comece seu dia

Tarifas dos EUA afetam mercado de petróleo e Rússia é o maior risco para choque nos preços

Rystad diz que mercado não pode ficar sem os 5 milhões de barris de petróleo que a Rússia exporta diariamente

Presidente russo Vladimir Putin, em 22 de agosto de 2023 (Foto Wikimedia Commons)
Presidente russo Vladimir Putin (Foto Wikimedia Commons)

NESTA EDIÇÃO. Mercado de petróleo global digere tarifas dos EUA, com receios de novas taxas sobre a Rússia. 
 
Ministro de Minas e Energia diz que preço do gás natural no leilão da produção da União deve ficar entre US$ 5 e US$ 7 por MMBtu. 
 
ANP reduz atendimento ao público e desativa canal telefônico por falta de recursos.
 
Crescimento da micro e mini geração distribuída desacelera no primeiro semestre. 


EDIÇÃO APRESENTADA POR

Em meio aos impactos no cenário internacional das tarifas impostas pelos Estados Unidos contra parceiros comerciais, o maior risco de choque no preço do barril de petróleo no momento está ligado ao suprimento da Rússia, indica uma análise da Rystad Energy. 

  • Esta semana, o presidente dos EUA, Donald Trump, deu um prazo de 50 dias para  Rússia e Ucrânia chegarem a um acordo para encerrar a guerra que se arrasta desde 2022. Do contrário, vai impor sanções de 100% aos países que comprarem petróleo e derivados russos.  

A Rystad alerta: o mercado não pode se dar ao luxo de ficar sem o suprimento dos quase 5 milhões de barris de petróleo e 2,5 milhões de barris de derivados que a Rússia exporta diariamente. 

  • Os países mais impactados seriam a Índia e China, que juntos consomem mais de 3,5 milhões de barris/dia de óleo bruto da Rússia. 
  • “O petróleo russo se tornou uma peça importante para a segurança do abastecimento da Índia e da China, principalmente porque ajuda a equilibrar os custos em meio à volatilidade dos mercados globais”, diz a Rystad. 
  • A eventual retirada desses barris do mercado levaria a um aumento na demanda da produção do Oriente Médio

Essas tarifas secundárias também podem atingir, novamente, o Brasil.

  • Os importadores brasileiros vêm ampliando as compras de diesel russo nos últimos anos e podem ter dificuldades de encontrar novos supridores num momento de baixa nos estoques no mercado global, indicou uma reportagem do Valor Econômico

As novas taxas afetariam o país num momento em que a indústria brasileira ainda digere as tarifas de 50% dos EUA, válidas a partir de agosto. 

  • Os cálculos dos impactos do tarifaço estão começando a chegar: o mercado dos EUA têm um peso de 5,3% no faturamento do mercado de petróleo e gás brasileiro, segundo um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
  • Já os produtores independentes veem possibilidade de direcionar as exportações para outros mercados, como o asiático e o europeu, caso as tarifas de fato entrem em vigor. 
  • Mas o IBP ainda acredita que, por se tratar de uma commodity global, o petróleo brasileiro pode ficar isento

As tarifas de Trump e as tratativas dos EUA com parceiros comerciais estão no radar do mercado e impactam os preços do barril de petróleo, que fecharam em leve queda na quarta-feira (16/7).

  • O Brent para setembro recuou 0,28% (US$ 0,19), a US$ 68,52 o barril.
  • Outros fatores que pesam são os conflitos geopolíticos no Oriente Médio — com novos ataques no Iraque — e a queda nos estoques
  • Como ainda vê espaço para discussões de isenções nas tarifas secundárias, as projeções da Rystad são de que o Brent vai seguir na casa dos US$ 60 por barril até o final do ano, com uma média de US$ 63 no quarto trimestre. 


Etanol também na mira. O acesso ao mercado brasileiro de etanol está entre os principais alvos de uma investigação aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil. A averiguação vai incluir ainda o combate ao desmatamento ilegal.

