NESTA EDIÇÃO. Depois da Shell, Equinor também recua em projetos de energia limpa.
Preço de equipamentos para geração solar em residências cai.
Aneel habilita 5 GW de hidrelétricas para leilão de reserva.
Marina Silva reforça que decisão sobre licença na Margem Equatorial é técnica.
Empresas de energia enfrentam desafios na incorporação da reforma tributária.
Indústria química quer novo programa de incentivos.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Petroleiras e empresas de energia sinalizam recuo em metas renováveis
Em um movimento de abandono de iniciativas de descarbonização, a Equinor anunciou que vai reduzir as metas para investimentos em geração de energia renovável até 2030 e reforçar a atuação no setor de petróleo e gás, em busca de maiores retornos para os acionistas.
- A petroleira também desistiu do compromisso de destinar pelo menos metade dos investimentos a projetos de baixo carbono na atual década.
Com isso, a companhia norueguesa segue os passos da Shell, que suspendeu globalmente novos projetos de eólica offshore e restringiu investimentos em hidrogênio nos últimos meses.
- Ambas as empresas justificaram a decisão com o argumento de que os desafios na cadeia de suprimentos e a inflação estão levando a um desenvolvimento mais lento do que o esperado desses novos mercados.
No site: Transição energética se tornou mais cara que o previsto, avalia executivo da EDP
O movimento coincide com o início do governo de Donald Trump como presidente dos EUA, com a promessa de ampliar as atividades do setor de petróleo e gás na maior economia do mundo.
- Sob Trump, os EUA — segundo maior emissor de gases de efeito estufa do planeta — também estão recuando nas metas ambientais e saíram do Acordo de Paris.
O clima mais pessimista em relação à transição energética, inclusive, levou a uma queda histórica na quinta (6/2) nas ações da Raízen, que tem investido fortemente no etanol de segunda geração de olho no potencial de descarbonização do setor de transportes.
Há quem aponte, no entanto, que a estratégia dos EUA pode isolar o país e dar espaço para novas lideranças internacionais no movimento de transição energética.
- O domínio da China nas tecnologias para energias limpas e a queda nos custos desses equipamentos, inclusive, reforça a visão de que os esforços de descarbonização vão persistir no mundo.
- Segundo a BloombergNEF, o custo nivelado de eletricidade para tecnologias de energia renovável deve cair de 22 a 49% até 2035.
Por aqui, o governo Lula tem apostado na mensagem de que o momento é de oportunidade para o Brasil. Até aqui, políticas industriais têm sido direcionadas a essas novas cadeias, por vezes sob críticas de aumento de custos.
- A Petrobras, inclusive, lançou na quinta (6/2) um fundo voltado para projetos de bioeconomia e soluções baseadas na natureza, com R$ 50 milhões aportados pela estatal.
Leia também: Cidades dos EUA seguirão metas do Acordo de Paris independente de Trump, diz prefeita americana
No Brasil, competitividade da solar. O custo dos equipamentos de geração fotovoltaica para residências ficou 3% mais barato no quarto trimestre de 2024, em relação ao terceiro trimestre, aponta pesquisa da Solfácil (.pdf). O preço foi de R$ 2,53, em média, no período de julho a setembro, para R$ 2,46 por Watt-pico (Wp) nos três últimos meses do ano.
Eólica sofre questionamentos. Os contratos de arrendamento das propriedades rurais para a instalação de aerogeradores estão sendo feitos de maneira predatória, com “certo grau de assédio” e pagamentos irrisórios. Foi a mensagem de comunidades da Serra da Borborema, na Paraíba, durante audiência pública para debater a Taxonomia Sustentável Brasileira.
- A iniciativa faz parte de uma série de debates que serão realizados até o final de março para definir critérios para orientar o financiamento e os investimentos públicos e privados pelo Ministério da Fazenda.
5 GW no leilão de reserva. É o montante já autorizado pela Aneel para a ampliação da potência instalada de usinas hidrelétricas para participar do certame, marcado para 27 de junho. Confira os projetos que sinalizaram interesse em concorrer.
