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Petrobras define, enfim, embarque na geração renovável com braço de energia da bp

Parte do portfólio poderá fornecer energia para as operações da estatal

Planta piloto de hidrogênio verde da Petrobras será instalada na usina solar Alto Rodrigues, no Rio Grande do Norte (Foto Luiz Fernando Fontenele/Agência Petrobras)
Planta piloto de hidrogênio verde da Petrobras será instalada na usina solar Alto Rodrigues, no Rio Grande do Norte (Foto Luiz Fernando Fontenele/Agência Petrobras)

NESTA EDIÇÃO. Petrobras entra em geração solar fotovoltaica em parceria com a bp. 
 
Cotação do petróleo volta às casa dos US$ 50.
 
Silveira vai pedir à Aneel caducidade do contrato da Enel em SP. 
 
Tereos e Atlas Agro fecham acordo para fertilizantes a partir de hidrogênio verde
 
Definições sobre políticas para data centers e IA ficam para 2026.


EDIÇÃO APRESENTADA POR:

Depois de mais de dois anos de discussões internas sobre a estratégia da Petrobras para  entrar na geração de energia renovável, a estatal escolheu a solar fotovoltaica para marcar a estreia e fechou o primeiro grande negócio, com a aquisição de uma participação minoritária na Lightsource bp

  • A estatal passa a formar uma joint venture com o braço de renováveis da petroleira britânica no Brasil, com um portfólio de 6 GW de geração solar em desenvolvimento
  • A petroleira brasileira terá 49,99% de participação, mas a gestão será compartilhada.
  • Por enquanto, há apenas uma planta em operação, a usina solar fotovoltaica de Milagres, no Ceará, com 212 MWp de capacidade instalada. O projeto já tem toda a energia vendida no mercado até 2027. 
  • Segundo fontes, há possibilidade de que parte do portfólio em desenvolvimento forneça energia elétrica para as operações próprias da Petrobras, no modelo de autoprodução. 

No anúncio do acordo, a Petrobras cita a expectativa de criar uma “plataforma que pode agregar novos negócios em renováveis, como armazenamento de energia”. 

A decisão chega poucas semanas após a diretoria da estatal indicar que a prioridade na área de transição energética seriam os bioprodutos, em detrimento de eólica e solar, devido aos cortes de geração elétrica (curtailment)

  • “Botar essa energia na rede para jogar fora não faz sentido. Só faz sentido ter solar se o offtaker formos nós mesmos”, disse a presidente da estatal, Magda Chambriard, durante o anúncio do Plano de Negócios 2026-2030, no final de novembro. 
  • Na ocasião, Chambriard destacou que a instalação de geração solar seria prioritariamente nas refinarias, para consumo próprio — possibilidade contemplada no acordo anunciado com a bp.
  • Relembre: Solar e eólica no fim da fila; gasoduto em Sergipe e avanço em fertilizantes: os destaques do plano da Petrobras

A companhia já vinha desenvolvendo projetos de plantas solares nas unidades de refino, com a intenção de instalar 56 MW até 2027

  • O planejamento até 2030 prevê US$ 13 bilhões em investimentos em transição energética, sendo US$ 1,8 bilhão para projetos de geração solar e eólica terrestres, além de US$ 4,8 bilhões em bioprodutos. Veja o plano na íntegra.  

Promessa do terceiro governo Lula (PT), depois do foco exclusivo no óleo, gás e combustíveis nos governos anteriores, a incorporação na Petrobras de projetos de energia renovável foi alvo de disputas internas nos últimos anos. 

  • No primeiro plano de negócios do governo, elaborado em 2023, o então presidente da estatal, Jean Paul Prates, defendeu a entrada da companhia como sócia minoritária em projetos já existentes, para ganhar experiência. 
  • Na época, a estratégia recebeu críticas, devido à expectativa de que a companhia entrasse no desenvolvimento de novos projetos do zero (greenfield)
  • Desde então, a Petrobras fechou diversos acordos de confidencialidade (NDAs) e memorandos de entendimento (MOUs) nessa área, inclusive com outras petroleiras, como a Shell (com foco em captura e estocagem de carbono) e a Equinor (com foco em eólicas offshore). 


Segundo dia de greve. A greve nacional dos trabalhadores da Petrobras entrou no segundo dia, na terça-feira (16/12), com ampliação da adesão e a entrada de novas bases, incluindo unidades no Ceará, segundo a FUP. O movimento avançou para novas refinarias, plataformas, terminais e usinas de biodiesel.

  • A ANP descartou riscos sobre o abastecimento de combustíveis, por ora. A agência, contudo, está monitorando a situação caso uma resposta seja necessária. 

