Apesar de pandemia, GD solar cresceu em 2020 impulsionada pelo agro

Solar panels field in the city of Nanao, Ishikawa Prefecture, Japan

Champs de panneaux solaires de la ville de Nanao (préfecture Ishikawa), au Japon

 

Credits: PIERRE-OLIVIER / Capa Pictures / Total

capapictures-site@capatv.com
Solar panels field in the city of Nanao, Ishikawa Prefecture, Japan Champs de panneaux solaires de la ville de Nanao (préfecture Ishikawa), au Japon Credits: PIERRE-OLIVIER / Capa Pictures / Total [email protected]

Essa newsletter é enviada primeiro
aos assinantes, por e-mail.
Assine gratuitamente

newsletter

Diálogos da Transição

Apresentada por

Editada por Nayara Machado
[email protected]

Correção: a captação de R$ 1,9 milhão da Bloxs Investimentos está em andamento e não foi concluída, como informado anteriormente. 

Apesar de pandemia, GD solar cresceu em 2020 impulsionada pelo agro

A geração distribuída solar fotovoltaica teve forte crescimento mesmo em ano de pandemia. O aumento na tarifa de energia elétrica e a maior disponibilidade de linhas de crédito impulsionaram a demanda por sistemas solares, com destaque para o agronegócio, que teve uma alta de 120% só no primeiro semestre de 2020, acumulando 488,5 MW em geração.

Embora os dados de 2020 ainda não estejam consolidados, o setor estima um crescimento acima de 50% de geração solar este ano.

Dados da Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica) apontam que, este ano, a geração distribuída no Brasil ultrapassou a centralizada. Até outubro, a capacidade solar no país tinha 7 GW, sendo mais de 4 GW de geração distribuída.

Segundo o diretor de marketing e sustentabilidade da BYD Brasil, Adalberto Maluf, em 2020, houve uma consolidação na oferta de linhas especiais de financiamento, principalmente de bancos privados.

“Mesmo com a crise, vimos um aumento de 40% nas vendas. O que mais cresceu este ano foi o segmento do agronegócio, em especial no Centro-Oeste. O agro tem linhas muito boas para financiamento de projetos, que faz com que o setor tenha disponibilidade de capital mais do que outros”, explica Maluf.

O agro é o terceiro setor que mais utiliza energia solar fotovoltaica (13%) no Brasil, atrás dos consumidores residenciais e do setor de comércio e serviços (76%). A indústria responde por 9% e poder público 1%. Todos os setores estão sendo pressionados pelo aumento de custos da conta de energia elétrica, que ficou mais cara este ano.

“Em um momento de queda de receita, eles (os setores) olham a energia solar como alternativa para estabilizar os custos no curto prazo”, disse Maluf, estimando que o crescimento da Byd em 2021 será de 100%, equivalente a 400MW.

O uso deste tipo de energia deve seguir em expansão.

O Plano Decenal de Energia 2030, em consulta pública no Ministério de Minas e Energia, estima que, até 2030, a micro e minigeração distribuída (MMGD) deve contribuir com 4,6% e 3,2% da carga total de energia, nos cenários Verão e Primavera, respectivamente.

No cenário Verão, o Brasil opta em manter uma política de grande incentivo para a MMGD, fazendo mudanças sutis na regulação, e chega a 2030 com 24,5 GW de capacidade instalada e geração de 4,3 GWméd.

No Primavera, há remoção dos incentivos tarifários, mas o investimento continua atrativo, e a projeção é que a capacidade instalada alcance 16,8 GW e a geração 2,9 GWméd.

Ainda de acordo com as projeções do PDE, a energia solar fotovoltaica deve representar 93% da capacidade instalada e responder por 79% da energia gerada de MMGD em 2030, no cenário verão.

Quer promover o diálogo? Compartilhe essa edição no Whatsapp

Fintechs aproximam investidores e projetos de pequeno porte

Além dos bancos tradicionais, a GD também vem chamando a atenção de quem quer investir por meio das fintechs. Um exemplo é a Bloxs Investimentos, plataforma que aproxima investidores individuais de projetos alternativos, como usinas solares de pequeno porte.

A fintech está captando R$ 1,9 milhão para construção e operação de três a cinco usinas fotovoltaicas (UFV’s) da Sunfor Energia, no Rio de Janeiro, em telhados arrendados com capacidade de até 98,04kWp de potência cada. A operação ainda não foi concluída.

Neste modelo de negócio, os investidores são sócios do ativo e o rendimento – estimado em 16% ao ano – vem com o aluguel dos equipamentos para que outras empresas utilizem a energia gerada, pagando uma fração menor do que pagariam a uma concessionária, explica o CEO da Bloxs, Felipe Souto.

“Há também uma geração de fluxo de caixa constante. Uma vez instalada, não há nenhum tipo de risco operacional atrelado. Neste contexto, temos um aumento muito grande na procura deste tipo de ativo como investimento. Neste ano, mesmo com a covid, fizemos bastante projetos, em hotéis, laboratórios. Em 2021, esperamos fazer 10 MW”, conta Souto.

PUBLICIDADE

Mudança de perfil

A queda nos preços dos equipamentos e instalação para o consumidor final é outro fator que vem impulsionando a busca por sistemas fotovoltaicos nas residências.

Mesmo com a alta desvalorização do real frente ao dólar, de 30% nos últimos 12 meses, que encareceu a importação da maior parte dos insumos de placas solares, o preço manteve a tendência de queda observada nos últimos anos.

Na comparação de junho deste ano com o mesmo período de 2019, houve uma redução de quase 5% no preço médio do kit de instalação.

