NESTA EDIÇÃO. O resumo do primeiro dia da ROG.e: Petrobras avança no retorno aos fertilizantes. Ministro assina portarias do Potencializa E&P e Comitê do Gás. Os desafios no afretamento de plataformas.
O futuro do mercado livre de gás. A presidente da Abiogás comenta o mandato do biometano no Combustível do Futuro.
Incentivos para o hidrogênio podem ajudar projetos de eólicas offshore.
Eneva autorizada a importar energia da Venezuela. E a participação da Eletrobras no programa de resposta da demanda.
EDIÇÃO APRESENTADA POR
Petrobras avança no retorno aos fertilizantes
Promessa. A Petrobras está avançando nos movimentos para o retorno às atividades de produção de fertilizantes.
A companhia deve levar até março ao conselho de administração a decisão sobre a retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN 3), em Três Lagoas (MS). A previsão é que o projeto possa demandar até R$ 3,5 bilhões em investimentos.
Em paralelo, a estatal também iniciou a licitação para a retomada das operações na Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), no Paraná.
- Há conversas em curso para a entrada de um parceiro na UFN 3.
- Na Ansa, a companhia deve seguir sozinha.
São movimentos para a retomada da atuação da empresa no setor de fertilizantes, uma das promessas do terceiro governo Lula.
- A estatal reduziu a atuação nessas áreas nos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL), quando passou a focar apenas em ativos de exploração e produção de petróleo em águas profundas.
Em entrevista ao estúdio eixos durante a ROG.e, na segunda-feira (23/9), o diretor executivo de Processos Industriais e Produtos da Petrobras, William França, ressaltou que as quatro plantas de fertilizantes da Petrobras, somadas, produzem 3,5 milhões de toneladas por ano de ureia.
O volume equivale a metade do que o país importa hoje desse fertilizante.
Entretanto, segue sem horizonte a retomada das operações das fábricas de fertilizantes da Bahia e Sergipe, arrendadas à Unigel.
- As empresas ainda têm conversas para viabilizar a operação das plantas.
- A primeira tentativa de retomada, por meio de um acordo de tolling (industrialização sob encomenda), travou depois que o TCU apontou irregularidades e as empresas não conseguiram cumprir as condições precedentes do contrato.
Potencializa E&P e Comitê do Gás. Em acenos à indústria de petróleo e gás, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), assinou as portarias executivas que criam o programa Potencializa E&P e o Comitê de Monitoramento do Setor de Gás Natural (CMSGN), durante a abertura da ROG.e.
Medidas para adiar devolução de campos e descomissionamento. Após a assinatura da portaria do Potencializa E&P, o secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Pietro Mendes, afirmou que a política energética brasileira precisa dar estímulos para extrair “até o último barril”, em referência à produção em campos maduros e marginais. Segundo o secretário, serão criados subcomitês dentro do programa para tratar de questões regulatórias, de meio ambiente, fomento e desenvolvimento das atividades.
Desafio no afretamento de plataformas. A busca por investimentos menos emissores de carbono tornou mais difícil para a indústria de petróleo e gás acessar as instituições financeiras. O cenário tem impactado a contratação de plataformas pelo modelo do afretamento, segundo o CEO da Modec no Brasil, Katsuyuki Imaizumi. Em busca de voltar a participar das próximas licitações da Petrobras, a empresa tem travado conversas com a estatal atrás de novas soluções financeiras para futuros projetos.
Petrobras contrata sondas para Roncador. A Petrobras assinou contratos com a Constellation para o afretamento e prestação de serviços de duas sondas que vão conduzir campanhas de perfuração no campo de Roncador, na Bacia de Campos. Os acordos, no valor de R$ 1 bilhão, entram em vigor em 2025.
Mercado livre de gás vai engrenar. O mercado livre de gás está em um processo “bem franco e claro” para engrenar, na visão do gerente executivo de Gás e Energia da Petrobras, Álvaro Tupiassu. Ele cita movimentos de tomada de preço que os clientes vêm promovendo como forma de diversificar supridores.
