NESTA EDIÇÃO. Preços do petróleo e inflação em tendência de alta.
São Paulo terá metade do consumo industrial de gás no mercado livre.
Metas do Luz para Todos não foram atingidas em todos os estados em 2024.
Comissão Europeia anuncia plano para descarbonização da siderurgia.
Ano de 2024 foi o mais quente já registrado, segundo Organização Meteorológica Mundial.
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Tensões geopolíticas contribuem para alta do barril de petróleo
O aumento das tensões no Oriente Médio e no Leste Europeu está contribuindo para uma tendência de alta nos preços do barril de petróleo.
- Na quarta (19/3), o barril tipo Brent para maio avançou 0,31%, a US$ 70,78 o barril, enquanto o petróleo WTI para o mesmo mês fechou em alta de 0,23%, a US$ 66,91 o barril.
- Esta semana, a Rússia lançou uma série de ataques contra a Ucrânia, um dia depois de concordar com um cessar-fogo limitado.
- No Oriente Médio, forças militares de Israel voltaram a bombardear a Faixa de Gaza.
Segundo Bruno Cordeiro, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, a alta no barril de petróleo também reflete a situação do mercado norte-americano.
- Mesmo com o aumento dos estoques de petróleo nos Estados Unidos, o analista ressalta que o crescimento foi menor do que o esperado, o que reflete uma demanda aquecida pelas refinarias.
Para o Goldman Sachs, o mercado ainda não está precificando corretamente os riscos de volatilidade e o volume da oferta global que está sob sanções.
- “Nós esperamos que os preços do barril subam nos próximos meses”, escreveram analistas do banco em análise divulgada na quarta.
A expectativa de maior inflação teve reflexos nas discussões de política monetária na “Superquarta” no Brasil e nos EUA.
- O Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, manteve as taxas de juros inalteradas, mas elevou as projeções de inflação para 2025 e 2026 (Valor Econômico).
- No Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa básica de juros de 13,25% para 14,25%.
Em tempo, o cenário ainda não tem impactos mais severos sobre o mercado de combustíveis no Brasil. Segundo dados da Abicom, os preços da Petrobras estão acima do mercado internacional, o que tem deixado aberta a janela para a importação de diesel e gasolina por outros agentes.
Fraudes no mercado de combustíveis. A ANP confirmou ao Broadcast que há apenas um equipamento para identificar, já durante a fiscalização em campo, se a mistura obrigatória de biodiesel está sendo cumprida. Esse único equipamento que a ANP dispõe pode ser utilizado em todo o país pelos fiscais.
- O chamado espectrofotômetro possibilita agilidade na identificação e apreensão do combustível, com a interdição de forma mais célere em caso de fraude.
Nova entidade no setor. O Instituto de Petróleo, Gás e Energia (Ipegen), braço técnico da Frente Parlamentar em Apoio ao Petróleo, Gás Natural e Energia (Freppegen), será lançado na próxima semana (25/3), em Brasília. A missão é apoiar a elaboração de políticas públicas e fortalecer a agenda do setor.
- A frente ganhou corpo apoiada pela bancada do Rio de Janeiro na Câmara. Oficialmente criada em julho de 2023 e presidida pelo deputado Eduardo Pazuello (PL/RJ), a Freppegen vem tentando ganhar espaço na discussão da política setorial.
Metade do consumo no mercado livre. O volume de gás natural contratado no ambiente livre, em São Paulo, deve atingir a marca dos 5 milhões de m³/dia em junho, estima a agência reguladora estadual. Isso representa quase a metade da demanda industrial por gás no estado. Hoje, o tamanho do mercado livre paulista é da ordem de 3,5 milhões de m³/dia.
Infraestrutura de gás. A discussão sobre remuneração das infraestruturas essenciais de gás natural controladas pela Petrobras será importante para viabilizar a chegada do gás da União a preços competitivos no mercado a partir deste ano, disse o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, Pietro Mendes.
- A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) colocou em consulta pública, a partir de quarta (19), a nota técnica (.pdf) com a proposta de metodologia da remuneração máxima referente aos gasodutos de escoamento e unidades de processamento do pré-sal.
Desconcentração do mercado. A experiência europeia mostra que os resultados dos programas de gas release dependem do contexto de cada país, mas que no geral ajudaram a desafiar o agente dominante e a acelerar a concorrência interna onde as reformas pró-abertura não surtiram os efeitos esperados, conclui um estudo apresentado pela EPE.
Curtailment. Cortes físicos e divisão de prejuízos entre usinas centralizadas e projetos de micro e minigeração distribuída são medidas sem amparo legal, na avaliação do CEO da Fit Energia, Bruno Menezes. Após o agravamento do curtailment, o rateio dos cortes chegou a ser cogitado por entidades do setor.
- A companhia, controlada pelo Santander, defende que uma das soluções para os cortes passaria pela adoção de baterias, para evitar o desperdício da geração em momentos de abundância.
Cartel em Belo Monte. O tribunal do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu, por unanimidade, arquivar o processo que investigava possível formação de cartel entre as empresas Andrade Gutierrez, Camargo Correa e Norberto Odebrecht nas licitações e obras relacionadas à usina hidrelétrica.
- A autarquia entendeu que não há provas suficientes de que as empresas atuaram de maneira anticompetitiva.
Luz para Todos. Distribuidoras de energia não cumpriram a meta de atendimentos do programa em regiões remotas de seis dos nove estados da Amazônia Legal em 2024, aponta levantamento do Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) baseado em dados do Ministério de Minas e Energia (MME).
- De acordo com o Idec, Acre e Tocantins não contabilizaram nenhum atendimento. Outros três estados tiveram atendimentos muito abaixo das metas — Roraima (2%), Amazonas (6%) e Mato Grosso (7%). Já Rondônia atingiu 67% da meta.
Hidrogênio para siderurgia. A Comissão Europeia anunciou, na quarta (19), um plano de ação para o setor de aço e metais, com acesso à energia limpa a preços competitivos e o uso do hidrogênio de baixo carbono entre seus eixos. Segundo Ursula von der Leyen, presidente da Comissão, o plano vem para que o aço, historicamente um motor econômico da região, continue a ser fabricado na Europa.
Irreversível. O ano de 2024 marcou novos recordes nos indicadores das mudanças climáticas, com consequências que podem durar séculos, segundo relatório Estado do Clima Global 2024 da Organização Meteorológica Mundial (OMM). Concentrações recordes de CO2, aumento do nível do mar, aquecimento dos oceanos e derretimento das geleiras são alguns dos efeitos irreversíveis apontados.
Impactos do mercado de carbono. Quanto maior o preço do carbono, menor deve ser o despacho de termelétricas fósseis no Brasil, indica uma análise da Aurora Energy Research. Ainda assim, aumento da demanda pela eletrificação da economia deve garantir espaço para essas usinas no sistema elétrico. Leia na diálogos da transição.