NESTA EDIÇÃO. Queda do barril ameaça produção nos EUA.
Os desafios na agenda do gás natural para 2025.
Térmicas a óleo diesel apresentam preços mais baixos no mecanismo de contratação de curto prazo.
Importação de energia do Paraguai para o mercado livre tem dificuldades para decolar.
Aneel prevê alta de 3,5% nas tarifas de energia elétrica este ano.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Produção de óleo e gás nos EUA vai sentir impactos das tarifas de Trump
A guerra comercial iniciada pelo governo dos Estados Unidos na semana passada com o anúncio de tarifas de importação vai ter impactos sobre o crescimento da produção de petróleo e gás no país.
- Com a expectativa de menor demanda e projeções sobre uma possível recessão, o preço do barril de petróleo derreteu nos últimos dias.
- Na segunda-feira (07/4), o Brent fechou a US$ 64,21, queda de 2,09%.
- O cenário está gerando, inclusive, uma pressão para que a Petrobras reduza as cotações de combustíveis no Brasil (Infomoney).
Nesse nível de preços, o crescimento da produção não-convencional nos EUA fica ameaçado, ante a competição com outros produtores de menor custo.
- As próprias tarifas de importação, inclusive, tendem a aumentar o custo de extração, com impactos sobre o aço usado na construção dos poços, por exemplo.
Segundo a Rystad Energy, o preço de equilíbrio (“breakeven” no jargão do setor) dos produtores não-convencionais nos EUA está em US$ 62 por barril.
- “Fica muito mais difícil manter o modelo de negócios adotado pelos produtores estadunidenses nos últimos anos com os preços abaixo deste nível. Isso significa que será necessário sacrificar as atividades de curto prazo, pagamentos a investidores e preservação de estoques”, diz o vice-presidente da Rystad para o mercado de óleo e gás norte-americano, Matthew Bernstein.
O maior impacto deve ser sentido na Bacia do Permiano, segundo a consultoria.
- A região mais ameaçada é também uma importante produtora de gás. Segundo a U.S. Energy Information AdministratioN (EIA) , a expectativa é que a produção de gás natural na região chegaria a 3,2 bilhões de m³/dia este ano.
Falando em gás natural… A agência eixos realiza nesta terça-feira (8/4) em Brasília a edição presencial do maior evento para debater o mercado de gás natural do país, a gas week 2025, com a presença de autoridades, incluindo o ministro Alexandre Silveira (PSD), além dos principais executivos do setor no Brasil.
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Desafio na agenda do gás. Conciliar novos investimentos na malha de gasodutos com a pressão por redução do custo do gás natural, na revisão tarifária das transportadoras, vai ser um dos principais debates deste ano. E, para isso, será preciso olhar com atenção para o lado da demanda, em especial para a (re) contratação das termelétricas no leilão de reserva de capacidade.
- Essa é a avaliação de representantes de diferentes elos da cadeia da indústria do gás, presentes no painel Gás Natural e Biometano: qual o mercado que queremos?, na live de abertura da gas week 2025.
Contratação de térmicas a curto prazo. Termelétricas a óleo diesel apresentaram propostas 60% menores para o mecanismo de contratação flexível, criado ano passado pelo Ministério de Minas e Energia. Com o cancelamento do leilão de reserva de capacidade, antes previsto para junho, a janela para contratação dos produtos de curtíssimo prazo, com entrada em setembro, está perdida.
- Ao todo, 12 usinas foram habilitadas para a contratação por meio do mecanismo, chamado de operação diferenciada de térmicas. Na prática, é uma alternativa para despacho de potência de térmicas existentes pelo Operador Nacional do Sistema.
Por falar no leilão cancelado…. A Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace) elogiou a decisão de cancelar o leilão de reserva de capacidade, por conta da possibilidade de embates judiciais.
- Para a entidade, o MME “demonstrou sensibilidade aos riscos apontados pelo mercado”.
Opinião. O cancelamento do leilão reserva de capacidade de 2025 previsto para junho é mais um sinal do descasamento entre as condições do setor elétrico e o marco regulatório de comercialização de energia em vigor, escreve a diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos.
