Diálogos da Transição

Biden proíbe importação de óleo, gás e carvão russos; UE lança plano de “independência de fósseis"

Petróleo da Rússia representa cerca de 3% das importações de petróleo bruto dos EUA e 1% do total processado no país

Biden proíbe importação de óleo, gás e carvão russos; UE lança plano de “independência de fósseis
A ação conjunta "REPowerEU" vai procurar diversificar o fornecimento de gás, acelerar a implantação de gases renováveis ​​e substituir o gás no aquecimento e na geração de energia (foto: Reuters/Johanna Geron/direitos reservados)

newsletter

Diálogos da Transição

eixos.com.br | 08/03/22

Editada por Nayara Machado
[email protected]

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou hoje (8/3) que os EUA proibirão todas as importações de petróleo, gás natural e carvão russos em resposta à invasão da Ucrânia por Vladimir Putin.

“Não faremos parte do subsídio à guerra de Putin”, disse Biden, reconhecendo também que a decisão terá um custo para os EUA.

O petróleo da Rússia representa cerca de 3% das importações de petróleo bruto dos EUA e cerca de 1% do total processado pelas refinarias no país, de acordo com a associação comercial de combustíveis e produtos petroquímicos AFPM.

Não foram publicados detalhes sobre os efeitos da medida.

Mas a especulação sobre o corte de importações russas, pelos EUA, já tinha feito os preços do barril de petróleo bater US$ 139 no mercado de curto prazo na segunda (7/1); hoje, a cotação do Brent voltou a atingir US$ 133 até o fechamento deste texto.

Em discurso hoje, o presidente norte-americano disse que a crise é um forte lembrete de que, para proteger a economia interna a longo prazo, é preciso independência energética.

“Isso deve nos motivar a acelerar a transição para a energia limpa”, destacou.

Paralelamente, o governo estuda outras formas de desbloquear mais suprimentos globais de petróleo para aliviar o choque nos preços do gás.

Isso inclui negociar com a Arábia Saudita, cujas relações estão estremecidas desde o assassinato do jornalista do Washington Post, o saudita Jamal Khashoggi, no consulado da Arábia em Istambul, na Turquia, em outubro de 2018.

Também estão sendo discutidas as possibilidades de permitir à Venezuela vender seu petróleo no mercado internacional, e de flexibilização de sanções ao Irã.

Votação no Congresso americano. Em comunicado, a presidente da Câmara dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, disse que a medida será votada hoje e que espera uma “votação bipartidária forte”.

O projeto de lei:

  • Proibirá a importação de produtos petrolíferos e energéticos russos para os Estados Unidos;

  • Tomará medidas para revisar o acesso da Rússia à Organização Mundial do Comércio e explorar como diminuir ainda mais sua participação na economia global;

  • Reautorizará e fortalecerá a Lei de Responsabilidade Global de Direitos Humanos Magnitsky para que os Estados Unidos possam impor mais sanções à Rússia. (Com informações da CNN)

Fósseis x Renováveis. A crise de suprimento de petróleo movimenta a política dos EUA.

O American Petroleum Institute (API), principal associação global da indústria, que atua nos EUA, cobra a retomada da expansão de oferta de áreas e ações do governo para acelerar a produção doméstica e a expansão de infraestrutura.

Biden foi eleito, contudo, sob uma plataforma de ‘reconstrução verde’.

Na terça passada (1/3), ele defendeu concessões de créditos tributários para investimentos em eficiência energética, aumento da produção de energia solar e eólica e redução dos preços dos carros elétricos.

REPowerEU. A Comissão Europeia também propôs hoje o esboço de um plano para tornar a Europa independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030, começando pelo gás. Mais uma resposta à invasão da Ucrânia.

O plano define ainda uma série de medidas para responder ao aumento dos preços da energia na Europa e reabastecer os estoques de gás para o próximo inverno.

Batizada de REPowerEU, a ação conjunta vai procurar diversificar o fornecimento de gás, acelerar a implantação de gases renováveis ​​e substituir o gás no aquecimento e na geração de energia.

“Isso pode reduzir a demanda da UE por gás russo em dois terços antes do final do ano”, diz o comunicado.

Na quinta (3/3), a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês) havia divulgado um plano para cortar essa dependência em um terço.

A proposta da Comissão Europeia vai além.

“A plena implementação das propostas da Comissão Fit for 55 já reduziria nosso consumo anual de gás fóssil em 30%, equivalente a 100 bilhões de metros cúbicos (bcm), até 2030. Com as medidas do plano REPowerEU, poderíamos remover gradualmente pelo menos 155 bcm de uso de gás fóssil, o que equivale ao volume importado da Rússia em 2021”, diz o comunicado.

A comissão calcula que quase dois terços dessa redução podem ser alcançados em um ano, acabando com a dependência de um único fornecedor.

“Quanto mais rápido mudarmos para energias renováveis ​​e hidrogênio, combinados com mais eficiência energética, mais rápido seremos verdadeiramente independentes e dominaremos nosso sistema de energia”, disse Ursula von der Leyen, presidente da Comissão.

Já o Reino Unido, que importa a maior parte de sua energia da Noruega, anunciou uma proibição gradual do petróleo russo — mas não do gás natural — até o final de 2022.

“Esta transição dará ao mercado, negócios e cadeias de suprimentos tempo mais do que suficiente para substituir as importações russas — que representam 8% da demanda do Reino Unido”, tuítou Kwasi Kwarteng, secretário de Negócios do Reino Unido.

Na segunda-feira, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse que seu governo estabeleceria uma nova estratégia de fornecimento de energia à medida que a invasão russa da Ucrânia e a subsequente alta nos preços da energia acelerassem a necessidade de novas fontes de energia e maior autossuficiência. InfoMoney

[sc name=”news-transicao” ]