Para o diretor comercial da Renovigi, Antonio Federico, há uma mudança na percepção dos clientes residenciais, que respondem por 70% dos negócios da empresa.

“Muitas pessoas achavam que energia solar era para pessoas ricas. As pessoas estão começando a entender que é um negócio simples, que caiu o preço, e que não é só classe A e B que compra”, acredita Federico.

Um levantamento feito pela consultoria Greener, sobre o desempenho da geração distribuída nos primeiros seis meses de 2020, mostra que o perfil do cliente solar é cada vez mais jovem e que há uma ampliação da participação das classes C e D.

“Nos últimos anos, vem caindo o preço dos sistemas de maneira geral, oferta de linhas de financiamento com taxas interessantes. Associado a isso, o custo de energia elétrica é alto e há risco de apagão para o ano que vem”, explica o diretor da Renovigi.

Estudo Estratégico Geração Distribuída: Mercado Fotovoltaico – Greener (clique na imagem para ampliar)

A capacidade de GD solar havia batido recorde nos três primeiros meses do ano, quando cresceu 25%, saltando de 2 mil MW, no início de janeiro, para 2,5 mil MW no fim de março. Com a chegada da pandemia, tudo mudou e o segmento chegou a registar queda de até 90% entre abril e julho, quando começou a dar sinais de melhora.

“Em agosto tivemos uma recuperação que explodiu. Em setembro tivemos o triplo de pedidos de janeiro. Vamos crescer 50% em relação ao ano passado, mas em 2021 esperamos crescer 140%, a demanda está altíssima. Temos ainda uma estratégia para sermos mais agressivos no agronegócio”, concluiu Federico.

Curtas

O Brasil deve perder, de forma inédita, o direito de voto na ONU a partir de 1º de janeiro. O país tem até o fim de dezembro para pagar pelo menos US$ 113,5 milhões de uma dívida acumulada de US$ 390 milhões com as Nações Unidas e escapar de punição. Uma suplementação orçamentária de R$ 2,8 bilhões para honrar compromissos financeiros com 30 organismos internacionais foi incluída no PLN 29, que precisa ser aprovado em sessão conjunta do Congresso Nacional. Diante da falta de articulação política, a votação prevista para ontem terminou sem acordo.

…a perda do direito ao voto ocorre não apenas na Assembleia Geral, instância máxima de decisão, mas nos conselhos da ONU dos quais o devedor faz parte. No caso do Brasil, atinge sua participação no Conselho Econômico e Social, que discute temas como desenvolvimento sustentável, energia e inovação. Valor

Fabricantes de caminhões na Europa assinaram um plano para descarbonizar o setor. Com o compromisso europeu de descarbonizar a economia da região até 2050, todos os novos caminhões vendidos devem estar livres de combustíveis fósseis até 2040. Pela primeira vez, os fabricantes fixam sua própria meta para tornar o setor neutro em carbono e iniciam um plano em sintonia com a ciência. Valor

A Shell e a OMV, ao lado montadoras Daimler Truck AG, Iveco e Volvo Group, pretendem colocar em circulação, ao menos, 10 mil caminhões movidos a hidrogênio na Europa na segunda metade da década de 2020, com a criação de corredores de abastecimento e soluções para atender a demanda pelo combustível.

…chamada de H2Accelerate, o acordo de colaboração buscará viabilizar o uso em massa de caminhões a hidrogênio na região e atender à ambição do continente de reduzir suas emissões líquidas de gases de efeito estufa a zero até 2050. epbr

A Enel X e a rede de estacionamentos Estapar pretendem criar a primeira rede de carregamentos de veículos elétricos semi-pública do Brasil. O plano é instalar 250 estações de recarga em cerca de 100 pontos nos estacionamentos da Estapar até fevereiro de 2021…

… As estações serão disponibilizadas em 23 cidades em dez estados, como São Paulo (SP), Guarulhos (SP), Barueri (SP), Rio de Janeiro, Belo Horizonte (MG), Curitiba (PR), Aracaju (SE), Recife (PE), Salvador (BA), Brasília (DF), Campinas (SP) e Fortaleza (CE).

O Senado aprovou nesta quarta-feira (16) projeto de lei que institui um programa de compensação por serviços ambientais, para incentivar produtores rurais a promoverem ações para preservar o meio ambiente. Os senadores aprovaram a proposta em votação simbólica. Como a matéria recebeu alterações, em relação ao em relação ao projeto que passou pela Câmara dos Deputados —os senadores aprovaram um texto substitutivo— deverá tramitar novamente naquela Casa. Folha

A S&P Global Platts começará a publicar as primeiras avaliações diárias de preços de crédito de carbono “elegíveis para CORSIA” do mundo, a partir de 4 de janeiro de 2021. As avaliações vão refletir o valor diário dos créditos de carbono elegíveis para o CORSIA – o Platts CEC.

Apesar dos impactos do COVID-19, 71,3 GW de capacidade de energia eólica devem ser instalados no mundo em 2020, redução de apenas 6% em relação às previsões pré-COVID no primeiro trimestre de 2020. A estimativa é da GWEC Market Intelligence, cuja previsão para instalações eólicas offshore em 2020 aumentou em 5% em relação às previsões pré-COVID para 6,5 ​​GW, liderada pela corrida de instalação na China. GWEC

Esta é a última edição da Diálogos da Transição em 2020.
Obrigada por nos acompanhar até aqui!
Voltamos na primeira semana de janeiro com mais cobertura sobre a
transição energética.

Você pode conferir o que passou por aqui neste link

Boas festas e até logo!

[sc name=”news-transicao” ]