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Trump quer interromper desenvolvimento de projetos eólicos nos EUA

País é o segundo maior em capacidade de geração eólica instalada do mundo com mais de 150 GW de capacidade

Donald Trump, ex-presidente dos EUA reeleito em 2024, discursa na reunião anual do Fórum Econômico Mundial em Davos, em 26/1/2018 (Foto Faruk Pinjo/WEF)
Ex-presidente dos EUA de 2016 a 2020, Donald Trump foi reeleito para assumir em 2025 | Foto Faruk Pinjo/WEF

NESTA EDIÇÃO. Trump diz que não que quer novos projetos eólicos nos EUA.

Shell suspende projetos internacionais de eólicas offshore e reduz ritmo no hidrogênio.

Decisão de investimento em Gato do Mato sai até abril.

Brasil tem recorde de vendas de veículos elétricos.

BNDES abre chamada pública para projetos de minerais estratégicos.


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Presidente eleito dos EUA, Donald Trump afirmou em uma coletiva de imprensa na terça-feira (7/1) que vai adotar uma política em que não haverá a construção de projetos de geração de energia eólica no país. (NY Times).

Trump assume o cargo em 20 de janeiro. Durante a campanha eleitoral, ele classificou as energias renováveis como “caras e pouco confiáveis” e se manifestou contra o desenvolvimento de eólicas offshore, alegando danos à vida marinha.

  • Também prometeu incentivos para a indústria de petróleo e gás. Ainda não está claro se isso vai ocorrer por meio de subsídios.
  • O presidente não deu maiores detalhes sobre quais fontes poderiam substituir a geração eólica em meio à crescente eletrificação no país.

A eólica é uma das fontes de energia que mais ganhou impulso nos EUA nos últimos anos, com os incentivos do Inflation Reduction Action (IRA) durante o governo de Joe Biden

  • Os EUA são o segundo maior país em capacidade de geração eólica instalada, com mais de 150 gigawatts (GW)
  • Segundo dados do Departamento de Energia do governo, em 2023 a fonte foi responsável por 10% do suprimento de eletricidade do país e atraiu US$ 10,8 bilhões em investimentos, com a geração de 125 mil empregos. 
  • A eólica é responsável pela maior parte do suprimento de energia em diversos estados que votaram no republicano, como Iwoa, Dakota do Sul, Kansas e Oklahoma. 

Apesar da declaração, o site da campanha de Trump em 2023 listava avanços nos investimentos em geração de energia renovável durante seu primeiro mandato, como a promulgação de políticas que aumentaram a geração eólica em 32% entre 2016 e 2019.

Em paralelo, a major do petróleo Shell está interrompendo o desenvolvimento de novos projetos eólicos no mar em todo o mundo. De acordo com o CEO da companhia no Brasil, a decisão está ligada ao aumento dos custos

  • A companhia também colocou um freio nos projetos internacionais de hidrogênio para focar em um ativo na Holanda. A decisão levou à interrupção de uma iniciativa que estava em curso no Porto do Açu (RJ). 


Transmissão. A capacidade de exportação de energia elétrica das regiões Norte/Nordeste para as regiões Sudeste/Centro-Oeste durante o horário de ponta do sistema elétrico pode aumentar em 30% até dezembro de 2029. 

  • Segundo o plano operacional de médio prazo do ONS, a perspectiva é que a capacidade no horário de ponta suba de 15.600 MW em janeiro de 2025 para 20.500 MW ao fim do período. 

Cenários para a transição brasileira. Uma transição justa e inclusiva levaria o Brasil a alcançar a neutralidade climática antes mesmo de 2050, com metas graduais e ambiciosas de redução de emissões. É a conclusão do Plano Nacional de Energia (PNE) 2055. O documento, elaborado pela EPE e pelo MME, aponta diferentes cenários para a transição brasileira nos próximos 30 anos.

Opinião: As emendas aprovadas no projeto de eólicas offshore representam uma catástrofe para o setor. A contratação compulsória de usinas térmicas desnecessárias, caras e poluentes, vai deixar o setor ainda mais disfuncional e injusto, escreve o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Abrace Energia, Fernando Teixeirense.

Gato do Mato. A decisão final sobre o investimento no desenvolvimento no projeto, localizado no pré-sal da Bacia de Santos, deve ocorrer até abril de 2025, segundo o CEO da Shell Brasil, Cristiano Pinto da Costa.

  • A Shell também planeja iniciar em 2025 a campanha exploratória do bloco C-M-659, em águas profundas na Bacia de Campos, com a perfuração do prospecto de Ariranha. 

Distribuição de gás. O Conselho Superior da Agergs, a agência reguladora do Rio Grande do Sul, negou por unanimidade o pedido da Sulgás para suspensão dos efeitos da revisão tarifária de 2024. Na ocasião, a agência reguladora gaúcha aprovou um aumento da margem aquém do pleiteado pela distribuidora.

Mercado livre de gás. A CMPC Celulose Riograndense, de Guaíba (RS), se prepara para migrar para o ambiente de contratação livre. A companhia recebeu autorização da Agergs, em dezembro, para avançar nas negociações com a Sulgás.

Zona Franca de Manaus. A Federação Única dos Petroleiros (FUP) enviou um ofício ao presidente Lula (PT) pedindo o veto ao trecho que estende os incentivos fiscais ao setor de refino na lei que regulamenta a reforma tributária. A medida beneficia diretamente a Refinaria da Amazônia (Ream), que pertence ao grupo Atem.

  • A entidade fala em “concorrência desleal”, pois apenas uma refinaria seria beneficiada pelo dispositivo. 

Diesel verde e SAF. A implementação de projetos nesses segmentos no Brasil vai depender da exportação e da aceitação das matérias-primas, especialmente o óleo de soja, nas especificações internacionais, avalia o diretor da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), Julio Cesar Minelli.

  • Na visão dele, será fundamental para o país vencer o “protecionismo” imposto por regulamentos como o Corsia. 

Opinião: Brasil precisa fortalecer a economia circular nos processos industriais, com foco na remanufatura, reuso, uso de matéria-prima reciclada, redesenho de processos e implementação de novos modelos de negócios, escreve a especialista em indústria no Instituto E+ Transição Energética, Isabella Scorzelli.

Recorde de elétricos. O Brasil chegou ao final de 2024 com o recorde de 173,5 mil veículos elétricos vendidos, aumento de 85% em relação a 2023, de acordo com levantamento da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE).

  • O estado de São Paulo lidera o mercado, com 32% das vendas (56,8 mil), seguido pelo Distrito Federal, com 9% (16 mil). 

Mineração. O BNDES e a Finep lançaram uma chamada pública com orçamento de R$ 5 bilhões para fomentar planos de negócios de produção, pesquisa, desenvolvimento e inovação em transformação de minerais estratégicos.

  • O edital fica aberto de 13 de janeiro a 30 de abril e inclui, ainda, linhas de crédito e participação acionária em empresas e recursos não reembolsáveis.

Opinião: A integração entre startups e grandes empresas nem sempre é fácil. Diferenças culturais, processos burocráticos e resistência à mudança podem criar obstáculos. Ainda assim, as empresas que superam essas barreiras colhem recompensas significativas, escreve Luiza Zaide, gerente de Inovação da Neoenergia.

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