Petróleo em alta pressiona ainda mais política de preços da Petrobras

FPSO P-76, operado pela Petrobras, iniciou produção no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos, em fevereiro de 2019 (Foto: Agência Petrobras)
O FPSO P-76 começou a produção em meados de fevereiro (Foto: Agência Petrobras)

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Editada por Gustavo Gaudarde
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A nova alta do petróleo registrada nessa quarta (24) deve pressionar os preços dos combustíveis no Brasil, tema que opôs o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e governadores e motivou a substituição de Roberto Castello Branco no comando da Petrobras.

— Os preços do petróleo se mantiveram em valores máximos em mais de um ano nessa quarta, impulsionados por uma queda da produção nos EUA, após uma onda de frio polar que afetou as principais regiões petrolíferas do país.

— O Brent para abril subiu 2,55%, fechando a sessão a US$ 67,04 o barril, e o WTI para o mesmo mês teve alta de 2,51%, a US$ 63,22 o barril. Neste nível, os dois contratos de referência fecharam em valores máximos desde 7 e 6 de janeiro de 2020, respectivamente, antes do início da pandemia nos EUA. UOL, com AFP

As especulações em torno de um novo forte ciclo de alta da commodity já leva analistas a falaram em Brent a US$ 100, registrou a Bloomberg esta semana.

— “As opiniões são ultra otimistas, mas destacam o aumento da confiança no mercado de petróleo depois que o Brent se recuperou mais de 200%, após atingir a menor baixa em 18 anos durante a pandemia”, informa a agência.

— Apostas de alto risco no mercado aumentaram nos recentemente, olhando um possível cenário de US$ 100 por barril no fim de 2022. Analistas e bancos começam a ponderar que é possível, haja vista a combinação de uma recuperação econômica rápida, com grande peso dos pacotes de estímulos nacionais.

A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 59,89 bilhões no quarto trimestre de 2020, superando as projeções dos analistas, e terminou o ano com um resultado positivo em R$ 7,1 bilhões, com efeitos contábeis e a desvalorização do real.

— A reavaliação do valor de ativos (teste de impairment), impactados pela crise no início do ano passado, representaram um ganho no quarto trimestre de R$ 31 bilhões – além de efeitos cambiais (+R$ 20 bilhões) e reversão de gastos com pessoal (plano AMS, +R$ 13,1 bilhões).

— Em um ano em que os preços do petróleo minguaram mais de 35%, a desvalorização do real e o aumento do volume de vendas e exportações ajudaram a preservar a receita, que fechou com queda de 10% em 2020 (R$ 272 bi).

— “A meta era sair da crise melhor que antes”, afirmou o presidente demissionário da Petrobras, Roberto Castello Branco, ao apresentar os resultados. “Nós entregamos nossas promessas”, disse ele. Folha de São Paulo

— Após os tombos na sexta e segunda e uma forte recuperação na terça – mas não suficiente para reverter as perdas dos dias anteriores –, as ações da Petrobras subiram na B3 nessa quarta (24/2). As ações ordinárias tiveram alta de 1,28%, e as preferenciais subiram 1,41%. InfoMoney

— O Conselho de Administração da Petrobras aprovou pagamento de R$ 10,3 bilhões em dividendos aos acionistas, com base no resultado anual de 2020.

Castello Branco deixa a Petrobras sendo acusado por Bolsonaro de não trabalhar, ao se proteger da covid-19, trabalhando remotamente. Indignado com a política de preços da Petrobras, o Bolsonaro acusou a gestão de falta de transparência, insinuando que os executivos agem por interesse próprio, sem apresentar evidências.

— Os conselheiros da Petrobras querem explicações do Planalto, informa a coluna de Malu Gaspar, em O Globo:

— “ (…) a Petrobras vai pedir formalmente que o presidente da República confirme o que disse. Como a interpelação não tem caráter de ordem judicial, Bolsonaro pode não respondê-la. Isso porém, não impede que ele venha a ser processado pelo que disse. Na prática, a interpelação representa uma chance de ele se retratar, evitando maiores complicações”.

Mais exportações… A receita de exportação de petróleo cru subiu 12,5% no ano, e as vendas para o exterior de óleo combustível – inclui o bunker marítimo com menor teor de enxofre – saltaram 31%.

— Isso fez com que a receita do mercado externo subisse de R$ 81 bi para R$ 87 bi (+7,3%) em 2020, ajudando a compensar parte das perdas internas, onde as vendas recuaram de R$ 221 bi para R$ 185 bi.

— Por mais que a demanda dos principais produtos (gasolina e diesel) tenha se recuperado regularmente depois do baque de abril de 2020 (o volume total vendido foi maior em 2020), a receita foi afetada pelo preço, que despencou no ano.

… e menos China. A Petrobras diversificou consideravelmente o destino do óleo brasileiro ao ponto de a participação do mercado chinês caiu de 71% para 62% entre 2019 e 2020, sendo 42% no quarto trimestre. Estados Unidos, Chile, Portugal e Índia foram os principais destinos de diversificação dos embarques de petróleo.

Os custos de produção caíram. Lifting costs foram 33% menores em 2020, de US$ 7,8/boe para US$ 5,2/boe. No ano, 63 plataformas de petróleo foram hibernadas “devido à baixa produtividade e altos custos operacionais.