Recuperação das hidrelétricas. A melhora nas condições de suprimento de energia elétrica em janeiro poderá permitir que excedentes sejam exportados para outros países,
concluiu o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) na reunião de quarta-feira (5) após reunião ordinária.
Recorde no mercado livre. A migração ao ambiente livre de energia no Brasil chegou a 26.834 consumidores em 2024, alta de 262% na comparação anual. Mais empresas de menor porte e pessoas físicas passaram ao ambiente livre, depois da abertura para toda a alta tensão em janeiro do ano passado.
Irrigação. Os ministérios de Minas e Energia (MME), Agricultura e Pecuária (Mapa) e Integração e Desenvolvimento Regional (MDR) anunciaram a Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e Projetos de Irrigação do Brasil. O objetivo é assegurar o fornecimento de energia elétrica para polos de irrigação em diferentes regiões do país.
Margem Equatorial. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que não cabe à pasta exercer influência sobre a liberação de licenças para atividade de exploração e produção de petróleo e gás natural. Ela destacou, ainda, que a análise é técnica.
- A fala foi divulgada em uma nota na quinta-feira (6), em meio à expectativa sobre a resposta do Ibama ao recurso da Petrobras no pedido de licenciamento para a perfuração de um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas.
Preços de combustíveis. O Tribunal de Conta da União (TCU) negou um recurso apresentado pela Petrobras contra as determinações sobre a política de preços de combustíveis da companhia, em acórdão de novembro de 2024.
Barril de petróleo. Os contratos futuros fecharam em queda na quinta (6). A commodity foi pressionada pelo vazamento de um suposto plano de paz do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para encerrar a guerra na Ucrânia. Por outro lado, as perdas foram limitadas com o anúncio do Tesouro norte-americano de mais sanções ao Irã.
- O Brent para abril recuou 0,42% , a US$ 74,29 o barril.
Nova venda do petróleo da União. A PPSA fará uma oferta extra em 12 de março, com lotes dos campos de Itapu e Sépia. Ao todo, vão ser disponibilizados ao mercado 3,5 milhões de barris.
Reforma tributária. A incorporação das mudanças vai levar as empresas do setor de energia a ter que revisar contratos, adaptar sistemas fiscais e capacitar equipes. O cenário vai exigir preparo das companhias para conviver com os dois sistemas durante a transição. Entenda melhor os impactos na matéria de Fernando Caixeta.
Brava vs. NTE. Está na pauta da sessão de julgamento do Cade da quarta-feira (12/2) a contestação da Brava de multa de R$ 206 mil aplicada pelo órgão antitruste. A petroleira é acusada de omitir informações na tentativa de assumir a participação da Nova Técnica Energy (NTE) no campo de Papa-Terra, na Bacia de Campos.
Oferta permanente. A ANP aprovou o edital do leilão do pré-sal, que ofertará 14 blocos sob o regime de partilha de produção, sendo seis na Bacia de Campos e oito em Santos. O documento passou por ajustes regulatórios e segue para análise do MME e TCU antes da publicação em maio.
Transporte de gás. A diretoria da ANP também aprovou a abertura de consulta prévia sobre a regulamentação de critérios para cálculo das tarifas de transporte de gás natural.
- Além de atualizar as regras ao modelo de entrada e saída, a nova resolução vai disciplinar os procedimentos para apresentação das propostas de tarifas e estabelecer os critérios e diretrizes para o repasse de receitas nas interconexões das malhas de gasodutos.
Garagens de GNV. A Comgás anunciou, nesta quinta-feira (6/2), a instalação de garagens de gás natural veicular nas operações da Ypê, Nelcar e Grupo Sada. O objetivo é atender demandas por combustíveis de menor impacto ambiental no setor de transporte pesado.
Ainda sobre gás… A indústria química tenta emplacar, no Congresso, uma nova política de incentivo ao setor, diante das perspectivas de encerramento do Regime Especial da Indústria Química (Reiq).
- O presidente da Frente Parlamentar da Química, o deputado federal Afonso Motta (PDT/RS), apresentou esta semana um projeto de lei propondo a criação do Programa Especial de Sustentabilidade da Indústria Química (Presiq).