questão.
“Com a ratificação pela China, provavelmente haverá uma revolução em termos de tecnologia”.
Segundo cálculos da Rede Kigali, grupo que promove ações ligadas à melhoria da eficiência energética, a adesão ao tratado internacional tem potencial de injetar cerca de US$ 100 milhões para modernização da indústria brasileira.
Cobrimos por aqui
- Por que o Brasil precisa ratificar a Emenda de Kigali
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O que diz a Emenda de Kigali
Países emergentes, como o Brasil, deverão “congelar” o consumo do gás HFC até 2024; reduzir em 10% até 2029; e em 85% até 2045.
Já os países ricos se comprometeram a reduzir seu consumo de HFCs em 10% em 2019 até alcançar menos de 85% em 2036.
Como está atrelada ao Protocolo de Montreal, os países que ratificam passam a ter acesso aos recursos do acordo para adaptação dos processos industriais e capacitação técnica da mão de obra.
Descarbonização na Ásia
Por falar na China, relatório da Janus Henderson Investors alerta que os esforços de descarbonização na Ásia vêm sendo prejudicados pela fragmentação do mercado. Em 2020, a taxa de descarbonização regional ficou em 0,9%, bem abaixo da média global de 2,5%
Com China e Índia sendo dois dos maiores emissores de carbono do mundo, a descarbonização da Ásia é crucial para limitar o aumento da temperatura global a menos de 2°C.
“Esse progresso lento se deve a uma série de barreiras, incluindo: dependência energética de combustíveis fósseis, acesso restrito a soluções de financiamento verde, graus variados de controle do mercado estatal e estruturas e práticas ruins que influenciam as metas de emissão e coletam dados de emissão”, enumeram os analistas.
As disparidades entre as metas de descarbonização também pesam. Enquanto quase três quartos dos mercados emergentes na Ásia estabeleceram ou declararam metas de zero emissões, os prazos variam de 2030 (Maldivas) a 2070 (Índia).
Por outro lado, os governos parecem mais envolvidos com a geração de energia renovável em toda a região – independente do tamanho do país.
Segundo o levantamento, países menos populosos consomem mais energia renovável, mas, quando contextualizado pela população, o consumo relativo de energia renovável da China e da Índia aumenta significativamente.
Enquanto o consumo de renovável é impulsionado pelas hidrelétricas — em grande parte devido a um nível de investimento histórico –, recentemente a geração eólica e solar tem conquistado o centro das atenções.
Títulos verdes também estão em alta
Em 2021, a Ásia-Pacífico foi a região que mais cresceu em vendas em todo o mundo, impulsionada por um pequeno número de países. No geral, a região vendeu US$ 124,53 bilhões em dívida verde em 2021, um aumento de 128%.
“Como a ‘fábrica do mundo’, a Ásia utiliza uma quantidade significativamente maior de energia em sua economia do que outras regiões — muitas vezes alimentada por carvão ou diesel. A redução das emissões de gases de efeito estufa e a transição para uma energia limpa nestes mercados exige grandes investimentos em capacidades produtivas que possam mudar o mix energético”, comenta Matt Doody, analista de Pesquisa em Ações de Mercados Emergentes da Janus Henderson.
Para Matt, o principal desafio enfrentado pelos mercados emergentes é a capacidade de criar estruturas regionais ou ferramentas de financiamento verde que sejam imunes a bloqueios por governos específicos de cada país.
“Entendemos que é necessário um diálogo mais aberto e realista para criar soluções que sejam flexíveis o suficiente para reagir à realidade das questões locais, mas rígidas o suficiente para manter a região responsável pela condução de mudanças a longo prazo”.
- Na epbr: Superconcentração de suprimento para solar na China acende alerta O país fabrica 80% dos principais componentes de painéis fotovoltaicos no mundo e deve chegar a 95% nos próximos anos
Caso tenha perdido…
Estudo do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema) mostra que a geração termelétrica fóssil teve um aumento de 177% no Brasil, crescendo de 30,6 TWh em 2000 para 84,8 TWh em 2020. Nesse período, as emissões de gases de efeito estufa (GEE) no setor elétrico aumentaram 90%.
No ranking de emissões por usina, oito das dez termelétricas que mais emitiram CO₂ por eletricidade gerada usam carvão.
No total, 72 usinas inventariadas emitiram 32,7 milhões de toneladas de CO₂e em 2020 e 49% dos gases de efeito estufa emitidos em 2020 foram de responsabilidade de somente dez usinas – seis delas têm o carvão mineral como combustível principal e outras quatro utilizam o gás natural.
Pernambuco anuncia R$ 210 milhões para licitação de usina solar. Edital prevê a construção, operação e manutenção do sistema. A estimativa é de uma economia de R$ 62,3 milhões para o estado ao longo dos 28 anos da concessão.