Biogás. Duas usinas vão transformar resíduos sólidos urbanos de aterros sanitários em energia elétrica em Campina Grande e Guarabira (PB) para comercialização no modelo de geração distribuída.
- O projeto é uma parceria entre a Asja, Migratio Bioenergia, Ecosolo e a CMU Energia, que comercializará a energia gerada.
Armazenamento na transmissão. O uso de baterias na rede de transmissão tem maturidade para aplicação no Brasil, concluiu uma pesquisa da Quantum Participações. Segundo a companhia, os sistemas de armazenamento podem contribuir com a estabilização da rede e ativação em caso de queda nas linhas, além de evitar custos desnecessários aos consumidores.
- Conduzido por meio do programa de P&D da Aneel, o estudo concluiu que as baterias podem promover controle de tensão e frequência, recomposição quase instantânea em caso de desligamentos, maior flexibilidade e resiliência das linhas de transmissão e redução das tarifas, pela possibilidade de evitar despachos de termelétricas.
Desinvestimento. A Equatorial Energia vendeu as ações do braço de transmissão do grupo para a Verene Energia, companhia de portfólio da canadense CDPQ.
- Como parte da estrutura da operação de venda, a Equatorial diz que haverá reorganização societária para segregação da Echoenergia Participações, Echoenergia Crescimento e Equatorial Renováveis.
Importação do Paraguai ainda não decolou. Embora 27 empresas estejam habilitadas para importar energia elétrica do Paraguai para o mercado livre brasileiro, não há registros de transações, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
- As negociações são complexas e os valores oferecidos pelas comercializadoras brasileiras não agradaram, segundo fontes.
Tarifas de energia. As contas de luz devem subir 3,5% em média no ano de 2025, conforme projeção apresentada pela Aneel. No passado, o reajuste médio foi de 0,5%.
- Entre os fatores que devem impedir aumentos maiores está a devolução do passivo de PIS/Cofins, após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que julgou que o ICMS não deveria compor a base de cálculo do tributo.
Preço dos combustíveis. O etanol foi mais competitivo em relação à gasolina em seis estados na semana de 30 de março a 5 de abril. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 67,83% ante a gasolina no período, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas.
Lava Jato. A Controladoria-Geral da União multou a Toyo Engineering Corporation em R$ 566 milhões por pagamentos de propina e fraudes contra a Petrobras durante a execução de contrato de R$ 3,8 bilhões para construção da Central de Desenvolvimento de Plantas de Utilidades (CDPU) no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), atual Complexo Boaventura.
Clima extremo. As fortes chuvas que atingiram o estado do Rio de Janeiro provocaram destruição e inúmeros transtornos aos moradores de Petrópolis, na região serrana. Entre sexta-feira (4/4) e domingo (6), a Defesa Civil recebeu 141 chamados para ocorrências. Até o momento, não há registro de vítimas. De acordo com a Defesa Civil, choveu em 24 horas o esperado para mais de um mês e meio na região.
- A falta de luz também atingiu o município. Segundo balanço da Enel divulgado por volta das 11 horas da manhã de segunda-feira (7), 2.373 consumidores estavam sem energia elétrica.
Descarbonização de aeroportos. Seis aeroportos operados pela Aena Brasil na região Nordeste receberam a certificação nível 1 da ACI Airport Carbon Accreditation. O selo atesta que eles mapeiam sua pegada de carbono, identificam as fontes emissoras e calculam as emissões anuais. A Aena prevê investimentos de mais de R$ 260 milhões no seu plano de ação climática e espera alcançar o nível 2 da certificação em 2026.
Emissões. Cerca de metade das emissões de gases de efeito estufa pode ser abatida por meio da economia circular, e a outra metade via transição energética, segundo a Fundação Ellen MacArthur.
- Um estudo elaborado pela instituição questiona a capacidade do GHG Protocol de refletir com precisão os benefícios climáticos de práticas circulares, como a reutilização, reparo e prolongamento da vida útil de produtos. O protocolo é a principal metodologia usada por empresas para contabilizar emissões.