NESTA EDIÇÃO. Alexandre Silveira cobra da ANP a reforma regulatória da Lei do Gás e diz que a Petrobras não é a única responsável pelos altos custos
Após cancelamento de leilão, afirma que parque térmico será acionado se necessário, mas descarta crise por atraso em contratação de potência
Vice-presidente da FPA defende derrubada de veto para permitir acesso do Fundo Clima para projetos de transporte com gás natural e biocombustíveis
Petrobras se prepara para sair na frente na oferta de combustível sustentável de aviação coprocessado.
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O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, atribuiu o alto preço do gás natural no Brasil a “oligopólios irresponsáveis”, citando altos custos com transporte, escoamento e processamento, temas alvo da reforma da regulamentação da Lei do Gás e com implementação sob da ANP.
“É preciso o acesso de urgência por parte da Agência Nacional de Petróleo para implementá-lo no nível regulatório. Ela não pode se furtar a cumprir o seu compromisso de ser órgão regulador”, disse durante a abertura da gas week 2025, em Brasília. Veja a íntegra do discurso.
Ele criticou a privatização da NTS e da TAG, no governo de Jair Bolsonaro. E também atribuiu à Petrobras os altos custos de processamento e escoamento na malha de gás, que negocia com a PPSA a contratação da infraestrutura.
- “Precisamos que a ANP faça a sua parte e retire os privilégios daqueles poucos que hoje se beneficiam do atual modelo de escoamento e processamento. E que acabe também com o privilégio dos transportadores que se aproveitam da falta de regulação. A mesma estrutura não pode ser remunerada várias vezes”, acrescentou.
Em entrevista à eixos, afirmou ainda que não se trata de vilanizar a Petrobras, mas uma negociação complexa, que envolve investidores e sócios da companhia nos ativos.
- “Naturalmente, e temos que compreender isso, estamos negociando com o capital. A Petrobras não é a vilã da história. Nós temos um contexto de outros agentes envolvidos que naturalmente devem respeito aos seus investidores, que devem ter toda a sua governança, então é complexo.
Na primeira fala pública após o cancelamento do leilão de reserva de capacidade (LRCAP), o ministro disse ao estúdio eixos que, se for necessário, o parque térmico será acionado, para garantir a segurança energética, mas as condições hídricas hoje são mais favoráveis em relação a 2021, quando uma crise levou à contratação emergencial de usinas.
- “O leilão foi publicado em tempo hábil para que fosse feito até o período que a EPE tinha apontado da necessidade de contratação de potência para o sistema. Infelizmente, houve uma judicialização muito grande (…) Nossa condição hídrica hoje é completamente diferente daquela de 2021, quando houve falta de planejamento e precisou de contratar térmicas”.
Entre agentes privados, há a expectativa de que vai ser necessário contratar térmicas este ano por meio do mecanismo lançado pelo governo para contratação flexível, para lidar com o déficit de potência no sistema a curto prazo.
Silveira criticou também a pressão estrangeira contra a abertura de novas fronteiras exploratórias para o petróleo brasileiro, no contexto da expectativa sobre a exploração em águas profundas na região da Margem Equatorial. Citou a França, que segundo o ministro faz críticas aos combustíveis fósseis enquanto sedia uma das maiores petroleiras do mundo, a TotalEnergies.
Mercado livre. Estimativas da Edge para o ambiente livre de gás apontam para um potencial de até 15 milhões de m³/dia até o fim de 2025. Atualmente, o volume é de 9 milhões de 9 de m³/dia, excluindo térmicas.
- O volume representa mais da metade do consumo industrial no mercado de gás brasileiro, que em 2023 foi de 28,4 milhões de metros cúbicos por dia, de acordo com a Abegás.
GNL para transporte marítimo. O CEO da Edge, Demétrio Magalhães, afirmou que a comercializadora está de olho no mercado de GNL para transporte marítimo e já tem conversas nesse sentido. Hoje, a companhia opera o TRSP – terminal de regaseificação de GNL, no Porto de Santos.
Corredores sustentáveis. Os veículos pesados vão conseguir transitar no estado do Rio de Janeiro sem necessidade de diesel e movidos a gás natural veicular (GNV), disse a country manager da Naturgy no Brasil, Katia Repsold.
- A perspectiva está ligada à ampliação dos corredores sustentáveis no estado. Atualmente, o Brasil já tem corredores na Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo, e na rodovia Washington Luís, também em São Paulo.
Gás no Fundo Clima. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania/SP) disse que vai se empenhar para derrubar veto presidencial que excluiu a possibilidade de destinar recursos do Fundo Clima para projetos de mobilidade a biometano, biogás, etanol e gás natural na forma de GNC ou GNL.
Expansão da matriz. O Brasil adicionou 1.742 megawatts (MW) de capacidade de geração de energia elétrica ao seu sistema no primeiro trimestre de 2025, de acordo com dados divulgados pelas áreas técnicas da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Somente no mês de março, entraram em operação 11 novas usinas, somando 220,3 MW à matriz energética nacional.
SAF. A Petrobras espera colocar no mercado brasileiro o seu combustível sustentável de aviação coprocessado ainda no primeiro semestre de 2025, informou a companhia à agência eixos.
Já a Replan está sendo preparada, até o final de 2026, para produção com maiores teores de conteúdo renovável.
O SAF será produzido por meio do coprocessamento com 1,2% de óleos vegetais em refinarias como Reduc, Regap e Replan, onde testes em escala industrial já foram realizados com autorização da ANP. A empresa também planeja testes na Revap.