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Produção de óleo e gás nos EUA vai sentir impactos das tarifas de Trump

Petroleiras devem reduzir ritmo de aumento da produção, diz consultoria

Anúncio do presidente Donald Trump sobre tarifas automotivas, no Salão Oval, em 26 de março de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)
Anúncio do presidente Donald Trump sobre tarifas, no Salão Oval, em 26 de março de 2025 (Foto Oficial Casa Branca)

NESTA EDIÇÃO. Queda do barril ameaça produção nos EUA

Os desafios na agenda do gás natural para 2025.

Térmicas a óleo diesel apresentam preços mais baixos no mecanismo de contratação de curto prazo.

Importação de energia do Paraguai para o mercado livre tem dificuldades para decolar.

Aneel prevê alta de 3,5% nas tarifas de energia elétrica este ano.


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A guerra comercial iniciada pelo governo dos Estados Unidos na semana passada com o anúncio de tarifas de importação vai ter impactos sobre o crescimento da produção de petróleo e gás no país.

  • Com a expectativa de menor demanda e projeções sobre uma possível recessão, o preço do barril de petróleo derreteu nos últimos dias. 
  • Na segunda-feira (07/4), o Brent fechou a US$ 64,21, queda de 2,09%.
  • O cenário está gerando, inclusive, uma pressão para que a Petrobras reduza as cotações de combustíveis no Brasil (Infomoney).

Nesse nível de preços, o crescimento da produção não-convencional nos EUA fica ameaçado, ante a competição com outros produtores de menor custo. 

  • As próprias tarifas de importação, inclusive, tendem a aumentar o custo de extração, com impactos sobre o aço usado na construção dos poços, por exemplo.

Segundo a Rystad Energy, o preço de equilíbrio (“breakeven” no jargão do setor) dos produtores não-convencionais nos EUA está em US$ 62 por barril

  • “Fica muito mais difícil manter o modelo de negócios adotado pelos produtores estadunidenses nos últimos anos com os preços abaixo deste nível. Isso significa que será necessário sacrificar as atividades de curto prazo, pagamentos a investidores e preservação de estoques”, diz o vice-presidente da Rystad para o mercado de óleo e gás norte-americano, Matthew Bernstein.

O maior impacto deve ser sentido na Bacia do Permiano, segundo a consultoria. 

  • A região mais ameaçada é também uma importante produtora de gás. Segundo a U.S. Energy Information AdministratioN (EIA) , a expectativa é que a produção de gás natural na região chegaria a 3,2 bilhões de m³/dia este ano. 

Falando em gás natural… A agência eixos realiza nesta terça-feira (8/4) em Brasília a edição presencial do maior evento para debater o mercado de gás natural do país, a gas week 2025, com a presença de autoridades, incluindo o ministro Alexandre Silveira (PSD), além dos principais executivos do setor no Brasil. 

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Desafio na agenda do gás. Conciliar novos investimentos na malha de gasodutos com a pressão por redução do custo do gás natural, na revisão tarifária das transportadoras, vai ser um dos principais debates deste ano. E, para isso, será preciso olhar com atenção para o lado da demanda, em especial para a (re) contratação das termelétricas no leilão de reserva de capacidade.

Contratação de térmicas a curto prazo. Termelétricas a óleo diesel apresentaram propostas 60% menores para o mecanismo de contratação flexível, criado ano passado pelo Ministério de Minas e Energia. Com o cancelamento do leilão de reserva de capacidade, antes previsto para junho, a janela para contratação dos produtos de curtíssimo prazo, com entrada em setembro, está perdida.

  • Ao todo, 12 usinas foram habilitadas para a contratação por meio do mecanismo, chamado de operação diferenciada de térmicas. Na prática, é uma alternativa para despacho de potência de térmicas existentes pelo Operador Nacional do Sistema. 

Por falar no leilão cancelado…. A Associação Brasileira de Grandes Consumidores de Energia (Abrace) elogiou a decisão de cancelar o leilão de reserva de capacidade, por conta da possibilidade de embates judiciais.

  • Para a entidade, o MME “demonstrou sensibilidade aos riscos apontados pelo mercado”.