  • A investigação vai analisar se atos, políticas e práticas adotadas pelo governo brasileiro são consideradas arbitrárias, discriminatórias e oneram ou criam barreiras ao comércio estadunidense

Leilão de gás. O ministro Alexandre Silveira (MME) cravou nesta quarta (16/7) que o preço do gás natural poderá ficar entre US$ 5 a US$ 7 o milhão de BTU no leilão da produção da União. O certamente pode ocorrer ainda neste ano. 

  • A previsão vem após a publicação, na sexta passada (11), da MP dos Vetos, que aumenta os poderes do CNPE para, na prática, possibilitar a redução do valor do gás para o consumidor industrial, uma bandeira da pasta. 

Corredores a gás. A inclusão do gás natural como combustível de transição na Taxonomia Sustentável Brasileira será fundamental para viabilizar os corredores sustentáveis e incentivar, assim, a substituição do diesel pelo gás na frota de veículos pesados, defende o secretário-executivo do Ministério dos Transportes, George Santoro.

Crise orçamentária. A ANP anunciou a adoção de novas medidas operacionais para lidar com restrições orçamentárias. A partir de 28 de julho, o protocolo do escritório central, no Rio de Janeiro, passará a funcionar em horário reduzido. Também foi suspenso o contrato com a empresa que gerencia o atendimento ao cidadão por telefone.

BR do Mar. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou, nesta quarta-feira (16/7), o decreto que regulamentou o programa, que busca ampliar a cabotagem no país, reduzir custos logísticos e fomentar a indústria naval brasileira.

  • De acordo com o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, a redução de custo do setor portuário deve ser de 20% a 60%. 

Mudança climática desafia financiamento. Os investimentos em infraestrutura, incluindo o setor de energia, no Brasil estão batalhando para encontrar novos mecanismos de financiamento que atendam às necessidades de transição energética e adaptação. Especialistas da KPMG apontam que a transição energética está entrando em uma nova fase, marcada por um maior pragmatismo econômico.

Novo licenciamento. Várias frentes parlamentares ligadas a temas socioambientais lançaram, na terça (15/7), manifesto pelo adiamento da votação final do projeto da nova Lei Geral do Licenciamento Ambiental, prevista para esta semana no Plenário da Câmara dos Deputados.

  • Chamado de “PL da devastação” pelos ambientalistas, o texto também foi classificado de “inconstitucional, retrógrado e negacionista das mudanças climáticas”. 

Geração distribuída desacelera. A capacidade instalada da micro e minigeração distribuída cresceu 4,697 gigawatts (GW) no Brasil nos primeiros seis meses de 2025, indicando uma desaceleração em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a modalidade avançou 5,119 GW.

  • A alta nos juros e o aumento do imposto de importação de placas solares impactam os investimentos.

PCHs. A Aneel reconheceu a viabilidade de 26 projetos de pequenas centrais hidrelétricas, que somam 191,1 MW de potência instalada. Além desses registros, a agência também aprovou ajustes em dois projetos de PCHs e em uma usina hidrelétrica de maior porte.

  • A medida ocorre em um momento de maior atenção à fonte, depois da publicação da MP dos vetos, que prevê a substituição de parte da contratação obrigatória de usinas termelétricas prevista na lei de privatização da Eletrobras por PCHs.

Críticas à MP dos vetos. A Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia e Consumidores Livres (Abrace Energia) apontou que o critério escolhido para limitar o crescimento dos subsídios na tarifa de energia foi “mal escolhido” e, na prática, pode ser contraproducente ao objetivo de evitar a elevação da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
 
Opinião: As estratégias e lobbies republicanos são legítimos e podem ser confrontados dentro de um limite entre razoabilidade e tecnicidade, escreve o diretor de Relações Institucionais e Comunicação da Abrace, Fernando Teixeirense. 

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia