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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 15/09/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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Nova análise do think tank Carbon Tracker (CAT) publicada hoje (15) mostra que as atualizações das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs, sigla em inglês) enviadas até agora cobrem até 4 GtCO2e, isto é, 15% do necessário para limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C.
“Particularmente preocupantes são os governos – Austrália, Brasil, Indonésia, México, Nova Zelândia, Rússia, Cingapura, Suíça e Vietnã – que não conseguiram elevar a ambição”, destaca.
São governos que apresentaram as mesmas metas ou até reduziram ambições para 2030, em relação ao que foi proposto em 2015, na ratificação do Acordo de Paris.
Caso do Brasil, que, segundo ambientalistas, está dando uma ‘pedalada climática’.
No ano passado, o país apresentou a revisão da sua contribuição ao Acordo de Paris sem alterar as ambições e, ao mudar a base de cálculo, passou a aumentar o total de emissões líquidas até 2030.
Há, inclusive, uma ação na Justiça movida por jovens ativistas que processam o governo para que as metas sejam adequadas ao acordo climático.
“Esses países precisam repensar sua escolha”, diz o CAT.
E alerta que ainda existem mais de 70 países que ainda não enviaram uma meta atualizada.
Por outro lado, União Europeia, Estados Unidos e Alemanha atualizaram significativamente suas metas e implementaram novas políticas, em um movimento que precisa ser seguido com urgência por todos os outros governos.
Entre essas novas políticas, os analistas destacam o aproveitamento das vantagens da queda nos custos de energia renovável e armazenamento para acelerar sua instalação.
Além de cancelar a construção de novas usinas a carvão e o financiamento para fósseis.
Outro ponto de atenção é o financiamento internacional — essencial para ações ambiciosas nos países emergentes –, que também ficou classificado como insuficiente.
Segundo o Carbon Tracker, quase todos os países ricos precisam ampliar o apoio a países emergentes na transição. Estes, por sua vez, devem ser mais claros sobre os caminhos para reduzir suas emissões e o apoio que precisam.
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O documento (.pdf) vem logo após o relatório do IPCC reforçar a urgência absoluta de fechar a lacuna de emissões até 2030 para que exista alguma chance de evitar a elevação de temperatura a níveis considerados catastróficos.
“A data-alvo mais importante é 2030, quando as emissões globais devem ser reduzidas em 50%, e os governos não estão nem perto disso”, alerta o relatório.
A estimativa é que, com as ações atuais, as emissões globais de carbono estarão aproximadamente no mesmo nível de hoje em 2030.
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Meta do Brasil para 2030 é consistente com 4°C
A classificação ‘altamente insuficiente’ indica que as políticas e compromissos climáticos do Brasil não estão no caminho para 1,5°C.
De acordo com a análise, a meta brasileira é consistente com uma elevação de 4°C na temperatura global, quando comparada às rotas de emissões domésticas.
“Se totalmente implementadas, as políticas atuais do Brasil resultariam em reduções de emissões além de suas metas, mas ainda em linha com o aquecimento de 3°C”, diz o think tank.
Além disso, o país não está cumprindo sua contribuição justa para a mudança climática.
“A meta do Brasil não está de acordo com qualquer interpretação de uma abordagem justa para cumprir o limite de 1,5°C do Acordo de Paris, e se todos os países seguissem a abordagem do Brasil, o aquecimento ultrapassaria 4°C”.
O relatório aponta que existem lacunas significativas na formulação de políticas para conter o crescimento das emissões.
E o desmatamento segue como um sério motivo de preocupação.
“A contínua reversão das políticas de proteção florestal está permitindo taxas de desmatamento cada vez mais altas, empurrando as emissões da maior fonte do Brasil – o desmatamento – para cima após mais de uma década de declínio”, alerta.
No setor de energia, o planejamento da infraestrutura energética do Brasil é indicado como ‘um claro motivo de preocupação’, por continuar a incorporar combustíveis fósseis.
“O Brasil ainda está sofrendo com a covid-19; portanto, sua recuperação econômica está predominantemente no futuro. As evidências sugerem que o governo Bolsonaro preferiu usar a pandemia para acelerar — e desviar a atenção — do retrocesso das regulamentações ambientais”, completa.
Curtas
Emergência climática. A chuva que caiu pela primeira vez na história no manto de gelo da Groenlândia deve fazer soar os alarmes da emergência climática. Cientistas do clima acreditam que, se a Groenlândia continuar a derreter rapidamente, dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo poderão enfrentar inundações e deslocamentos anuais até 2030. The Guardian
COP26. A preservação e o desenvolvimento da Amazônia e o desenvolvimento serão discutidas nesta quinta (16) no Senado, durante reunião virtual do Parlamento Amazônico. Em pauta, a conferência das Nações Unidas (COP26) e a preparação dos parlamentares para o evento.
Empresários pela Amazônia. Um ano após a publicação do Comunicado do Setor Empresarial Brasileiro, grupo de empresários lançou hoje o Movimento Empresarial pela Amazônia. Liderada pelo CEDBS, a iniciativa está preocupada com a percepção negativa sobre o país no exterior em relação às questões socioambientais na Amazônia.
Sem autorização. Mais da metade da área com exploração madeireira no Pará não foi autorizada por órgãos ambientais. Mapeamento do Imazon mostra que a maior parte da área explorada sem autorização foi em imóveis rurais cadastrados, que representam 64,2% da área. G1
Mercado de carbono. Em meio às tentativas do Brasil de avançar na regulamentação do mercado de carbono, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) avalia que restrição orçamentária das contas públicas pode ser um obstáculo. Estudo divulgado esta semana será encaminhado ao Executivo e Legislativo. CNN
Transição. A gigante do petróleo Chevron anunciou a intenção de destinar US$ 10 bilhões até 2028 para diminuir as emissões de carbono de suas operações, aumentar a produção de energias à base de fontes não fósseis e capturar o carbono. Anúncio ainda não convenceu ativistas que exigem ações contundentes contra as mudanças climáticas. AFP/UOL
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