Barril na casa dos US$ 50. O petróleo caiu na terça-feira (16/12), com o Brent tocando menor valor desde maio deste ano (US$ 54,89), em meio à expectativa de um acordo em breve para o conflito entre Rússia e Ucrânia.

  • O Brent para fevereiro caiu 2,71% (US$ 1,64), a US$ 58,92 o barril

EUAxVenezuela. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou o bloqueio total do trânsito de todos os navios petroleiros sancionados em águas na costa da Venezuela. 

  • Segundo publicação de Trump nas redes sociais, o país caribenho está sob o maior cerco militar dos EUA na América do Sul.  

Caducidade na Enel. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o prefeito da capital, Ricardo Nunes (MDB), disseram que vão acionar a Aneel para iniciar o processo de caducidade do contrato com a Enel, após os problemas no fornecimento nos últimos dias. 

Enquanto isso, clima segue extremo. A Aneel determinou às distribuidoras de eletricidade que atuam nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro que reforcem seus planos de contingência, considerando alerta de eventos climáticos severos para os próximos dias. 

  • Os planos devem contemplar mobilização adicional de equipes para atuar na recomposição do sistema de distribuição em caso de falhas. 

Reforço na transmissão. O ONS identificou a necessidade de 5,3 mil quilômetros de novas linhas de transmissão até 2030, com investimentos estimados em R$ 28,1 bilhões, segundo o Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do Sistema Interligado Nacional (PAR/PEL).

  • Do total, R$ 22,7 bilhões correspondem a empreendimentos indicados pela primeira vez pelo operador para o reforço do sistema. 

Opinião: Soluções de armazenamento de energia são um caminho sem volta, por aliar dois pilares essenciais não só para os brasileiros, mas para o mundo todo: a busca por soluções sustentáveis e a garantia da segurança energética, escreve o diretor-executivo da SolaX Power no Brasil, Gilberto Camargos.

Hidrogênio para fertilizantes… A Tereos, produtora de cana-de-açúcar, etanol e energia, e a Atlas Agro fecharam um acordo que garante acesso prioritário para a aquisição de fertilizantes que serão produzidos no projeto Uberaba Green Fertilizer.

  • A Atlas Agro desenvolve um projeto de produção de fertilizantes a partir de hidrogênio verde em Uberaba (MG).  

… e no ES. O governo do Espírito Santo assinou um protocolo de intenções com a Axia Energia (ex-Eletrobras) para estudar a implantação de uma planta de hidrogênio verde.

Regulação dos gasodutos. A Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) aprovou um projeto de lei para reforçar a competência do estado sobre a regulação dos gasodutos de distribuição. É uma resposta à ANP, que propôs este ano limites técnicos de diâmetro e pressão para classificação de gasodutos como de transporte.

  • A concessão capixaba de gás canalizado foi privatizada pelo governo de Renato Casagrande (PSB) em 2023 e é operada pela ES Gás, controlada pela Energisa.  

Biometano na rede. As primeiras cidades do Paraná abastecidas por uma rede de gasodutos local abastecida por biometano são Londrina e Cambé

  • Ao todo, a Compagas, a distribuidora estadual de gás canalizado, investiu mais de R$ 10 milhões no projeto. 

Plano Clima aprovado. O governo brasileiro conseguiu aprovar, na segunda (15), o principal instrumento para guiar o cumprimento das metas climáticas assumidas pelo país até 2035, o Plano Clima, contornando divergências que travaram a apresentação do documento na COP30. Veja os detalhes na newsletter diálogos da transição

Opinião: Embora o Fundo Tropical de Florestas (TFFF) seja um salto, ele não é uma bala de prata para o enfrentamento da crise climática, escrevem o CEO do Impacta Finanças Sustentáveis, Felipe Vignoli, e o analista Lucas Formigoni.

Políticas para data centers e IA só em 2026. A discussão sobre a criação definitiva do Redata ficará para 2026, junto com a definição de um marco legal para a inteligência artificial.

  • Na Câmara dos Deputados, os temas estão sob análise do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP/PB), relator do PL 2338/2023, já aprovado pelo Senado. O texto, no entanto, ainda carece de acordo entre governo e Congresso.

Gás do Povo também pro ano que vem. A resistência na Câmara e no Senado com iniciativas que beneficiam a campanha de reeleição do presidente Lula, além das próprias prioridades do Planalto para os últimos dias de votações no Congresso Nacional ameaçam jogar a MP 1313, do programa Gás do Povo, para 2026.
 
Combate aos crimes nos combustíveis. O relator do PLP 109/2025, Otto Alencar Filho (PSD/BA), recuou da proposta apresentada na semana passada e, em novo relatório, apresentou um texto que assegura o acesso da ANP a dados fiscais, em linha com o Ministério da Fazenda. 

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