Crise hídrica: racionamento voluntário, inflação em alta e cenários para o 2º semestre

Imagem aérea da UHE Foz de Chapecó.

 

Foto: Divulgação Furnas/Nadir Gabiatti (outubro de 2010)
Imagem aérea da UHE Foz de Chapecó. Foto: Divulgação Furnas/Nadir Gabiatti (outubro de 2010)

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Os consumidores de energia propõem que o governo “pague” pela redução voluntária do consumo e racionalização dos horários de pico. A ideia é que os ganhos com a energia economizada a serviço da flexibilidade da operação do sistema, sob estresse, sejam revertidas ao consumidor, segundo O Globo.

— Órgãos oficiais e consultorias vêm afastando o risco de racionamento de energia em 2021. A crise hídrica, contudo, pesa nos preços, com necessidade de acionamento de térmicas mais caras, além das importações de energia.

— Na semana passada, o Ministério de Minas e Energia (MME) se reuniu com grandes consumidores de energia para tratar dessas ações voluntárias para reduzir os picos de demanda e “contribuir com a flexibilidade da operação do sistema”.

— Participaram da reunião representantes da ABDIB (infraestrutura), Abiape (autoprodução de energia) e Abrace (grandes consumidores). Veja nota do ministério.

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Período crítico. Diante do cenário de escassez, o ONS alerta para o risco de “perda do controle hidráulico” na Bacia do Rio Paraná no segundo semestre, isto é, a restrição na capacidade de geração de energia de importantes hidrelétricas dos principais subsistemas (Sul e Sudeste/Centro-Oeste).

— “(…) verifica-se uma elevação do despacho térmico à medida que se aproxima do final do período seco, com destaque para os meses de outubro e novembro, nos quais o despacho térmico é bem próximo da disponibilidade térmica do SIN”, afirma o operador do sistema.

— As constatações são feitas em nota técnica enviada à Agência Nacional de Águas (ANA). Isso porque, no extremo, a solução é restringir outros usos da água, como navegabilidade e a destinação à agricultura. Veja o documento (.pdf);

— Em comunicado posterior à publicação da nota, o ONS acrescenta que “diversas medidas foram aprovadas pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico – CMSE e já estão em curso, o que faz com que esse cenário não se concretize e se garanta o fornecimento de energia e potência em 2021”.

Furnas. Uma das propostas é gerar mais energia nas UHEs Furnas e Mascarenhas de Moraes, em Minas Gerais (Broadcast).

— Significa a redução das cotas mínimas de Furnas, o que provoca maior uso da água armazenada. É um motivo de reclamação constante do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM).

— Um dos cenários mais críticos é o colapso de usinas que totalizam 10 GW na Bacia do Rio Paraná (Valor).

IPCA próximo de 6%. A combinação de crise hídrica – aumento das tarifas de energia elétrica – e a valorização das commodities leva consultorias a estimar a aproximação do indicador oficial da inflação a 6%. A previsão consolidada no Boletim Focus mais recente já indicava um IPCA de 5,31%, acima do teto da meta. Estadão

— Como a crise hídrica deve perdurar até 2022, os efeitos negativos podem se arrastar até o ano que vem. “Subir juros é a única opção que o BC tem neste momento, já que a sua função é mirar o centro da meta de inflação”, afirma a economista Maria Andréia Parente Lameiras (Ipea), ao jornal.

— Itaú Unibanco vê IPCA acumulado em 12 meses em 7,93%, com previsão de alta em maio de 0,71% (O Globo). Índice oficial do IBGE sai nesta quarta (9).

Os preços futuros do WTI, negociados em Nova York, atingiram US$ 70 por barril nesta segunda (7), registrando o maior patamar desde setembro de 2018 – depois recuou para US$ 68,90. O Brent, referência usada pela Petrobras, é negociado em baixa de cerca de 1%, próximo de US$ 71.

— A commodity valorizou cerca de 5% na semana passada (Reuters). Investidores avaliam os próximos sinais que podem afetar a demanda futura, enquanto a oferta parece sob controle – a decisão da OPEP+ em manter a trajetória do acordo de controle de produção, por exemplo.

Etanol. Com menos chuva e encomendas já firmadas de açúcar para o exterior, Itaú BBA antevê pressão sobre preços do etanol hidratado.

— “Esse cenário contribui para uma baixa oferta de etanol e nos faz projetar um balanço de O&D do biocombustível para a safra 2021/22 mais apertado, o que deve fazer com que os preços de hidratado na bomba sigam a paridade próxima dos 70% da gasolina C durante toda a safra, e até superior em determinados momentos, por exemplo, na entressafra”. Broadcast

QAV. A Gol Linhas Aéreas reportou aumento de 401% nas decolagens em maio, em relação a igual mês de 2020. No acumulado de cinco meses, o número de decolagens segue menor em 32%. Indicador importante para o mercado de querosene de aviação (QAV), o que mais recuou em decorrência da pandemia – a Gol é a maior companhia aérea no mercado brasileiro.

— No primeiro trimestre deste ano, as vendas de QAV (1,01 milhão de m³) foram 38% menores que em igual período de 2020 (1,63 milhão de m³). Os efeitos da covid começaram a ser sentidos em março do ano passado, mas o mercado foi fortemente atingido a partir de abril. Comparando abril de 2020 com 2021, as vendas cresceram 183%, de 85 mil m³ para 240 mil m³.

Lei do Gás. Produtores independentes entendem que o sucesso do Novo Mercado de Gás depende da internalização de novas regras pelos estados e defendem a atuação do governo federal para estimular a aderência ao novo marco federal.

— “(…) sem o estabelecimento de incentivos para aderência a essas melhores práticas, o grande pacto nacional corre o risco de ficar mesmo à mercê do voluntarismo. O preço pode ser a perpetuação de um mercado incipiente na maior parte do Brasil”, escrevem Anabal Santos Jr. e Rômulo Florentino, da ABPIP. Estadão

Na sexta (4), o governo federal publicou o decreto (.pdf) que regulamenta a Lei do Gás. Traz um capítulo sobre transporte, incluindo a previsão de contestação por transportadores interessados no atendimento dos mesmos novos mercados…

…e regras para o enquadramento de gasodutos, se serão de transporte ou distribuição, como nos casos de atendimento exclusivamente a mercados locais ou sem conflito com o planejamento de expansão do sistema de transporte.

— O conflito entre as competências federais e estaduais na regulação do mercado de gás foi um dos temas debatidos na aprovação do novo marco.

ABiogás comemora. O decreto traz “enorme avanço para o setor de biogás”, diz a associação do setor. O biometano foi equiparado ao gás natural no decreto. Este já era o entendimento da ANP, para fins regulatórios, mas a equivalência na legislação federal abre a possibilidade de incentivo fiscal para investimentos em infraestrutura, por meio do Reidi.

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