Diálogos da Transição

Biocombustíveis e eletrificação em novas regras para Rota 2030

Iniciativa federal, Rota 2030 tem como objetivo impulsionar a eficiência energética e estimular investimentos em P&D

Biocombustíveis e eletrificação em novas regras para Rota 2030. Na imagem: Fábrica de carros elétricos da Nissan (Foto: Divulgação)
Fábrica de carros elétricos da Nissan (Foto: Divulgação)

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Editada por Nayara Machado
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O governo planeja divulgar as novas regras do programa Rota 2030 em agosto e deve considerar diferentes soluções para descarbonizar o transporte brasileiro, de biocombustíveis a eletrificação, disse nesta quarta (21/6) o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira.

A iniciativa federal tem como objetivo impulsionar a eficiência energética e estimular investimentos em P&D (pesquisa e desenvolvimento) no setor automotivo brasileiro, além de incentivar o uso de biocombustíveis e alternativas limpas de propulsão em veículos.

“Temos um programa estratégico para o processo de eletromobilidade, que é o Rota 2030 […] Não devemos nos fechar em apenas uma única rota tecnológica de descarbonização”, disse o secretário em debate na Comissão de Ciência e Tecnologia (CCT) do Senado.

Segundo Moreira, a intenção do governo é promover e desenvolver rotas tecnológicas que possibilitem uma maior inserção internacional, melhorando a qualidade da pauta exportadora brasileira.

Sem deixar de lado a expertise na produção de biocombustíveis, como etanol e biodiesel. Leia na epbr

Espaço para eletrificação?

Um levantamento da McKinsey indica que a frota brasileira de elétricos deve atingir 11 milhões de unidades em 2040 (híbridos + bateria), respondendo por mais de 20% dos veículos em circulação, e um mercado de US$ 65 bilhões.

Mas as projeções podem mudar, a depender dos rumos da regulação brasileira. Rota 2030 e Proconve são exemplos de políticas que podem alterar o ritmo da eletrificação no país, avalia a consultoria.

Elétricos plug-in alcançam híbridos

Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) mostram que maio foi um mês recorde no emplacamento de veículos leves elétricos, sendo 49,8% plug-in (bateria e híbridos).

Dos 6.435 eletrificados vendidos em maio, 3.228 foram totalmente híbridos (50,2%) e 3.207 plug-in, ou seja, têm um conector que permite a recarga na rede elétrica.

No acumulado de janeiro a maio deste ano, 52,8% foram veículos híbridos não plug-in (13.745) e 47,2% foram elétricos plug-in (12.269). No ano passado, a diferença era de 67,6% contra 32,4%.

Para a ABVE, a evolução reflete a maior oferta de modelos de eletrificados – de 142 para 216 em um ano – e o aumento do número de montadoras em operação no Brasil, que subiu de 27 em 2022 para 34 este ano.

“Outro fator relevante é o crescimento de eletropostos de recarga elétrica, que também são considerados parâmetros para a análise do avanço da eletromobilidade no país”, explica.

A ABVE calcula que o número de eletropostos públicos subiu de 2.955 em janeiro para cerca de 3.200 em maio.

Vale dizer: o perfil de consumidor desse tipo de veículo é de alta renda. Os quatro mais vendidos são modelos puramente híbridos, com valores entre R$ 160 mil a R$ 200 mil. Já os modelos híbridos plug-in que ocupam da quinta à décima posição custam entre R$ 275 mil e R$ 745 mil.

MG de olho no mercado de baterias

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), quer que o lítio explorado no estado seja beneficiado localmente para fabricação de baterias.

“Algo semelhante com o que a siderurgia representa em relação ao minério de ferro”, defendeu durante o UK & Brazil: Partners in Energy, evento promovido pelo Reino Unido no Rio de Janeiro.

Em maio, governo de MG e Ministério de Minas e Energia (MME) lançaram mundialmente o projeto Lithium Valley Brazil, na bolsa de valores de Nova York, Nasdaq. A iniciativa tenta atrair investimentos internacionais para exploração do lítio no norte mineiro, que concentra a maior reserva desse mineral no Brasil.

Segundo o governador, o Estado está conversando com indústrias para garantir que será mais do que um fornecedor de matéria-prima bruta.

Escassez na UE

Enquanto isso, a União Europeia pode não atingir sua meta de alcançar zero emissões de carbono líquidas (net zero) em 2035 por falta de capacidade de produção de baterias. O alerta foi dado pelo órgão fiscalizador financeiro do bloco em um relatório publicado na segunda-feira (19/6), informou a S&P Global.

O documento cita como motivos o acesso insuficiente a matérias-primas críticas, o aumento dos custos e a intensa concorrência global.

Entenda: O lítio é considerado essencial para a transição energética, uma vez que é matéria-prima de baterias para veículos elétricos e para a cadeia de geração de energias renováveis. O mineral deve ver sua demanda crescer 40 vezes nas próximas duas décadas.

Cobrimos por aqui:

Curtas

Por falar em baterias, elas estão cada vez mais compactas

Na segunda (19/6), a Honeywell lançou seu novo sistema de armazenamento modular, o Iconic, que permite a implantação usando uma empilhadeira padrão e demanda pouca preparação do local, reduzindo custos de instalação.

Chad Briggs, vice-presidente e gerente geral de Projetos da Honeywell afirma que o sistema foi projetado para ser um componente versátil da transição energética dos clientes, que vão desde comércios a indústrias, passando também por produtores de energia independentes.

Na aviação, hidrogênio

A Airbus UpNext, subsidiária de inovação da fabricante europeia de aviões, lançou um novo programa para testar a tecnologia de célula a combustível hidrogênio em aeronaves. A intenção é substituir o uso de combustível fóssil na geração de energia para iluminação e ar-condicionado da aeronave, por exemplo.

No transporte marítimo, metanol

A dinamarquesa Maersk fará a adaptação de um navio para torná-lo bicombustível, isto é, além do combustível convencional, poderá usar metanol, inclusive o de origem renovável. É a primeira companhia na indústria naval a fazer essa conversão.