comece seu dia

Petrobras exporta mais petróleo para China

Estatal diversifica destino de óleo brasileiro com redução de embarques para os EUA

Navio Luise Oldendorff abastecido com Very Low Sulfur (VLS) B24, combustível marítimo om 24% de biodiesel de segunda geração (Foto Agência Petrobras)
Navio Luise Oldendorff foi abastecido com Very Low Sulfur (VLS) B24, combustível marítimo com 24% de biodiesel de segunda geração (Foto Agência Petrobras)

NESTA EDIÇÃO. Ásia volta a ganhar protagonismo nas exportações da Petrobras, com queda nas vendas para os EUA. 
 
Aneel recomenda renovação do contrato de distribuição da EDP Espírito Santo, primeira das 18 concessionárias em análise de extensão do contrato. 
 
Com acordo aprovado em assembleia, Eletrobras fica desobrigada de investir nas obras da usina nuclear de Angra 3. Companhia também elegeu novo conselho de administração. 
 
Portugal e Espanha têm fornecimento de energia restabelecido após apagão; Rystad vê dificuldades para equilibrar o fornecimento intermitente das renováveis na região. 
 
No Rio, ministros das Relações Exteriores dos Brics pedem financiamento climático e industrialização de minerais críticos em países do Sul Global.  


EDIÇÃO APRESENTADA POR

A Petrobras ampliou as exportações de petróleo bruto para países asiáticos no primeiro trimestre de 2025, de acordo com o relatório de produção e vendas divulgado pela estatal na noite de terça-feira (29/4). 
 
Ao todo, a companhia exportou uma média de 551 mil barris/dia no primeiro trimestre de 2025, queda de 15,2% na comparação com igual período do ano passado.

  • Desse total, 69% foram para a Ásia, com destaque para a China, que absorveu 36% do volume. 
  • Em igual período do ano passado, a região recebeu 56% das exportações da Petrobras. 

Segundo a companhia, nos três primeiros meses do ano houve uma redução da participação da Europa nas compras do petróleo, com o volume sendo destinado a outras regiões que se mostraram mais atrativas economicamente, como Cingapura, Coreia e Índia.

  • Em fevereiro, a Petrobras assinou um contrato com a estatal indiana Bharat Petroleum Corporation Limited (BPCL) para exportação de até 6 milhões de barris de petróleo por ano a partir de 2025. 

A Europa não foi a única região a perder espaço nas compras do petróleo negociado pela Petrobras no mercado internacional. 

  • Os Estados Unidos foram responsáveis por apenas 4% das exportações da companhia brasileira entre janeiro e março de 2025, frente a uma participação de 7% em igual período no ano passado. 
  • Mesmo com a baixa participação, o principal item exportado do Brasil para os EUA é o petróleo bruto.
  • Segundo dados da balança comercial divulgados pelo Ministério da Fazenda, em fevereiro de 2025, as vendas totais do Brasil aos EUA somaram US$ 3,2 bilhões. Desse total, cerca de 9% (US$ 2,13 bilhões) foram de óleos brutos de petróleo e minerais betuminosos

As compras de petróleo, gás e combustíveis são isentas das taxas de importação anunciadas pelos EUA no começo de abril. 

  • Ainda assim, os receios sobre os efeitos de uma guerra comercial prolongada entre Estados Unidos e China gera preocupações sobre a demanda global.
  • O cenário tem contribuído para a queda do preço do barril
  • Na terça (29), o Brent para julho recuou 2,33% (US$ 1,51), para US$ 63,28 o barril.


Por falar em preços… Depois de terem ficado praticamente estáveis no Brasil em março, os combustíveis fecharam abril em queda, com destaque para o diesel, tanto o comum como o menos poluente, S-10, devido às duas reduções feitas pela Petrobras nos dias 1º (-4,6%) e 18 de abril (-3,3%).

  • Com isso, o bolso do consumidor sentiu em abril um ligeiro alívio, com a queda de 1,85% no preço do diesel comum e de 1,83% no S-10, registrando média de R$ 6,38 e R$ 6,44, respectivamente. 

Queda também na Argentina. A YPF anunciou nesta terça-feira (29) uma redução média de 4% nos preços da gasolina e do diesel em todo o país, válida a partir de 1º de maio. 

  • A decisão foi tomada após o “monitoramento constante de variáveis-chave” que influenciam a política de preços da companhia, como “o valor internacional do Brent, o tipo de câmbio, a carga impositiva e o preço dos biocombustíveis”. 

Etanol. No Brasil, o etanol foi mais competitivo em relação à gasolina em cinco estados na semana de 20 a 26 de abril. Na média dos postos pesquisados no país, o etanol tinha paridade de 68,46% ante a gasolina no período, portanto favorável em comparação com o derivado do petróleo, conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) compilado pelo AE-Taxas.

Renovabio no TCU. O Tribunal de Contas da União avalia na reunião de quarta-feira (30) uma denúncia sobre possíveis ilegalidades nagestão, transparência e controle dos recursos e operações com a comercialização dos créditos de descarbonização, os CBIOs.

