NESTA EDIÇÃO. Petrobras importa as primeiras cargas de gás de Vaca Muerta.
Lula e Trump conversam sobre tarifas.
MME amplia prazo de consulta sobre mercado livre de energia que inclui discussão de supridor de última instância.
Governo alemão anuncia pacote para descarbonização industrial com a opção de captura e armazenamento de carbono.
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Petrobras entra no jogo da importação do gás argentino, de olho na competitividade
A Petrobras confirmou o início dos primeiros testes para a importação do gás natural não convencional de Vaca Muerta, na Argentina, para o Brasil.
- Ao todo, foram importados 100 mil de m³, produzidos pela subsidiária Petrobras Operaciones S.A. (Posa) e pela Pluspetrol na Bacia de Neuquén.
- A importação integra um acordo de suprimento celebrado com a Gas Bridge — comercializadora da Pluspetrol no Brasil. Pelo contrato, a Petrobras pode importar até 2 milhões de m³/dia, na modalidade interruptível.
- O objetivo foi testar o arcabouço comercial e operacional, segundo a companhia.
É a estreia da estatal nessas transações, que começaram em abril, quando a Matrix Energy trouxe o gás negociado com a TotalEnergies. Desde então, outras operações pontuais vêm ocorrendo.
A entrada da Petrobras nesse mercado é um sinal importante da aposta de um aprofundamento na integração energética Brasil-Argentina a partir do gás.
- Vale lembrar que a estatal foi uma das peças-chave para a integração entre o Brasil e a Bolívia no início dos anos 2000, com a construção do Gasbol e os contratos de suprimento de longo prazo.
- Na época, a companhia desempenhou um papel importante nas estratégias de política externa do Brasil na região.
Mas, desta vez, a Petrobras vem indicando que o gás argentino vai ser uma opção adicional para o portfólio de suprimento.
- A companhia já demonstrou interesse em atuar como carregadora do gás argentino para o Brasil para ajudar a destravar os investimentos necessários em infraestrutura.
- Mas não está disposta a fazer isso sozinha: “Eu acho que um pool de carregadores poderia fazer o destravamento desse investimento”, disse a diretora de Transição Energética e Sustentabilidade da estatal, Angelica Laureano em entrevista ao estudio eixos em setembro.
- “A Petrobras está sempre olhando oportunidades. Eu quero ter um gás competitivo no meu mercado. Se o gás competitivo for o da Argentina, traremos o da Argentina. É questão de competitividade”, acrescentou.
Os investimentos necessários em infraestrutura, de ambos os lados da fronteira, são um os principais gargalos. Por enquanto, as cargas estão chegando pelo Gasbol, através da fronteira com a Bolívia, mas há limitações para volumes maiores.
- A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) indica que a rota prioritária para o Brasil ampliar a importação de gás natural da Argentina é por meio da conclusão do projeto original de integração, via Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. O investimento é estimado em R$ 8,9 bilhões.
Por falar em Petrobras… A estatal também assinou contratos para o avanço do projeto de produção de combustíveis no Complexo de Energias Boaventura (antigo Comperj), em Itaboraí (RJ). Os acordos totalizam R$ 9,6 bilhões e fazem parte da integração do projeto com a Reduc, anunciado em julho.
- A companhia também fechou novos contratos de afretamento para embarcações de apoio com a Bram Offshore, num total de R$ 10,2 bilhões. Os navios do tipo ROV serão construídos no estaleiro Navship, em Navegantes (SC).
Preço do barril. O petróleo fechou em alta na segunda-feira (6), após a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+) elevar a produção em nível menor que o esperado. Tensões geopolíticas também contribuíram.
- O Brent para dezembro subiu 1,45% (US$ 0,94), a US$ 65,47 o barril.
Primeiro telefonema. O presidente Lula (PT) pediu ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retire as tarifas sobre produtos brasileiros, na primeira conversa entre os líderes após a imposição das taxas. Segundo o Planalto, o diálogo por telefone nesta segunda-feira (6/10) teve tom amistoso e durou cerca de 30 minutos.
Abertura de capital. A EDF Power Solutions avalia abrir o capital de subsidiárias na América do Norte e no Brasil como parte da estratégia de desenvolvimento internacional. O grupo se posicionou após a Reuters publicar reportagem dizendo, com base em fontes, que a empresa busca até R$ 2 bilhões com a venda de uma usina termelétrica no Rio de Janeiro (Reuters/CNN)
Mercado livre. O MME adiou os prazos finais das consultas públicas sobre abertura do mercado livre de energia para os consumidores de baixa tensão para 17 de novembro. A discussão inclui também as regras para as atividades do Supridor de Última Instância, pleito antigo do setor.
- O ministério também ampliou até 21 de outubro o fim da consulta sobre as diretrizes para implantação de medidores inteligentes no Brasil.
Opinião: Se conseguirmos alinhar talento, infraestrutura e energia, não apenas teremos condições de atrair investimentos de peso, mas poderemos nos posicionar como líder global da nova economia verde, escreve a diretora de Transformação Industrial do Instituto E+ Transição Energética, Stefania Relva.
Agenda de Ação. O Brasil pretende fazer da Agenda de Ação o foco da sua presidência na COP30, em Belém, no tema da energia, consolidando as vitórias conquistadas no G20 do ano passado, na articulação em torno da transição justa e equitativa.
- A estratégia é usar a plataforma voluntária para transformar compromissos multilaterais já assumidos em outras COPs em resultados concretos e mensuráveis, em documento paralelo ao acordo final.
Alemanha aposta no CCS. O governo alemão divulgou na segunda (6) um pacote de 6 bilhões de euros para financiar a descarbonização industrial e prevê incluir, pela primeira vez, a tecnologia de captura e armazenamento de carbono (CCS) no acesso a recursos climáticos. Veja os detalhes em diálogos da transição.
Disputa no hidrogênio europeu. A União Europeia se encontra em um dilema em que precisa, ao mesmo tempo, criar um mercado doméstico capaz de sustentar sua indústria de eletrolisadores e manter sua credibilidade como líder climática global. Leia na coluna de Gabriel Chiappini.
Opinião: Partes envolvidas na negociação de contratos de compra e venda de gás devem avaliar quais soluções são mais adequadas para seu negócio e redigir cláusulas que evitem conflitos futuros, escrevem a sócia e o advogado de Infraestrutura e Energia, Petróleo e Gás do Machado Meyer Advogados, Maria Fernanda Soares e Gabriel de Andrade Cavalcanti.