NESTA EDIÇÃO. Mercado de petróleo global digere tarifas dos EUA, com receios de novas taxas sobre a Rússia.
Ministro de Minas e Energia diz que preço do gás natural no leilão da produção da União deve ficar entre US$ 5 e US$ 7 por MMBtu.
ANP reduz atendimento ao público e desativa canal telefônico por falta de recursos.
Crescimento da micro e mini geração distribuída desacelera no primeiro semestre.
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Tarifas dos EUA afetam mercado de petróleo e Rússia é o maior risco para choque nos preços
Em meio aos impactos no cenário internacional das tarifas impostas pelos Estados Unidos contra parceiros comerciais, o maior risco de choque no preço do barril de petróleo no momento está ligado ao suprimento da Rússia, indica uma análise da Rystad Energy.
- Esta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, deu um prazo de 50 dias para Rússia e Ucrânia chegarem a um acordo para encerrar a guerra que se arrasta desde 2022. Do contrário, vai impor sanções de 100% aos países que comprarem petróleo e derivados russos.
A Rystad alerta: o mercado não pode se dar ao luxo de ficar sem o suprimento dos quase 5 milhões de barris de petróleo e 2,5 milhões de barris de derivados que a Rússia exporta diariamente.
- Os países mais impactados seriam a Índia e China, que juntos consomem mais de 3,5 milhões de barris/dia de óleo bruto da Rússia.
- “O petróleo russo se tornou uma peça importante para a segurança do abastecimento da Índia e da China, principalmente porque ajuda a equilibrar os custos em meio à volatilidade dos mercados globais”, diz a Rystad.
- A eventual retirada desses barris do mercado levaria a um aumento na demanda da produção do Oriente Médio.
Essas tarifas secundárias também podem atingir, novamente, o Brasil.
- Os importadores brasileiros vêm ampliando as compras de diesel russo nos últimos anos e podem ter dificuldades de encontrar novos supridores num momento de baixa nos estoques no mercado global, indicou uma reportagem do Valor Econômico.
As novas taxas afetariam o país num momento em que a indústria brasileira ainda digere as tarifas de 50% dos EUA, válidas a partir de agosto.
- Os cálculos dos impactos do tarifaço estão começando a chegar: o mercado dos EUA têm um peso de 5,3% no faturamento do mercado de petróleo e gás brasileiro, segundo um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
- Já os produtores independentes veem possibilidade de direcionar as exportações para outros mercados, como o asiático e o europeu, caso as tarifas de fato entrem em vigor.
- Mas o IBP ainda acredita que, por se tratar de uma commodity global, o petróleo brasileiro pode ficar isento.
As tarifas de Trump e as tratativas dos EUA com parceiros comerciais estão no radar do mercado e impactam os preços do barril de petróleo, que fecharam em leve queda na quarta-feira (16/7).
- O Brent para setembro recuou 0,28% (US$ 0,19), a US$ 68,52 o barril.
- Outros fatores que pesam são os conflitos geopolíticos no Oriente Médio — com novos ataques no Iraque — e a queda nos estoques.
- Como ainda vê espaço para discussões de isenções nas tarifas secundárias, as projeções da Rystad são de que o Brent vai seguir na casa dos US$ 60 por barril até o final do ano, com uma média de US$ 63 no quarto trimestre.
Etanol também na mira. O acesso ao mercado brasileiro de etanol está entre os principais alvos de uma investigação aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil. A averiguação vai incluir ainda o combate ao desmatamento ilegal.
- A investigação vai analisar se atos, políticas e práticas adotadas pelo governo brasileiro são consideradas arbitrárias, discriminatórias e oneram ou criam barreiras ao comércio estadunidense.
Leilão de gás. O ministro Alexandre Silveira (MME) cravou nesta quarta (16/7) que o preço do gás natural poderá ficar entre US$ 5 a US$ 7 o milhão de BTU no leilão da produção da União. O certamente pode ocorrer ainda neste ano.
- A previsão vem após a publicação, na sexta passada (11), da MP dos Vetos, que aumenta os poderes do CNPE para, na prática, possibilitar a redução do valor do gás para o consumidor industrial, uma bandeira da pasta.
Corredores a gás. A inclusão do gás natural como combustível de transição na Taxonomia Sustentável Brasileira será fundamental para viabilizar os corredores sustentáveis e incentivar, assim, a substituição do diesel pelo gás na frota de veículos pesados, defende o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro.
Crise orçamentária. A ANP anunciou a adoção de novas medidas operacionais para lidar com restrições orçamentárias. A partir de 28 de julho, o protocolo do escritório central, no Rio de Janeiro, passará a funcionar em horário reduzido. Também foi suspenso o contrato com a empresa que gerencia o atendimento ao cidadão por telefone.
BR do Mar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta quarta-feira (16/7), o decreto que regulamentou o programa, que busca ampliar a cabotagem no país, reduzir custos logísticos e fomentar a indústria naval brasileira.
- De acordo com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a redução de custo do setor portuário deve ser de 20% a 60%.
Mudança climática desafia financiamento. Os investimentos em infraestrutura, incluindo o setor de energia, no Brasil estão batalhando para encontrar novos mecanismos de financiamento que atendam às necessidades de transição energética e adaptação. Especialistas da KPMG apontam que a transição energética está entrando em uma nova fase, marcada por um maior pragmatismo econômico.
Novo licenciamento. Várias frentes parlamentares ligadas a temas socioambientais lançaram, na terça (15/7), manifesto pelo adiamento da votação final do projeto da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental, prevista para esta semana no Plenário da Câmara dos Deputados.
- Chamado de “PL da devastação” pelos ambientalistas, o texto também foi classificado de “inconstitucional, retrógrado e negacionista das mudanças climáticas”.
Geração distribuída desacelera. A capacidade instalada da micro e minigeração distribuída cresceu 4,697 gigawatts (GW) no Brasil nos primeiros seis meses de 2025, indicando uma desaceleração em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a modalidade avançou 5,119 GW.
- A alta nos juros e o aumento do imposto de importação de placas solares impactam os investimentos.
PCHs. A Aneel reconheceu a viabilidade de 26 projetos de pequenas centrais hidrelétricas, que somam 191,1 MW de potência instalada. Além desses registros, a agência também aprovou ajustes em dois projetos de PCHs e em uma usina hidrelétrica de maior porte.
- A medida ocorre em um momento de maior atenção à fonte, depois da publicação da MP dos vetos, que prevê a substituição de parte da contratação obrigatória de usinas termelétricas prevista na lei de privatização da Eletrobras por PCHs.
Críticas à MP dos vetos. A Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia) apontou que o critério escolhido para limitar o crescimento dos subsídios na tarifa de energia foi “mal escolhido” e, na prática, pode ser contraproducente ao objetivo de evitar a elevação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
Opinião: As estratégias e lobbies republicanos são legítimos e podem ser confrontados dentro de um limite entre razoabilidade e tecnicidade, escreve o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Abrace, Fernando Teixeirense.