Impactos a longo prazo. A consultora independente e ex-presidente da BP Brasil, Ieda Gomes acredita que as medidas previstas no decreto do programa Gás para Empregar terão repercussão a longo prazo. Ela cita, ainda, que as infraestruturas, como transporte, escoamento e tratamento dependerão de um planejamento por parte da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Mandato do biometano. O cumprimento do mandato de biometano previsto no projeto de lei do Combustível do Futuro vai exigir certificados de garantia de origem com rastreabilidade, credibilidade e fungibilidade, segundo a presidente da Associação Brasileira do Biogás (Abiogás), Renata Isfer. Ela classifica este desafio como “especialmente importante” para a aceitação de produtos exportados que queiram aproveitar taxas reduzidas para produtos de baixa pegada de carbono.
Taxa sobre petroleiras. Enquanto isso, na Climate Week em Nova York, a ONG ambiental Climate Group propôs uma lista de tarefas para governos e empresas fecharem a lacuna de emissões, entre elas, a taxação de companhias de óleo e gás. A intenção é garantir que os poluidores paguem, a começar pelo G20.
- “O G20 deveria concordar com um novo imposto mínimo de importação de óleo e gás. Alguns dólares por barril levantariam centenas de bilhões de dólares para apoiar a transição. A cada trimestre, as companhias de O&G estão anunciando bilhões em lucros sem investir isso em transição”, diz o comunicado.
Transição vai custar US$ 1,3 tri. Para se manter em trajetória de emissões líquidas zero até 2050, o Brasil precisará investir cerca de US$ 0,5 trilhão em energias renováveis, para atender à eletrificação de setores intensivos em energia e carbono, como transporte, construção e indústria. A expansão de redes para escoar toda essa geração renovável demandará mais US$ 0,5 trilhão, aproximadamente, enquanto o hidrogênio de baixo carbono deve movimentar cerca de US$ 0,1 trilhão no período, calcula a BloombergNEF.
Sem ESG. Levantamento do TCU para avaliar práticas socioambientais das organizações públicas mostra que a grande maioria (74%) ainda não adota medidas para compensar a emissão de gases de efeito estufa. Entre as 387 organizações da administração federal, 60% ainda estão em estágios iniciais de ações de sustentabilidade ambiental e social e só 43% implementam iniciativas de prevenção e combate ao assédio.
Itália antecipa meta. A Itália apresentará uma proposta oficial esta semana para antecipar para o ano que vem a revisão planejada pela União Europeia da proibição à venda de novos carros com motor de combustão interna a partir de 2035. Segundo o ministro da Indústria, Adolfo Urso, a proposta será discutida na quarta e apresentada oficialmente na quinta, em uma reunião de ministros da indústria da UE. (Reuters)
Incentivos ao hidrogênio ajudam eólicas offshore. Os incentivos do marco legal do hidrogênio, recém aprovado no Brasil, também podem ser importantes para o desenvolvimento das eólicas offshore, avalia Roberta Cox, diretora de políticas do Global Wind Energy Council (GWEC). A executiva destacou a urgência de aprovação de leis de incentivo à transição energética no país.
Energia elétrica da Venezuela. O MME autorizou a Eneva a importar energia da Venezuela. O objetivo é reduzir a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que financia o suprimento em sistemas isolados. A companhia também recebeu autorização para importar energia a partir da Argentina e do Uruguai.
Resposta da demanda. A Eletrobras apresentou uma oferta de 80 megawatts (MW) de redução de consumo no programa de resposta da demanda. A empresa atua como agregadora e representou um cliente que diminuiu voluntariamente a carga nos dias 14, 16 e 17 de setembro. Foi a primeira vez em que um agregador representou um cliente no programa que remunera consumidores pela diminuição do consumo durante os horários de pico.
Mercado livre. Mais de 16 mil consumidores migraram para o mercado livre de energia de janeiro a agosto de 2024, o dobro do que foi registrado em todo o ano de 2023, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Entre as empresas recentemente inseridas no ambiente livre de contratação, 72,6% são pequenos e médios negócios.