— E a produção no ano subiu 1,2%, para 2.531 milhões de barris de óleo equivalentes (boe) por dia, que inclui a produção comercial de óleo, condensado e gás natural.

A venda de ativos foi menor. De janeiro de 2020 até 24 de fevereiro deste ano, entraram no caixa da Petrobras US$ 2,1 bilhões, de negócios de US$ 5 bilhões fechados entre 2018 e 2021.O porte dos negócios foi maior no primeiro ano da gestão Castello Branco, pré-pandemia.

— “Desde janeiro de 2019 concluímos 21 transações e tivemos outras 13 assinadas, envolvendo desinvestimentos no montante de aproximadamente US$ 17 bilhões de entrada de caixa, sendo US$ 14,4 bilhões naquele ano. A BR Distribuidora foi o primeiro caso de privatização de uma empresa estatal por meio do mercado de capitais”, afirmou Castello Branco.

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Visão do novo comando. Em entrevista à Bloomberg, o general Joaquim Silva e Luna, indicado para a presidência da Petrobras no lugar de Roberto Castello Branco, disse que a empresa precisa de austeridade, previsibilidade de preços e transparência.

— Atual diretor-geral de Itaipu e ex-ministro da Defesa, ele afirmou que vai trabalhar com o Conselho de Administração da estatal para avaliar a questão dos preços dos combustíveis. E disse que a empresa deve continuar com o foco nas operações do pré-sal e pode atrair empresas interessadas em processar o óleo excedente que suas refinarias não conseguem. InfoMoney

FPSO da SBM em Búzios. A Petrobras anunciou no final da noite de quarta (24/2) a assinatura da carta de intenções com a SBM Offshore para afretamento e prestação de serviços do FPSO Almirante Tamandaré, a ser instalado no campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. Será a sexta embarcação do tipo a produzir na área.

— O navio-plataforma terá capacidade de processamento de 225 mil barris de óleo e 12 milhões de m3 de gás natural por dia. O contrato de afretamento e serviços envolvendo a unidade terá duração de 26 anos e 3 meses.

— O projeto prevê a interligação de 15 poços ao FPSO: serão seis produtores de óleo, outros seis injetores de água e gás, um injetor de gás e mais dois poços conversíveis.

Polo Miranga é vendido A Petrobras comunicou que assinou nessa quarta (24/2) com a SPE Miranga S.A., subsidiária integral da PetroRecôncavo, contrato para a venda da totalidade de sua participação em nove campos terrestres de exploração e produção, denominados Polo Miranga, na Bahia. O valor da venda total é de US$ 220,1 milhões. epbr

Eletrobras. Eleito presidente da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI) do Senado Federal nessa quarta (24/2), Dário Berger (MDB/SC) afirmou que a capitalização da Eletrobras deve servir ao desenvolvimento do país e não apenas para promover uma “simples privatização pela privatização”.

– “A Eletrobras exerce um papel estratégico no desenvolvimento do país e isso vai demandar uma discussão ampla, muito profunda. A simples privatização pela privatização talvez não seja o modelo ideal para garantir a soberania energética fundamental para o desenvolvimento do país”, afirmou à epbr.

– O senador deixou claro que não se trata de uma oposição ao governo federal, mas sim de garantir que a privatização da estatal melhore a oferta de serviços para os consumidores. “A ideia é ajudar o Brasil”, afirmou.

— Na terça (23/2), o governo federal entregou ao Congresso Nacional uma medida provisória (MP) que busca acelerar a privatização da Eletrobras. O texto prevê que o governo mantenha poder de veto sobre decisões da estatal por meio de golden share.

Os partidos da oposição querem devolver a MP. Protocolaram nesta quarta (24), na Câmara dos Deputados, um requerimento para o presidente do Congresso Nacional, senador Rodrigo Pacheco (MDB/MG), devolver medida sob a justificativa de inconstitucionalidade.

— O secretário de Energia Elétrica do MME, Rodrigo Limp, defende que a urgência constitucional da medida provisória se justifica, principalmente, pelo impacto positivo para consumidores. No cronograma do governo, a capitalização será realizada em 2022, mas é preciso aprovar a MP e concluir os estudos este ano.

— “A gente entende que a urgência vem dos benefícios que ela traz. Para os consumidores, no amortecimento de tarifas e arrecadação da CDE; para União, com valores para as outorgas”, disse à epbr

As ações da elétrica continuaram valorizadas na B3 nessa quarta (24/2). Os papéis ordinários da Eletrobras fecharam a sessão registrando alta de 3,46%, e os preferenciais subiram 4,94%. InfoMoney

Regulação para eólicas offshore O senador Jean-Paul Prates (PT-RN) apresentou nessa quarta (24/2) projeto de lei que visa estabelecer um marco regulatório para a implantação de usinas eólicas offshore no país.

— Pelo projeto, o governo federal aprovaria outorgas para projetos eólicos offshore por meio do regime de autorização. Essas autorizações poderiam ser concedidas de forma planejada, após estudos pelo governo sobre as áreas com potenciais (também chamadas “prismas”) ou por outorgas independentes, em locais sugeridos por interessados. UOL, com Reuters

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