Opinião. O cancelamento do leilão reserva de capacidade de 2025 previsto para junho é mais um sinal do descasamento entre as condições do setor elétrico e o marco regulatório de comercialização de energia em vigor, escreve a diretora executiva do Instituto E+ Transição Energética, Rosana Santos.

Biogás. Duas usinas vão transformar resíduos sólidos urbanos de aterros sanitários em energia elétrica em Campina Grande e Guarabira (PB) para comercialização no modelo de geração distribuída.

  • O projeto é uma parceria entre a Asja, Migratio Bioenergia, Ecosolo e a CMU Energia, que comercializará a energia gerada.

Armazenamento na transmissão. O uso de baterias na rede de transmissão tem maturidade para aplicação no Brasil, concluiu uma pesquisa da Quantum Participações. Segundo a companhia, os sistemas de armazenamento podem contribuir com a estabilização da rede e ativação em caso de queda nas linhas, além de evitar custos desnecessários aos consumidores.

  • Conduzido por meio do programa de P&D da Aneel, o estudo concluiu que as baterias podem promover controle de tensão e frequência, recomposição quase instantânea em caso de desligamentos, maior flexibilidade e resiliência das linhas de transmissão e redução das tarifas, pela possibilidade de evitar despachos de termelétricas.

Desinvestimento. A Equatorial Energia vendeu as ações do braço de transmissão do grupo para a Verene Energia, companhia de portfólio da canadense CDPQ.

  • Como parte da estrutura da operação de venda, a Equatorial diz que haverá reorganização societária para segregação da Echoenergia Participações, Echoenergia Crescimento e Equatorial Renováveis.

Importação do Paraguai ainda não decolou. Embora 27 empresas estejam habilitadas para importar energia elétrica do Paraguai para o mercado livre brasileiro, não há registros de transações, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

  • As negociações são complexas e os valores oferecidos pelas comercializadoras brasileiras não agradaram, segundo fontes.

Tarifas de energia. As contas de luz devem subir 3,5% em média no ano de 2025, conforme projeção apresentada pela Aneel. No passado, o reajuste médio foi de 0,5%. 

  • Entre os fatores que devem impedir aumentos maiores está a devolução do passivo de PIS/Cofins, após uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que julgou que o ICMS não deveria compor a base de cálculo do tributo.

Preço dos combustíveis. O etanol foi mais competitivo em relação à gasolina em seis estados na semana de 30 de março a 5 de abril. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 67,83% ante a gasolina no período, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas.

Lava Jato. A Controladoria-Geral da União multou a Toyo Engineering Corporation em R$ 566 milhões por pagamentos de propina e fraudes contra a Petrobras durante a execução de contrato de R$ 3,8 bilhões para construção da Central de Desenvolvimento de Plantas de Utilidades (CDPU) no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), atual Complexo Boaventura.

Clima extremo. As fortes chuvas que atingiram o estado do Rio de Janeiro provocaram destruição e inúmeros transtornos aos moradores de Petrópolis, na região serrana. Entre sexta-feira (4/4) e domingo (6), a Defesa Civil recebeu 141 chamados para ocorrências. Até o momento, não há registro de vítimas. De acordo com a Defesa Civil, choveu em 24 horas o esperado para mais de um mês e meio na região.

  • A falta de luz também atingiu o município. Segundo balanço da Enel divulgado por volta das 11 horas da manhã de segunda-feira (7), 2.373 consumidores estavam sem energia elétrica.

Descarbonização de aeroportos. Seis aeroportos operados pela Aena Brasil na região Nordeste receberam a certificação nível 1 da ACI Airport Carbon Accreditation. O selo atesta que eles mapeiam sua pegada de carbono, identificam as fontes emissoras e calculam as emissões anuais. A Aena prevê investimentos de mais de R$ 260 milhões no seu plano de ação climática e espera alcançar o nível 2 da certificação em 2026.

Emissões. Cerca de metade das emissões de gases de efeito estufa pode ser abatida por meio da economia circular, e a outra metade via transição energética, segundo a Fundação Ellen MacArthur. 

  • Um estudo elaborado pela instituição questiona a capacidade do GHG Protocol de refletir com precisão os benefícios climáticos de práticas circulares, como a reutilização, reparo e prolongamento da vida útil de produtos. O protocolo é a principal metodologia usada por empresas para contabilizar emissões.

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