Chamada pública de gás. A Comgás abriu a chamada pública anual para contratação de gás natural. A distribuidora paulista de gás canalizado mira diferentes opções de contrato para a partir de 2026, de modelos firmes a flexíveis. As propostas deverão ser apresentadas até 28 de maio. A previsão é que os contratos sejam assinados até 31 de outubro

  • A companhia é a maior compradora de gás do mercado brasileiro, com 9,3 milhões de m³/dia firmes sob contrato em 2025. 

Renovação das concessões. Depois de dois adiamentos, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu recomendar a renovação do contrato de distribuição da EDP Espírito Santo. O próximo passo é a análise do Ministério de Minas e Energia. Os termos aprovados pela agência deverão pautar a renovação das próximas 18 distribuidoras com contratos a vencer até 2031.

Reajuste da Light. O diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, pediu vista no processo de revisão tarifária da Light, na pauta da reunião de terça-feira (29). Ele apontou “surpresa” envolvendo crédito tributário.

  • A Light pode ter que repassar à Receita valor do PIS/Cofins apurado indevidamente. A área técnica apontou para um componente financeiro negativo de R$ 1,4 bilhão referente aos créditos de Pis/Cofins. 

Acordo na Eletrobras. A Assembleia Geral Extraordinária (AGE) da Eletrobras aprovou na terça-feira (29) o acordo de conciliação entre a ex-estatal e a União, que encerra uma disputa do governo por maior voz dentro da empresa. Com o acordo, o governo passará a ter direito a indicar diretamente três membros para o Conselho de Administração da companhia e um membro para o Conselho Fiscal.

  • Em troca, a Eletrobras fica desobrigada de investir nas obras da usina nuclear de Angra 3.
  • A AGE elegeu o novo conselho, incluindo o diretor da Petrobras, Maurício Tolmasquim, que deve deixar o cargo na petroleira. (Valor Econômico).
  • Os acionistas também aprovaram a alteração no critério de desempate de matérias deliberadas no colegiado. 

Apagão na Europa. As operadoras espanholas e portuguesas normalizaram a rede após 24h do incidente que afetou Espanha e Portugal na segunda-feira (28). Em Portugal, a companhia elétrica EDP afirmou que o fornecimento de eletricidade foi totalmente restabelecido nas redes de distribuição do país.

Causas ainda em apuração. Para a Rystad Energy, o apagão de grandes proporções que atingiu a Península Ibérica e também partes da França evidenciou a dificuldade da Espanha de equilibrar o fornecimento intermitente das renováveis, além da falta de flexibilidade e da alta dependência de importações do sistema elétrico de Portugal. 

  • De acordo com a analista sênior da empresa Pratheeksha Ramdas, o blecaute destacou a forte dependência elétrica dos países e a vulnerabilidade do sistema na região.
  • As causas exatas ainda estão sendo investigadas pelos operadores dos sistemas nacionais.

Opinião: Para alcançar todo o seu potencial, o Open Energy precisará de mais do que a boa vontade da Aneel e do governo, dependerá também de uma atuação responsável e ativa das empresas responsáveis por sua execução, escreve o advogado, consultor político e especialista em Regulação na Lemon Energia, Clinger Barros.

EUA querem cadeia de baterias. De acordo com a American Clean Power Association, empresas do segmento poderiam investir até US$ 100 bilhões na construção e aquisição de baterias de rede fabricadas nos EUA.

  • O objetivo é reduzir a dependência da China nessa tecnologia e, até 2030, abastecer todos os projetos de armazenamento do país com conteúdo produzido internamente.
  • Antes disso, porém, o setor faz um apelo: a adoção de políticas fiscais e tarifárias estáveis — incluindo a manutenção, no curto prazo, da possibilidade de importar baterias e materiais da China e de outros países.

Mineração submarina. The Metals Company USA (TMC USA) apresentou pedidos de licença de recuperação comercial e de duas licenças de exploração mineral no Pacífico à gestão de Donald Trump, nos Estados Unidos. É o primeiro do tipo no mundo. A subsidiária estadunidense da TMC tenta contornar uma discussão em andamento na Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, em inglês).

Baixo orçamento para transição. Sede da cúpula climática das Nações Unidas em 2025, a COP30, o Brasil quer mostrar ao mundo seu protagonismo na transição energética e descarbonização da economia, mas faltam recursos e coordenação na Esplanada dos Ministérios, aponta um levantamento publicado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).

Apelo por financiamento climático. Reunidos no Rio de Janeiro, os Ministros das Relações Exteriores do Brics divulgaram na terça (29/4) um documento em que defendem o financiamento climático e a industrialização de minerais críticos em países do Sul Global

  • Atualmente, o bloco é formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Emirados Árabes, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e, mais recentemente, Indonésia.
  • O grupo também divulgou um outro documento rejeitando o Mecanismo de Ajuste de Carbono na Fronteira da União Europeia (CBAM, na sigla em inglês) e defendendo o fortalecimento da parceria entre os membros no mercado de carbono.

Newsletter comece seu dia

Inscreva-se e comece seu dia bem informado sobre tudo que envolve energia