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Diálogos da Transição
eixos.com.br | 06/05/21
Apresentada por
Editada por Nayara Machado
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Repsol Sinopec Brasil anunciou esta semana um projeto para desenvolver tecnologia de captura de CO2 para produção de hidrocarbonetos verdes. O CO2CHEM marca a entrada da empresa em P&D voltados para a gestão de carbono no Brasil.
Em 2019, o grupo Repsol também assumiu a meta global de ter zero emissões líquidas até 2050.
Entre as 15 maiores petroleiras do mundo, a companhia estabeleceu a redução de emissões como um dos pilares da estratégia de P&D.
“Uma das alternativas que exploramos é a utilização do CO2 proveniente de diferentes fontes para gerar produtos de alto valor agregado, como combustíveis e produtos químicos, especialmente aqueles que ainda não possuem substitutos”, explica Támara García, gerente de Pesquisa e Desenvolvimento da Repsol Sinopec.
Serão implantados, em escala piloto, dois sistemas integrados com tecnologias nacionais capazes de consumir CO2 de diferentes fontes, como por exemplo das atividades de exploração e produção offshore para produção dos hidrocarbonetos verdes.
O ciclo fechado de produção e consumo de CO2 será alimentado por fontes de energia renovável.
Limites econômicos e tecnológicos
A reciclagem de CO2 é apontada pelo setor de petróleo como uma oportunidade para reduzir as emissões de produtos intensivos em carbono.
Mas o processo ainda é muito caro e vai demandar investimentos trilionários em infraestrutura.
- A emissão também está ficando mais cara: Preço do carbono na Europa bate os 50 euros
Relatório da Carbon Management Research Initiative, da Universidade de Columbia, examina 19 rotas de reciclagem de CO2 e indica alguns limites técnicos e econômicos da tecnologia.
As rotas estudadas consomem eletricidade renovável e usam matérias-primas químicas de baixo carbono.
Os resultados da análise:
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Quando abastecidos por eletricidade de baixo carbono e matérias-primas químicas, as rotas de reciclagem de CO2 têm o potencial combinado de reduzir 6,8 gigatoneladas de CO2 por ano ao substituir os métodos de produção convencionais;
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Algumas rotas atingiram a paridade de mercado, mas os custos ainda são altos na maior parte das demais. Um exemplo de rota comercialmente viável é o etanol de segunda geração;
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A maioria das rotas tem um custo estimado de produção (ECOP) 2,5 a 7,5 vezes maior do que o preço de venda do produto;
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O desempenho de catalisadores e os preços dos insumos são os principais direcionadores de custos. O maior componente do ECOP são os custos de eletricidade e matérias-primas químicas;
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A reciclagem de CO2, na escala dos mercados globais atuais, exigiria uma nova e enorme capacidade de infraestrutura. Cada rota em escala global consumiria milhares de terawatts-hora de eletricidade, 30–100 milhões de toneladas de hidrogênio e até 2.000 Mt de CO2 anualmente;
Serão necessários investimentos trilionários em infraestrutura para gerar e fornecer esses insumos, incluindo 8,4 mil gigawatts (GW) de capacidade de energia renovável e 8 mil GW de capacidade de eletrolisador em todas as rotas.
Com base nessas descobertas, os autores recomendam a priorização de rotas mais promissoras economicamente.
“A reciclagem de CO2 nas produções de metano e etano são extremamente antieconômicas e devem ser menos priorizadas. Todos os outros caminhos são mais promissores economicamente e poderiam ser o foco de uma agenda de inovação direcionada para reduzir custos”, dizem.
Além disso, o estudo alerta para a necessidade de garantir que as vias de reciclagem de CO2 sejam alimentadas por insumos de baixo carbono.
Sem isso, a alternativa se tornaria potencialmente mais intensiva em carbono do que a produção convencional.
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BioCCS
Uma alternativa, a aplicação de tecnologias de captura e armazenamento de carbono — conhecida como CCS (Carbon Capture and Storage) — será estudada no programa recém-lançado pelo governo federal para descarbonização do setor de transportes.
A ideia geral é retornar o carbono para onde ele estava estocado, embaixo da terra, e assim evitar que ele seja lançado na atmosfera.
O Combustível do Futuro terá um subprograma, o Probioccs, para avaliar a captura e estocagem de CO2 na produção de biocombustíveis (BioCCS).
“Se a gente consegue fazer essa captura, o produtor de biocombustível pode até aumentar em 20% a sua nota de eficiência energética ambiental e ela entra no cálculo para emitir Cbios [créditos de descarbonização do RenovaBio]”, estima o secretário de Petróleo, Gás e Biocombustíveis do MME, José Mauro.
A proposta é criar um arcabouço legal e regulatório para o BioCCS.
A demanda veio de produtores de etanol de milho do Centro-Oeste que querem fazer injeção de CO2, mas não encontram amparo na regulação.
A regulamentação também deve se estender a outras formas de captura e armazenamento de carbono, para viabilizar o hidrogênio azul – quando a fonte é fóssil, mas o carbono emitido é capturado para neutralizar as emissões.
Curtas
O marco legal da geração distribuída (PL 5829/19), que estava previsto para ser votado nesta quinta (6), saiu da pauta do plenário da Câmara dos Deputados por falta de consenso entre os parlamentares. Ontem, o relator, Lafayette de Andrada (Republicanos/MG), publicou um substitutivo, resultado das negociações que vêm sendo feitas há cerca de dois meses. epbr
Tratativas para editar uma medida provisória que estabeleça monofasia na venda direta de etanol avançaram no governo federal e texto pode sair ainda em maio, após dois anos de discussões internas sem sucesso…
…Nesta quarta (5), a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o PDC 978/18, que susta resolução da ANP e permite a venda direta sem uma contrapartida tributária. Aprovação é uma pressão dos deputados para que o governo defina uma solução tributária. epbr
A norueguesa Equinor concluiu a compra da empresa polonesa de energias renováveis Wento, por 91 milhões de euros, segundo comunicado desta quarta (5). Os negócios da Wento incluem um pipeline líquido total de cerca de 1,6 gigawatts (GW) de projetos solares. Segundo a empresa, aquisição está alinhada com estratégia de alcançar gradualmente posições onshore lucrativas em mercados de energia renovável. epbr
A multinacional de cosmética Natura & Co captou esta semana US$ 1 bilhão com a emissão de Sustainability-linked bonds (SLBs) — títulos atrelados a metas de sustentabilidade assumidas pela Natura. Realizada no mercado internacional, a oferta única foi a maior do tipo já feita na América Latina. epbr
O ECB Group, holding brasileira de biocombustíveis, vai estabelecer uma base em Genebra, na Suíça. A BSBIOS Suíça passa a ser uma plataforma da holding para apresentar investimentos em biocombustíveis avançados. A empresa responderá pelas atividades de importação e exportação de biocombustíveis, glicerina, óleo vegetal e farelo de soja, além de implementação de projetos de produção de energia.
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